Ler para conhecer a etimologia de determinadas palavras é muito interessante. Além de aumentar nosso conhecimento serve, também, como divertimento. Comecemos pelo substantivo engano, que vem do verbo enganar e este vem do termo latino gannire, isto é, ladrar, ganir. Acho que o enganado gane!
Bem atual está o termo delação, que vem do verbo deferir, isto é, atender ao que foi solicitado. Ofícios e petições, em que algo foi pedido, costumam terminar com “Nestes termos, pede deferimento” ou NTPD.
No caso da delação, o delator atende ao solicitado pelas autoridades e entrega o comparsa, o outro com quem dividiu a falcatrua, sendo, muitas vezes, premiado por isso.
Na História, temos muitos delatores premiados: Judas, que delatou Jesus Cristo; Joaquim Silvério dos Reis, que delatou Tiradentes e muitos outros.
Aproveitando a citação do nome de Tiradentes, será que todos sabem porque motivo os mineiros têm o hábito de falar “uai” para tudo?
Há registros que, na época em que muitos brasileiros lutavam para livrar o Brasil de pesados impostos, as reuniões desses bravos patriotas, em Minas Gerais, aconteciam em lugares onde só o grupo podia ter acesso. Então, para não correrem o risco de serem presos, os aliados à causa batiam e sussurravam uma senha à porta do local clandestino, as iniciais das palavras: união, amor e independência = uai.
Agora, um neologismo deveras interessante: fisiologismo. O termo vem de fisiologia, que é a parte da biologia que estuda as funções orgânicas e vitais do corpo.
Então, como usamos fisiologismo para falar sobre o gosto pelo poder, gosto de se embebedar pela posse de algo? Gosto pela autoridade? Gosto de mandar na vida de uma nação e de seus habitantes?
Essa prática, infelizmente, está arraigada entre nós, não existem mais estadistas, existem ‘fisiologistas’, no conceito mais novo do termo! São os plutocratas!
Aproveitando que, neste ano, teremos muitos candidatos, de onde virá a palavra candidato? Essa designação deveria ser mudada, levando-se em conta a origem da palavra. Candidato vem de candidus que significa branco, puro. Na antiga Roma, aquele que disputava um cargo público vestia-se de branco para mostrar a imagem de uma pessoa honesta e correta! Ai…ai…ai…
Mas, como não podemos escapar disso, informamos o significado do termo escapar: o sentido original é livrar-se da capa, vindo do latim vulgar excappare – isto é, deixar a capa na mão do perseguidor e fugir…
Outro termo muito usado atualmente é fascismo. Sem entrar “no mérito da questão”, vamos ver de onde vem esse termo: em 1919, há 101 anos, Benito Mussolini fundou, em Milão, uma organização paramilitar de combate a movimentos grevistas e agitações populares. A organização se chamava Fasciodi Combattimento, daí fascismo.
Tradicionalmente, fasce era um feixe de varas que, na antiga Roma, era usado pelos magistrados para infligir castigos físicos a quem infringisse as leis.
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Pois é, aqui ainda caberia uma batelada de termos não condizentes com a atualidade, mas que os usamos pelo hábito…
Se o leitor quiser saber a origem da palavra batelada, explico: batelada vem de batel, nome antigo dado aos barcos. Portanto, batelada era a quantidade de coisas que cabiam no batel (barco).
E, assim, uma batelada de interessantes termos etimológicos fica para outra oportunidade!(Ilustração: www.sulinformacao.pt)
JÚLIA FERNANDES HEIMANN
É escritora e poetisa. Tem 10 livros publicados. Pertence á Academia Jundiaiense de Letras, á Academia Feminina de Letras e Artes, ao Grêmio Cultural Prof Pedro Fávaro e á Academia Louveirense de Letras. Professora de Literatura no CRIJU.
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