Na semana passada, moradores do jardim Pacaembu, em Jundiaí, avisaram a Prefeitura – mais uma vez – que casas do bairro estão sendo invadidas por escorpiões. E, de novo, ouviram dos agentes da Vigilância em Saúde Ambiental(Visam) que não há veneno que mate os bichos. O jeito é tampar ralos e frestas. O relato dos agentes foi assustador. Mesmo com escorpiões sendo achados com frequência, inclusive na escola municipal, o jardim Pacaembu não é o bairro que mais sofre com a infestação. O centro da cidade, principalmente os moradores vizinhos do Cemitério Nossa Senhora do Desterro, convivem com a praga há anos. Muitos teriam deixado as próprias casas por desespero. Não é para menos. De janeiro até a primeira quinzena deste mês, a Vigilância Epidemiológica já registrou 106 picadas em moradores da cidade. Não há casos de animais de estimação atacados pelos artrópodes.
Na Câmara Municipal, o vereador Paulo Sérgio Martins(PSDB), encaminhou um ofício para a direção do Instituto Butatan pedindo informações para combater o bicho que está tirando o sono de muita gente. Porém, é bom enfatizar que o problema não é exclusivo de Jundiaí. Segundo boletim do Centro de Vigilância Epidemiológica Professor Alexandre Vranjac, responsável por monitorar e combater doenças e pragas urbanas no Estado de São Paulo, os números de acidentes vêm aumentando ano a ano. Em 1988, por exemplo, foram 738 casos. Trinta anos depois, em 2018, pouco mais de 30 mil casos. No ano passado, 27 mil casos.
As espécies mais comuns em Jundiaí são o escorpião amarelo(Tityus serrulatus) e o escorpião marrom(Tityus bahiensis). O primeiro é encontrado nas áreas urbanizadas, nas galerias de águas pluviais ou de esgoto. O segundo vive em áreas menos urbanizadas ou rurais, em ambiente com acúmulos de material e vegetação densa. Ambas as espécies são venenosas e podem resultar em acidentes graves, principalmente com crianças, idosos, pessoas imunocomprometidas e animais de estimação.
Causas – Segundo a Visam não há uma única explicação para o aparecimento dos escorpiões em determinadas áreas. Existem diversos fatores que, quando somados, resultam em crescimento populacional dos animais. Algumas das causas:
•Alta capacidade de adaptação ao ambiente urbano.
•Escassez de predadores naturais nos ambientes urbanos, principalmente nas galerias de águas pluviais e redes de esgoto, locais com as maiores populações de escorpiões amarelos, a espécie mais comum no meio urbano.
•Reprodução assexuada do escorpião amarelo.
•Abundância de alimentos (baratas).
•Ausência de um produto químico específico para o controle.
•Escorpiões podem perceber prematuramente a presença de produtos químicos eventualmente empregados no ambiente facilitando a fuga.
•Falta de metodologia específica para aplicação de produtos químicos nos locais onde geralmente habitam.
•Dificuldade no acesso das galerias de águas pluviais e redes de esgoto.
•Elevado número de instalações clandestinas de esgoto nas galerias de águas pluviais.
•Locais com despejo e acúmulo de inservíveis, o que propicia ambientes favoráveis à permanência das espécies.
Nos locais de grande infestação, a Visam arma armadilhas e captura escorpiões cujo veneno é extraído para produção de soro. O órgão pede para que os moradores não usem métodos caseiros para o controle dos escorpiões. O mau uso dos produtos pode causar acidentes e, ainda, piorar ou alastrar a infestação. A orientação é para que se elimine as vias de acesso dos animais ao interior das casas, mantenha os espaços limpos e organizados, o lixo bem acondicionado e os ralos fechados ou com telas. É importante vedar os vãos de portas e janelas, conduítes de fiação elétrica e telefônica, tomadas e interruptores, caixas de inspeção de esgoto, caixas de passagem de águas pluviais e caixa de gordura.
A Unidade de Gestão de Infraestrutura e Serviços Públicos (UGISP) afirma que o proprietário de terrenos particulares que não faz manutenção é notificado para efetuar a limpeza do local. O prazo para a realização do serviço é de 15 dias, renovável uma vez, por igual período, mediante requerimento de justificativa. Caso a limpeza não seja efetuada, o proprietário do terreno será multado. Somente se após a aplicação de multa os serviços não forem realizados pelo proprietário ou responsável pelo imóvel no prazo estipulado, a Prefeitura pode fazer o serviço, com posterior cobrança de quem é de direito, com os acréscimos legais cabíveis. A denúncia de terrenos sem limpeza e manutenção pode ser realizada por meio do 156, para que a UGISP tome as providências necessárias.(Foto: Ministério da Saúde/Agência Brasil)
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