A advogada jundiaiense Fabiola Rabello do Amaral, de 42 anos, vive hoje na Itália. E pela internet acompanha as coisas de Jundiaí e do Brasil. Com as eleições se aproximando, a 9 mil quilômetros de distância, ela afirma que não está percebendo que o eleitor brasileiro esteja mais consciente. Quando vem ao Brasil, nota que os preços estão sempre subindo e estabelecimentos fechando. “Reflexo da crise econômica”, argumenta ela. Fabiola conversou com o Jundiaí Agora:
A senhora é casada? Tem filhos?
Sou casada sim. Meu marido é de Foz do Iguaçu. Temos dois filhos. Eles são brasileiros.
Onde morou em Jundiaí?
No Caxambu…
Onde estudou?
No Sesi e no Leonardo da Vinci.
Vem com frequência à cidade?
Duas vezes ao ano.
Quando vem, percebe grandes diferenças? Para melhor ou pior?
O que mais me impressiona quando vou ao brasil sempre são os preços, principalmente nos supermercados. Tudo sempre muito caro, cada vez mais caro. Também me chama atenção, em Jundiaí, como algumas lojas dos shoppings abrem e fecham muito rápido. Isto é, com certeza, reflexo da crise. Noto que a situação financeira do brasileiro vem piorando. A impressão que tenho é que cada vez se tem menos poder aquisitivo.
O que mais sente falta de Jundiaí?
Da família e dos amigos…
Há quanto tempo está na Itália? Aliás, por que foi morar neste país?
Moramos na Itália há um ano e meio. Meu marido foi transferido para cá pela empresa na qual trabalha…
A senhora trabalha?
Hoje meu trabalho é muito diferente do que sempre fiz no Brasil, onde atuava como advogada. Aqui me dedico à minha casa, filhos e ao meu marido, cuidando para que as crianças não sofram com a distância da família. Aqui, eles só têm a mim. Então, eu trabalho muito para que a distância não interfira no rendimento deles na escola e, com isto, permito que meu marido possa trabalhar com tranquilidade.
Teve dificuldades para se adaptar?
O começo da vida em outro país nunca é fácil, mas não posso dizer que tive dificuldades. Acho que muitas vezes somos nós que não estamos preparados para o novo e assim tudo fica mais complicado. Eu cheguei aqui pronta para uma nova vida e para me adaptar, pois temos que ter em mente que se trata de outro país, outros hábitos, outra cultura. Uma vez que você entende isso e se abre para o novo, se dedicando também a aprender o idioma, as dificuldades deixam de existir.
Quais as principais semelhanças e diferenças entre o Brasil e a Itália?
A Itália é uma país tão ou mais burocrático que o Brasil. Aqui os serviços públicos ainda são muito atrasados, tudo depende de papel e carimbo. E o trânsito aqui é terrível, pior que São Paulo, sem sombra de dúvidas. Eu sempre digo que a Itália é o brasil da comunidade européia. E a grande diferença com o Brasil são as pessoas. O brasileiro é mais amável, aqui você sempre vai ouvir primeiro um não. As pessoas não estão dispostas a ajudar, mas com o tempo você nota que isso é da cultura deles, não estão tratando você assim por ser estrangeira. É a forma como eles se comportam.
Foi bem recebida ou sofreu algum preconceito?
Nunca sofri preconceito.
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Como os italianos veem o Brasil e os brasileiros?
Os italianos gostam muito do Brasil e dos brasileiros, sempre falam que somos pessoas alegres, que nossas festas são as melhores e adoram a nossa comida e claro, a caipirinha…
Os meios de comunicação daí falam muito da gente? Bem ou mal?
Não falam muito, só falam quando realmente tem algum fato que é notícia por todo o mundo, e não sinto que falem bem ou mal, eles somente trazem as notícias…
Como a senhora acompanha as notícias?
Hoje em dia é muito mais fácil. Temos acesso a tudo pela internet. Assistimos TV brasileira. E acessamos conteúdo online dos jornais e revistas…
Procura saber o que está ocorrendo em Jundiaí também?
Sim, sigo as notícias de Jundiaí pelos sites e redes sociais.
A senhora votará nas próximas eleições? Como fará isto?
Sim, votarei no Consulado do Brasil, em Roma. Os eleitores do exterior que fizeram transferência do título votam. Mas só para presidente.
Como está vendo, de longe, a situação política-econômica do Brasil?
Sinto que o Brasil passa por um momento difícil. As pessoas estão mais preocupadas em discutir temas que não estão relacionados às propostas de governo e sim na opinião pessoal delas próprias sobre temas tidos como polêmicos. Infelizmente não me parece que a população está verdadeiramente unida para combater, através do voto consciente, toda essa corrupção que impede o Brasil de crescer e oferecer melhores condições de vida…
Pensa em voltar?
Sim, ainda tenho minha casa em Jundiaí e quero voltar, não sei quando, até porque no meu caso a decisão não depende somente de nós. Nossa família pode ser transferida a cada três anos. Nosso próximo destino será definido somente no próximo ano. Creio que ainda não será um retorno ao Brasil. Quem sabe daqui uns cinco ou seis anos.