FAÇA MELHOR!!! Ofensas, grosserias e ataques sem análise

faça melhor

Não esperava tamanha mobilização. Minha crônicas são lidas por amigos que as compartilham com os amigos deles, criando uma rede relativamente enorme de leitores, dos quais não conheço nem um décimo. Entretanto, sempre me contatam e dão pistas ou conselhos para as próximas, oferecendo temas que, por vezes, busco ancoragem ou informo não ser minha intenção por falta de conhecimento. Desta vez, na última, foi diferente: muitos elogios porém, de forma grotesca, muitas ofensas e grosserias pelo fato de discordarem de meus posicionamentos. E eu entendo que, se não gostou, faça melhor. Faça a sua crônica.

Ataques diretos e sem análise, pediam que eu adotasse famílias de comerciantes que estavam falindo. Ou atacavam pelo fato de eu ser aposentado de uma universidade pública, dizendo que pagam meu salário, sem saber que, mesmo aposentado, continuo na ativa, sem novo contrato e assumindo classes com  número de alunos maior do que dos demais colegas não aposentados. Criticaram minha posição sobre o isolamento, dizendo que não existe comprovação de que o tal isolamento seria a solução.

Interessante é que essas críticas eram enviadas ou pelo whats ou pelo email, mas de conta inexistente (????), sem permitir resposta ou diálogo. Até que gostei deste fato, depois que passou o susto: discutir o que, com quem não se apresenta nem permite uma reflexão mais profunda sobre a situação a que estamos sujeitos? Discutir sobre política partidária ou sobre lideranças desastrosas, sem aceitar que podemos ter outro posicionamento ou outro objetivo? Só serviu para me garantir que as crônicas são lidas e que chegam em espaços de informações contrárias as minhas. Isso basta para que me debruce na escrita de mais e mais assuntos, ainda que polêmicos. E para quem não gostou, repito: faça melhor!

Diria até que assuntos fortemente polêmicos que me possibilitem investigar, estudar, ensaiar e analisar, antes de escrever mas que, após a escrita, me possibilitem estabelecer diálogos com um sem número de pessoas que até discordem de mim, mas ofereçam seus posicionamentos e não apenas a crítica pela crítica, que é uma forma infantil de reclamar e não oferecer saída. Desta forma, a cada crítica fundamentada, tenho oportunidade de rever meu posicionamento e caminhar numa direção mais segura, sem me preocupar em recuar ou apertar meus olhares num direção. Aprendi, na academia, que isso é evolução cultural. Para quem não concorda, faça melhor…

Ao alimentarmos diálogo com pessoas que não comungam com nossos princípios favorece nossos olhares a um alvo antes não percebido (e crescer com aquilo que se enxerga) porém, ser levado a enxergar algo de forma agressiva e xiita, por pessoas que não querem analisar fatos e verdades, nem querem dialogar, não facilita avanços nem é saudável, visto que seria uma alienação e uma imposição.

Alienação porque estaria sendo obrigado a engolir uma posição diferente da minha, sem poder dialogar e sem poder oferecer meus posicionamentos; alienar pelo fato de tentar me abstrair e me isolar do raciocínio lógico, na tentativa de reverter minhas análises à teoria facebookiana de repetições de mantras da ultradireita ou da ultraesquerda, quando a questão não é de posicionamento político: está acima de ser lulista ou bolsonarista. Está em considerar vidas humanas como mais importante do que tudo; e é isso, sem mais delongas. Se não concorda com estes argumentos, faça melhor…

E neste ritmo do faça melhor se não estiver satisfeito, tivemos a semana emblemática que vivemos: números crescentes de casos da Covid, hospitais lotados, curva subindo, mas políticos dizendo que a situação está melhorando e que apresentarão nova fase, de maior flexibilização. Este tipo de fala não apresenta coerência e não oferece liberdade aos que estão antenados e preocupados com a tragédia que estamos vivendo. Não precisamos ser alarmistas nem derrotistas, basta que entendamos um mínimo de ciências humanas e tenhamos desenvolvido a empatia: isso fará toda a diferença.

Famílias que se esfacelam, corpos que partem sem presença de seus entes queridos, profissionais da Saúde que se manifestam sem se identificar (em função das necessidades de implementos, da sobrecarga de trabalho e do medo de retaliação) e alguns grupos delirando em frente da TV, nas finais de copas e campeonatos e sei lá mais o que. Ouço que é a forma do povo se distrair, mas sempre me pergunto quem quer se distrair com a Morte sentada na sala? Um outro comportamento que assusta é o dos baladeiros que continuam em sua agitação, sem se preocupar com absolutamente nada.

Numa outra proposta, temos os anônimos adotando animais abandonados, cotizando com famílias menos favorecidas, atendendo à projetos sociais, assumindo papéis que muitas instituições não conseguem dar continuidade. É o momento em que percebemos que nem tudo está perdido e que existem pessoas preocupadas com pessoas. A tal empatia, que no Facebook e no Instagran é algo sensível, delicado e garante curtidas e likes, mas é vazio e promocional. Dar vida a um projeto e oferecer o ombro a uma dor, é cristão na mais rasa das possibilidades: é saber traduzir a dor do outro e oferecer remédio para aquele sofrimento. De maneira prática, direta e real.

Quando dizemos que a escola não pode funcionar, não deixamos de enxergar que alguns professores já receberam a primeira dose da vacina, que a tia da merenda ou a moça do portão também, estão imunizadas razoavelmente. Mas enxergamos ainda, que as crianças continuam sem vacinas. E que a preocupação dos pais está num outro alvo que não a educação do filho; está voltada em mais tempo livre daquele que atormenta em casa. Está preocupada em dar funções que cansem a criança, que destrói a casa, sem que os pais possam desviar seus olhos do iphone e das redes sociais para educar seus filhos.

Quando dizemos que a escola deve estar fechada não estamos deixando de observar a falta de uma socialização, possível no ambiente escolar. Mas estamos pedindo aos pais que assumam a paternidade e eduquem seus filhos, antes deles barbarizarem e destruírem a escola. As observações sociais apontam que pais que cobram mais socialização de seus filhos, pela escola, são os mesmos que não tem tempo para suas crianças; são aqueles que gastam seus tempos de lazer e ócio em casa jogando pelo celular ou presos as redes sociais, enquanto suas crianças estão manuseando suas telinhas. Cobram da escola aquilo que eles deveriam fazer.

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AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology. Aluno da FATI.

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