A mídia de oposição diz que é muita falação e pouca ação. Uma injustiça com o presidente do Brasil, que se esforçou para o encontro com o presidente da maior potência econômica e militar do planeta. Sentar-se ao lado do presidente dos Estados Unidos, tirar uma foto com o aperto de mãos é um fato notável para qualquer político do mundo. Especialmente para um presidente brasileiro, apoiado abertamente pela esquerda, que não se poupa de rotular o Tio Sam com a pecha de imperialista. Todo esforço para voltar com uma foto e nada mais.
A oposição de plantão não perdoa. A mídia estatal, bancada com o dinheiro do contribuinte, também não. Enche os noticiários nos veículos de comunicação com textos sobre o encontro que devem ter sido escritos pelos burocratas do Itamaraty e não por jornalistas. Desenha um cenário fantasioso com a recepção do presidente do Brasil, economiza nos substantivos e é mão aberta para os adjetivos. Estadista é o termo mais usado pelas estatais da notícia. As fotos divulgadas mostram os dois presidentes sorridentes, como se o que rege o relacionamento internacional é a amizade entre dois políticos – e não o interesse dos países.
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Pelo menos a direita está menos estressada. O temor é que o presidente, apoiado por sindicatos e partidos de esquerda, estivesse conduzindo o país para uma economia planificada, estatal, ou melhor, comunista. A burguesia nacional, urbana e rural, vê com maus olhos a aproximação do Brasil com a China Comunista. Afinal, o presidente brasileiro esteve lá e se encontrou com a liderança do Partido Comunista Chinês para alegria da ala mais radical do esquerdismo no Brasil. Ser recebido na Casa Branca, recepcionado no aeroporto e pedir ajuda econômica através da Aliança Para o Progresso é uma vitória para João Goulart. A sua presença chega mesmo a desanuviar o clima de tensão entre americanos e Cuba, uma crise que quase levou o mundo para uma Terceira Guerra Mundial. Jango está em campanha eleitoral pela reeleição. Pode se consolidar no poder e um de seus trunfos para acalmar a direita é a foto com John Kennedy durante o encontro. Kennedy, assassinado um ano depois em novembro de 1963.(Foto: Ricardo Stukert/Presidência da República/Agência Brasil)

HERÓDOTO BARBEIRO
Heródoto Barbeiro é jornalista do Record News, R7 e Nova Brasil (89.7), além de autor de vários livros de sucesso, tanto destinados ao ensino de História, como para as áreas de jornalismo, mídia training e budismo. Apresentou o Roda Viva da TV Cultura e o Jornal da CBN. Mestre em História pela USP e inscrito na OAB. Acompanhe-o por seu canal no YouTube “Por dentro da Máquina”
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