Lixo, educação e ESPERANÇA

esperança

O ser humano tem diversas necessidades como alimentos, roupas, moradia, lazer, entre outras. Ocorre que depois que utiliza diversos materiais para suas necessidades diárias, aquilo que não lhe serve mais, transforma-se em lixo, que ninguém quer perto de sua casa. Lixo, educação e esperança possuem definições bem distintas. Lixo ninguém gosta, mas sem educação, todos sofrem, razão porque devemos ter esperança.

Desta vez gostaria de abordar com o leitor a visão de uma árvore, situada próxima de uma praia. Ela própria, a árvore, talvez tenha mais elegância para contar uma triste história.

Em Guarujá, na praia de Pitangueiras, dezenas de metros da areia, numa pequena ilha, constituída de pedras, pouco solo, com alguma vegetação rasteira, habitava uma árvore chamada Esperança.

Vivia essa árvore em profunda paz e harmonia, ao som das ondas do mar, com uma brisa agradável, recebendo a luz do sol, recebendo os nutrientes do solo e as águas das chuvas. Estava sempre atenta ao clima, que lhe proporcionava uma vida saudável e feliz.

Ela admirava com satisfação pessoas caminhando na areia, divertindo-se de inúmeras formas, com jogos variados, sentadas debaixo de guarda-sóis ou recebendo calor do “astro rei” para ganhar um bronzeado diferente. Também adorava ver a destreza de surfistas dominando as ondas com maestria, produzindo um verdadeiro espetáculo de harmonia com a natureza.

Porém, Esperança tinha um profundo dissabor, uma mágoa profunda e um sentimento de impotência e incapacidade, pois nada podia fazer, já que as pessoas embora muitas vezes admirassem a sua beleza e o local onde ela vivia, não a compreendiam e muito menos podiam ouvir dela o motivo de sua tristeza.

O motivo disso era o lixo deixado, todos os dias, repetidamente nas areias da praia, que chegavam ao oceano, bem como também muitas vezes no local onde ela habitava. Era composto esse lixo de inúmeros produtos utilizados para a satisfação das pessoas naquela praia. Era lixo constituído de bitucas de cigarros, canudinhos e talheres de plástico, embalagens de alimentos, isopor, entre outros, de todos os tamanhos e materiais.

Esperança reparava que todo o tipo de lixo era abandonado sem os mínimos cuidados, levado depois pelo vento e pelas mares, afetando plantas e animais marinhos. Soube certa vez que uma tartaruga morreu depois de comer plástico achando ser uma água-viva, um de seus alimentos preferidos. Ouvia inúmeras narrativas semelhantes envolvendo plantas, corais, crustáceos, moluscos, peixes, pássaros, mamíferos e outros.

Pensava aquela árvore que era comum, ou seja, que as pessoas em suas moradias também acumulam lixo de toda ordem, ingeriam aquele lixo com seus alimentos, convivendo o tempo todo com a sujeira que os seres chamados “humanos” produziam. Isso aliviava um pouco seu desgosto com aquela situação, mas só um pouco: “como poderiam eles ter aquele tipo de comportamento”.

Esperança não conseguia compreender porque viviam daquela maneira. Tinha ela tanto a ensinar, a compartilhar, mas ninguém a queria ouvir ou imitar seu exemplo de respeito e harmonia.

Um dia uma criança chegou até aquele local, escalou a Esperança e passou a brincar com satisfação e alegria. A criança olhando para a praia, viu e percebeu as mesmas coisas que tanto magoavam a árvore, mesmo sem ouvir palavra alguma dela. A criança percebeu que aquilo estava errado e falou em voz alta, para a satisfação de Esperança:

-Onde está a educação dessa gente? Em suas casas certamente não fazem o mesmo, por higiene e amor próprio. Se amam seus familiares e não querem lixo em suas casas, porque fazer isso fora dela, atingindo com isso tantos outros seres vivos?

Esperança ficou orgulhosa, sentiu confiança que um dia iria cessar aquela triste realidade. Concluiu que nem todos os chamados “humanos” eram iguais. Havia educação e vozes capazes de transformação.

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De lá da sua casa-ilhota, aquela árvore passou a ver também ações para limpeza da praia e maior educação daquela gente, viu também aquela criança e muitas outras engajadas em promover mudança pela educação. Ouviu frases como “lixo no lixo”, “leve tudo o que trouxe”, “mantenha a praia limpa” e muitas outras. A Esperança equilibrava seus sentimentos de impotência e incapacidade. Daquele local em que habitava, continuava sonhando que muitos percebessem como ela própria vivia com muito pouco e que não produzia lixo que afetasse nenhum outro ser vivo. Queria também ser o exemplo, motivar outros olhares mais atentos, afinal, a esperança é a última que morre e a educação nunca é demais, pois não devemos fazer aos outros ou ao planeta, o que não queremos que façam conosco.

Na praia ou em qualquer outro lugar, educação é fundamental, esperança é o que nos move, devendo cada um fazer a sua parte. Por favor, ouça a Esperança: cuide que seu lixo (pequeno ou grande) não afete nem a você, nem a outras pessoas, nem a outros seres vivos que também habitam este planeta (seres vivos que, por sinal, não produzem lixo).

CLAUDEMIR BATTAGLINI

Promotor de Justiça aposentado, Especialista em Direito Ambiental, Professor Universitário, Consultor Ambiental e Advogado. E-mail: battaglini.c7@gmail.com

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