ESCURIDÃO já vi pior, de endoidecer gente sã…

ESCURIDÃO

Como gostaria de ter esta certeza, acreditar que tudo possa se transformar para melhor e viver numa paz real e não aparente. Sempre digo que escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã, mas sou obrigado a reconhecer que, nestes últimos tempos a escuridão está indescritível.

A namoradinha do Brasil, sempre meiga, sempre ingênua, sempre solidária passa a ocupar função de destaque na Cultura do país. A indignação fica por conta do preparo técnico, do saber em prática. Da tal práxis. Diante do quadro existente, será ela uma nova massa de manobra? Ou ela terá argumentos e forças para driblar a clã do poder absoluto?

Estes casos colocam-me a pensar no que pensam as pessoas: por acaso pensam terem poderes extras e capacitações para lidar com aquilo a que não se prepararam? Ao menos pensaram no tamanho do país e nas necessidades que a população tem? E, ainda: acreditam que a solução está em suas mãos? Pois é, a cada troca de cadeira suponho que o próximo a ocupá-la pense em silêncio sobre os motivos da saída e o que houve para que uma ideologia não desse certo.

No mínimo tal pensamento serviria de base para o alicerce da nova plataforma, visto que não se consegue gerenciar sem um planejamento de curto, médio e longo prazo, partindo daquilo que se tem. Regina Duarte, além dos scripts da Globo, você chegou a ver o que foi tentado, o que se concretizou e por que seu antecessor não vingou? Quais suas propostas para fazer melhor?

Porque ser meiga, ter voz de mãe e gestos estudados não é o que precisamos, nesta pasta, neste momento. Não temos céu de brigadeiro e nem nuvens sorridentes no campo cultural brasileiro; muito menos temos o costume de preservar nossas raízes culturais, o que me deixa uma pergunta: quais suas propostas? Realmente o Brasil não é um Domingão do Faustão, onde todos se divertem e aplaudem. Muito pelo contrário, estamos perto do Cidade Alerta, diante de tamanha desgraça e descontrole social e cultural; então, qual seu plano?

Em outro sentido temos o Brasil permanecendo ao lado do Sudão, por três anos consecutivos, quando se fala em corrupção. Realmente a Operação Lava Jato fez um bom serviço, mas…? E daí? O que acontecerá com todo o avanço conquistado? Nossos supremos membros do Supremo permitirão que eles sejam punidos ou eles continuarão soltos e gozando de benefícios corruptíveis? Então, escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã, mas sou obrigado a reconhecer que, nestes últimos tempos a escuridão está indescritível.

Estar no ranking, disposto no 106º lugar, e permanecer na rabeira por três anos seguidos, é colher o fruto de governos anteriores, onde a lambança era a tônica e a seriedade e compromisso social nunca fez parte da ação governamental, excluídos os movimentos assistencialistas e populares, que encobriam grandes rombos, como os que foram desvelados no decorrer dos tempos. Isso endoidece gente sã, e culta, e séria, e honesta. Ah, endoidece!

Está tão indescritível quanto assistir ou discutir o Big Brother Brasil 20. Todos repudiam, todos desprezam, todos ridicularizam, mas todos sabem dos detalhes e pormenores de cada programa, o que significa que assistem mas preferem se fazer de cientista social, que conhece das mazelas humanas por meio de livros, mas nunca pisou numa favela.

Realmente BBB20 é de endoidecer gente sã, mas representa parte grande da sociedade em que vivemos: jovens bebendo até cair, varando noites em claro e na pegação, filhos das melhores famílias tradicionais e comuns brasileiras, que não querem passar na vida, sem causar. Por isso as roupas incomuns, a ingestão de álcool em doses hercúleas, as conspirações como vemos dentro dos ambientes sociais mais recatados (entre eles a própria família e alguns vários ambientes de trabalho). Tudo igual ao mundo daqui de fora.

Sendo assim, por que causa tamanho estranhamento? Vamos por hipóteses: por que não somos nós os escolhidos pela Rede Globo, para estar na casa mais comentada do ano? Por que representam o que de melhor temos em nossa casa, em nossa família? Por que espelha o retrato de uma juventude que ai está e que não gostaríamos que estivesse? Acredito que ficarei por estas três hipóteses, sem devanear muito.

Vemos neste programa, que os eruditos de plantão chamam de lixo, exatamente aquilo que temos em nosso meio, seja família, seja do bairro, seja dos alunos. Basta chegar numa festa de nossos jovens que nos depararemos com as mesmas cenas: virar a noite, beber até cair, comportamentos abusivos, palavreados e pegações desnecessários, articulações e puxadas de tapetes que envergonhariam o mais experiente de nossos políticos. Este é o mundo jovem, no século XXI. Assusta? Assusta, sim, mas é real. O que vemos escancarado no BBB20 é o vivem nossos adolescentes que frequentam as baladas e se fecham em grupelhos.

Nossa surpresa apenas esbarra em nossa agonia ao nos vermos retratados com tamanha fidelidade. Ou desvelam nossa ingenuidade ou hipocrisia. Nossa indignação é fruto da dificuldade que temos em enxergar nosso redor, mesmo que ele seja o nosso contexto íntimo. Isso requer coragem e requer muita habilidade para enfrentar; como diriam os jovens: fica a dica. Mas já vi escuridão pior.

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E a velocidade no trânsito, controlada por dezenas de radares, em nossa cidade? Mais simpático ainda: uma avenida em que a velocidade permitida é de 60 quilômetros por hora e, de repente, passa a 50 e volta a 60. Como caracterizar: irônico ou absurdo? Não se está discutindo o fato de que radares não seriam instalados, conforme plataforma de governo, antes da eleição. Analisa-se o fato de que tal velocidade imposta amarra o trânsito em avenidas estreitas e de fluxo intenso.

Isso leva a exaltar ainda mais os ânimos daqueles que saem atrasados de casa, fazendo com que fiquem atazanando a vida dos que cumprem com as regras, mesmo que não concordem. As ultrapassagens passam a ser mais violentas e a velocidade entre um radar e outro passa a ser maior, para compensar a lentidão imposta. Será que estes fatores são levados em conta, por quem implementa tais radares? Ou se pensa apenas em quantas multas serão arrecadadas ao fim de cada semana? Pois é, escuridão já vimos maiores.(Foto www.semprematerna.com.br)


Afonso Antonio Machado é docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology. Aluno da FATI.


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