Uma saudável parceria entre o Instituto Unibanco, Fundação Carlos Chagas e o Fundo de Investimento Social – ELAS, realizou em 2016 um projeto interessante: Gestão Escolar para a Equidade: Elas nas Exatas. Entregou 30 mil reais a cada iniciativa desenvolvida em escola pública e destinada à inserção de meninas em carreiras ligadas às ciências exatas e naturais.
Dez iniciativas foram selecionadas e monitoradas pelo Fundo Social ELAS e avaliadas pela Fundação Carlos Chagas. Foram 173 projetos inscritos e 24 Estados brasileiros participaram. Um dos selecionados é de São Paulo, da Escola Estadual “Professor Quintiliano José Sintrângulo”, em Vila Carmosina, Zona Leste da Capital.
A partir de oficinas técnicas sobre o desenvolvimento de audiovisual – roteiro, filmagem, edição, etc., – quinze estudantes desenvolveram cinco webs séries sobre histórias de vida de mulheres negras nas ciências. Além disso, foram organizadas visitas técnicas à empresa de tecnologia e rodas de conversa para fomentar o debate sobre a importância da participação de mulheres afrodescendentes nas ciências.
Foi tamanho o sucesso que a iniciativa está inscrita para concorrer ao Prêmio para a Educação de Mulheres e Meninas da UNESCO, agência da ONU que escolherá dois projetos inovadores de indivíduos e organismos que levam ensino de qualidade para o universo feminino.
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Todos os projetos selecionados são interessantes e merecem ao menos menção: Performance-aula: história das mulheres nas ciências e nas tecnologias. Abrindo espaços para jovens mulheres na sociedade atual, de Florianópolis, “Virando o jogo” – transformação social para jovens e adolescentes mulheres no campo da tecnologia e ciências naturais de Natal, do Grupo Afirmativo de Mulheres Independentes do Rio Grande do Norte, “Tem Menina no Circuito”, realização de oficinas de circuitos elétricos no Rio de Janeiro, “Elas nas Ciências: Vivenciando um novo tempo de protagonismo e efetividade das alunas da Escola Deputado Joaquim de Figueiredo Correia em Iracema, Ceará, “Nativas Digitais”, de Cachoeira, na Bahia, “Mulheres na Engenharia”, de São João Del Rey, MG, “Aquaponia: uma alternativa de diversificação da sala de aula”, de Itacoatiara, AM, “Oguntec”, de Salvador, na Bahia e “Engenheiras da Borborema”, de Campina Grande, PB.
A experiência mostrou que há espaço para incentivar meninas a se endereçarem para as ciências exatas e naturais e que seu desempenho é muito forte no Ensino Fundamental, mas decresce ao longo do Ensino Médio. O acesso desigual de meninas às carreiras repercute nas diferenças de remuneração e nos níveis de prestígio associados às diversas profissões.
É urgente atender a essa demanda: persiste no Brasil a tendência de as mulheres serem direcionadas às ciências humanas e os homens às exatas. São dados do Observatório Brasil da Igualdade de Gênero: em cursos de Ciência da Computação, por exemplo, os homens ocupam 77,54% das vagas, enquanto as mulheres são maioria em Pedagogia e Enfermagem.
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Que a iniciativa prossiga e estimule as garotas a procurarem caminhos que reduzam a desigualdade e contemplem o seu inequívoco talento para as profissões e para a pesquisa científica de ponta. (foto acima: guides.douglascollege.ca)
JOSÉ RENATO NALINI
É secretário estadual de Educação e desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo.