Dorival Caymmi é o autor da frase acima que fez sucesso na voz de Gal Costa na novela “Gabriela”, exibida na Globo em 1975. Pode parecer estranho ao leitor iniciar um texto sobre política, falando de uma novela e sua música tema(eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim). Mas o foco não é a novela, mas o nome “Gabriela”. E o nome em evidência nesta semana, no País foi a juíza Gabriela Hardt, que ficou no lugar de Sérgio Moro, agora em férias, mas que não volta a Curitiba, mas vai para Brasília, ser ministro de Jair Bolsonaro.
E por que o trecho inicial da música como título aqui? Simples e claro: para quem acompanhou o depoimento, nesta quarta-feira de Luís Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República e que está preso na Polícia Federal de Curitiba, a juíza mostra que é mesmo assim: incisiva, dura, que não se deixa atemorizar por frases sem nexo de um homem que, também neste processo, segue o caminho da condenação. Mas a juíza talvez tenha tudo a ver como uma homenagem de seus pais à personagem da novela, já que nasceu em 1976, menos de um ano depois do encerramento de “Gabriela”. Claro que seus pais não pensaram na sensualidade da atriz, mas sim na força do nome. Por isso Dorival Caymmi diz que “sou mesmo assim…” e a juíza mostrou ao País inteiro que não tem medo de homem barbado, principalmente se está preso.
E ao final do julgamento o que se viu foi uma goleada imposta pela juíza e pelos promotores de Justiça a um réu, já condenado, e que não deixava seu advogado falar, mas queria mostrar que ele ainda está no palanque em campanha eleitoral. Talvez seu advogado não teve tempo de contar a ele que as eleições já passaram, que o partido que ele comanda perdeu e que, diante de mais uma condenação, politicamente Lula é carta fora do baralho. Mesmo que insista em querer manter que está tudo bem.
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Claro que a sentença não vai sair amanhã ou depois. Até porque antes dessa, a juíza Gabriela Hardt ainda vai lhe impor a sentença do caso do apartamento de São Bernardo e o terreno para o Instituto Lula. E a juíza está mostrando a que veio: não se intimida diante de um depoente que quer colocar a culpa na mulher que já não está mais entre os vivos. Gabriela Hardt nasceu assim, cresceu assim e vai ser sempre assim: uma versão feminina de Sérgio Moro. (Foto: www.michelteixeira.com.br)
NELSON MANZATTO
Jornalista profissional diplomado, tendo trabalhado no Jornal da Cidade de Jundiaí, Diário do Povo de Campinas, Jornal de Domingo de Campinas, Diário Popular de São Paulo e Jornal de Jundiaí. Foi editor-chefe dos jornais Diário do Povo, Jornal de Domingo e Jornal de Jundiaí e sempre trabalhou nas editorias de Política e Economia. Também trabalhou em Assessoria de Imprensa. É membro da Academia Jundiaiense de Letras e tem quatro livros publicados: Surfistas Ferroviários ou a História de Luzinete (Vencedor de Concurso Literário), Contos e Crônicas de Natal (com cinco textos premiados), Momentos e No meu tempo de Criança. Mantém um blog literário: blogdonelsonmanzatto.blogspot.com