A Diocese de Jundiaí está fazendo uma campanha para “ajudar os servos de Deus a se elevarem às honras dos altares”. Na prática, a ação é para que o Vaticano passe a considerar beatos três candidatos da região de Jundiaí – entre elas o primeiro bispo da cidade, Dom Gabriel Paulino Bueno Couto. Os outros servos são: padre Bento Pacheco, de Itu, e a saltense Maria de Lourdes Guarda. Enquanto, a parte burocrática segue sendo analisada em Roma, a Diocese procura um milagre de Dom Gabriel. Várias graças já foram confirmadas. Mas o que é procurado agora é algo inexplicável, assombroso, um milagre sem explicações para que o processo seja finalmente concluído. O Jundiaí Agora entrevistou o padre Márcio Odair Ramos(foto abaixo), vigário judicial da Diocese:
Por que é preciso fazer uma campanha de arrecadação ‘para os servos se elevarem as honras dos altares’?
Na Igreja Católica a causa da canonização de uma pessoa que viveu de maneira extraordinária, no dom de Deus, é processo judicial. A Igreja tem um trâmite necessário para que se comprove uma certeza moral a respeito da vivência destes dons sobrenaturais que vêm de Deus. A causa de canonização é dividida em duas etapas. A primeira é a diocesana, no lugar onde o servo viveu. Nela, são revistas todos os detalhes da trajetória da pessoa, são ouvidas pessoas que tiveram contato com o servo. São analisados todos os escritos dela. É feita uma investigação histórica e da produção intelectual para checar se a fama de santidade é sustentada também na veracidade da vida do candidato. A segunda fase é a romana. Os documentos são entregues, após as primeiras investigações, à Congregação da Causa dos Santos que dá continuidade ao processo. Tudo é avaliado por um profissional, o ‘postulador’. É feito um trabalho de defesa das virtudes elencadas. As causas têm custos já que existem profissionais envolvidos. Há situações que precisam de perícias. Então são necessários médicos. É preciso estudar a biografia. São necessários historiadores. Para analisar a produção intelectual são necessários teólogos, além dos funcionários de Roma que precisam dos salários para viver. É por isso que uma causa de canonização precisa de dinheiro. A diocese, quando entra com uma causa no Vaticano, precisa patrocinar todo este trabalho. Isto ocorre a partir da doação das pessoas, da generosidade de quem fez uma oração a Dom Gabriel ou aos outros servos de Deus da Diocese e receberam uma graça. Como forma de retribuição podem fazer donativos.
Quanto precisam e quanto pretendem arrecadar?
Não é possível precisar isto. O processo tem data para começar. Mas não tem data para terminar. As vezes demoram muito tempo já que um único lugar administra todas as causas. Nós que acreditamos na santidade dos servos aqui da Diocese, rezamos pedindo milagres. Todo processo de beatificação pode ser abreviado com surgimento de um milagre, com uma graça extraordinária por parte da intercessão destes irmãos. Se isto ocorrer, esta graça também passará por uma nova investigação. Temos recebido muitos relatos de intercessão dos servos da Diocese de Jundiaí. Mas são graças recebidas que dão conforto espiritual e físico. Precisamos, agora, de um milagre, de algo inexplicável aos olhos humanos para comprovar a santidade destas pessoas.
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Com muitas doações e o processo tendo andamento, é certo que dom Gabriel será elevado à condição de beato?
Para o processo do Dom Gabriel, que também está na fase romana, é preciso que os fiéis intensifiquem as orações. Temos muitos relatos atribuindo graças ao primeiro bispo da cidade. Algumas são muito grandes e bonitas. Mas precisamos verificar se entram no critério de milagre. Por enquanto isto ainda não aconteceu. Acreditamos que, com a graça de Deus, isto não tardará. Não há um tempo determinado. Precisamos continuar orando, tendo confiança…
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