Essa é uma pergunta que cabe em infinitos contextos: Cadê a educação? Onde está a educação quando observamos um jovem ignorar a necessidade imediata de um idoso? Onde está a educação dos filhos em relação aos pais? Onde está a educação ao ultrapassar um carro lento pela direita ou em faixa dupla, ou um motoqueiro rodar em cima da faixa de divisão das pistas?
Vou parar por aqui, porque serão muitas perguntas relativas à educação que se confundirão com aquela recebida na escola e no conforto do lar. Não vou falar sobre a educação oferecida pela família porque esta se relaciona totalmente à educação formal, pois pais com baixa instrução, ou de má qualidade, se relacionam com seus filhos da mesma forma e assim por diante num ciclo infinito decadente (com raríssima exceções que eu mesma posso atestar).
Preocupada com o rumo que a educação brasileira estava tomando antes mesmo da pandemia da Covid-19 atropelar todos os segmentos de forma global (alguns se beneficiaram, mas a maioria esmagadora foi trucidada) passei a pesquisar o que os países com os melhores índices educacionais fazem.
Bem, uma coisa que ficou clara: se o governo assumir que formar/educar a população é um direito do indivíduo e um dever do Estado e não somente palavras bonitas escritas no grande livro da Constituição, a coisa anda. Temos dinheiro. Somos os maiores pagadores e impostos do mundo! Basta que esse dinheiro chegue aonde tem que chegar. Simples assim.
É preciso um enorme investimento principalmente nos primeiros anos. Países como Japão, China (mesmo com suas peculiaridades de afunilamento a cada etapa do ensino), Canadá, Finlândia e Suíça oferecem gratuitamente escolas públicas até o ensino médio. No ensino superior a cada U$ 1,5 investido são investidos U$ 1 no básico. Nos países em desenvolvimentos os números são bem diferentes: chegam a 5 para 1.
Qual o segredo desses países para ter taxas de abandono tão baixas? Na China e Finlândia chega próximo a 0% até o ensino médio. O que esses países fazem para estimular esses alunos? Os professores? E os pais? (prometo discutir sobre isso no próximo artigo).
Alguns apostam na competitividade, caso da China, mas a maioria aposta em incentivos pesados na promoção da cultura “estudar vale a pena” tanto para alunos quanto professores, pois quem leciona é incentivado a fazer atualizações periódicas e melhorar seu currículo, afinal, já foi comprovado que professores excelentes catapultam o desempenho dos seus alunos à estratosfera (veja infográfico abaixo) e é nisso que os países com melhor desempenho (segundo o PISA) investem: em excelentes profissionais, sendo que os melhores dos melhores estão alocados no ensino básico.
Infelizmente no inconsciente (ou consciente, sei lá) coletivo brasileiro “estudar não vale a pena”. Acompanhe os números do infográfico abaixo sobre a remuneração dos mais diversos profissionais no Brasil.
Alguém aí se surpreendeu com a última colocação dos professores universitários? Eu não. Embora em muitos dos países supracitados a remuneração do professor não seja um diferencial, sua reputação e valorização é. O que faz toda a diferença na hora de escolher seguir essa profissão e se dedicar à ela.
Usarei as palavras literais do economista Ricardo Amorim para explicar o gráfico acima, por que ficaram perfeitas:
“Como um país pode se desenvolver e gerar riqueza para sua população quando ser dirigente de partido político é profissão – e uma das mais bem pagas – e as 5 profissões mais bem pagas são todas relacionadas a resolução ou mediação de conflitos e estão no setor público – além de donos de cartórios – e nenhuma está diretamente relacionada à geração de riqueza?!”
Outro gráfico (abaixo) da mesma fonte mostra uma comparação da remuneração entre os três poderes. Lembrando que não se exige grau de formação superior para ocupar um cargo político (nem no judiciário como na suprema corte, por exemplo, que não são eleitos, não passam em concurso público, são indicados ao cargo máximo da magistratura, mas muitos deles nem juízes são, alguns nem pela prova rigorosa da OAB passaram).
Observe que um sujeito que cursou o ensino médio e trabalha no legislativo ganha (em media) mais que outro com ensino superior no executivo, ou quase o mesmo que um indivíduo com ensino superior do judiciário.
Que mensagem esses gráficos passam? Na minha humilde opinião: a de que estudar não vale a pena, pois não preciso disso para ganhar mais do que a maioria dos brasileiros, que, segundo dados levantados pela 58ª Pesquisa Salarial da Catho, a média salarial do brasileiro é de R$ 2.340.
Tem um caminho muito longo a ser percorrido, mas tenho fé de que o rumo está certo quando olhamos para os melhores e nos sentimos impulsionados a ser como eles. Observo esse movimento no Brasil. Essa vontade de fazer melhor, mas também vejo limitações principalmente em vários lares que ainda enxergam o diploma só como um papel que dará oportunidade de ganhar melhor sem necessariamente ter todo o conhecimento que ele garante que o indivíduo adquiriu ao longo de 4 ou 5 anos.
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Portanto, o esforço será enorme e conjunto para alcançar a potencialidade das mentes brasileiras em formação e daí oferecer a elas um mundo de conhecimento que as tornará invencíveis na busca pelo seu espaço no mundo. Assim é que deveria ter sido. Sempre.
“A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original” – Albert Eistein(Ilustração: Adres – artsandculture.google.com)
ELAINE FRANCESCONI
Bacharel em Zootecnia (UNESP Botucatu). Licenciatura em Biologia (Claretiano Campinas). Mestrado (USP Piracicaba) e doutorado (UNICAMP Campinas) em Fisiologia Humana. Professora Universitária e escritora.
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