DISCURSOS DE ÓDIO, expressões e gírias

discursos de ódio

Expressões e gírias do racismo ambiental são discursos de ódio analíticos. A sociedade brasileira ainda impregnada deles, abertos ou dissimulados, tem a origem no preconceito. Alguns resistem ao tempo, até parece que perderam sua conotação racista, mas não nos enganemos: eles continuam recheadas de discriminações.

Uma preestabelecida guerra aberta contra os negros, que com o tempo parece permeá-lo de tréguas pacificadoras, mas que retornam de maneira agressiva num piscar de olhos e todos os dias temos notícias estarrecedoras de mortes violentas de pessoas negras(71%). A cada 23 minutos um jovem negro é assassinado. Vítimas de balas perdidas ou intencionais, sempre aumentam as estatísticas que falam destas atrocidades.

A população que se declara negros e pardos, perfaze 54% dos eleitores do país, mas não tem como cobrar seus direitos pelas dificuldades que lhes são impostas, pela ausência de políticas públicas para lhes alicerçarem e pelo desinteresse geral que existe na minoria que detém o poder em favorecê-los. Os negros não tem representatividade.

Como faremos para assegurar um futuro de igualdade de oportunidades que lhes devolva a dignidade que lhes foi roubada? Os brancos escravizaram os negros não por serem racistas, mas por serem preguiçosos. Manter o país dividido entre negros e brancos é perpetuar as injustiças engendradas nos 300 anos de escravidão, uma das últimas a serem abolidas no mundo. Apesar que atualmente o tal trabalho ‘análogo’ à escravidão tem sido descoberto em diversos lugares. Escravidão que conserva as mesmas rudezas das características. Atualmente são escravizados brancos pobres, indígenas, mestiços e principalmente negros. Não mudou nada. Ninguém respeita leis neste país.

Sempre muito triste este capítulo da discriminação sofrida por esta maioria da sociedade, que na impossibilidade de não poder estudar como os brancos, fez com que aceitassem trabalhos mais humildes e são expostos a uma morte precoce e violenta. Hoje, no Brasil, a grande maioria das domésticas são negras e pardas. É bom lembrar que o vocábulo ‘doméstica’ deriva de escravos que deveriam ser domesticados, como se fazia com animais de carga.

A linguagem cotidiana muitas vezes nos trai. Expressões coloquiais cheias de discriminação contra negros. Basta recordar como passar um “dia negro”, ter um “lado negro” ou ser a “ovelha negra” da família, praticar “magia negra”. Dizem que o o preto é a cor do pecado. Usamos o verbo “denegrir” que significa “manchar” uma reputação que era limpa, o preto suja.

A linguagem nunca é inocente e as vezes, palavras carregam uma forte carga de dor e agressão. Escondem discursos de ódio. Quando, por exemplo, uma senhora fala para uma jovem negra que ela “tem alma branca”. Até no xadrez as primeiras peças que se movem são as brancas. O branco é que dá sorte, não a preta. Na África negra, os anjos são brancos como a neve. Contam que missionários europeus diziam que se os africanos se tornassem cristãos e se comportassem bem, seriam brancos no céu.

Outras expressões, gírias e discursos de ódio deveriam serem banidos do vocabulário coloquial ou punidos cada vez que fossem falados aleatoriamente ou com intenção de ferir: ‘Chiclete de onça’, ‘preto quando não caga na entrada, caga na saída’. Dispensam comentários. Para colaborar com a mudança no país existem escolas, enciclopédias, experiências. Fortes críticas aos costumes burgueses. Motivação e oportunidade, ambições simples, objetivos auspiciosos. Sempre acreditei também que a poesia pode nos liberar das sombras do racismo enraizadas no nosso inconsciente coletivo.

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A negritude esta presente no seio da humanidade e na alma brasileira. Não há saudade, só alegria. Depois da Lei Áurea, depois das alforrias. A vergonha ficou para a história. E quem tiver memória trate logo de esquecer. Negritude não é só sofrimento. É o que faltava para colorir. O mundo, nossas vidas, melhorar o astral. Com festas, artes, comidas. Muita fé e esperança no amanhã. Crime contra negro é a de negrigência social.(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

LUIZ ALBERTO CARLOS

Natural de Jundiaí, é poeta e escritor. Contribui literariamente aos jornais e revistas locais. Possui livros publicados e é participante habitual das antologias poéticas da cidade.

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