O grande fantasma da IGNORÂNCIA

fantasma

Concluir com uma narrativa razoável ou formar uma teoria mais ou menos compatível para falar de preconceito é tanto quanto ou quase questionável como falar de minorias. O preconceito é na maioria das vezes estrutural, depende de hora e local, condições e até as conveniências de quem vai levar vantagem. Vale algumas considerações, é isto que analisaremos agora, para visualizarmos as raízes desse fantasma.

Num campo de futebol, por exemplo, chamar um jogador negro de “macaco” só porque ele é preto e/ou foi responsável pela derrota do time adversário, é o próprio despeito. Provocado pelo desapontamento de jogadores pretos serem minorias e se sobressaírem no meio da “supremacia” branca. Além da vociferação, vem o mote anímico da imitação do símio como um único ato de deboche, justamente por não entenderem nada das características dos primatas primordiais.

A vida pode até imitar a arte, mas os humanos comuns não conseguem imitar os bichos naturalmente, sem colocarem seus defeitos de bichos deformados para fora. As leis da natureza não podem ser violadas, mas os imitadores, sem luz própria ou criatividade autoral, fazem e repetem sempre os mesmos gestos, como estão acostumados num acordo de “Maria vai com as outras”, como se xingar ou imitar um macaco para ofender um jogador, fosse só um simples movimento automático como comprar um ingresso. Aliás, chamar um jogador de macaco e imitar gestos animalescos num estádio de futebol é o maior mico.

A falta de imaginação é unânime e a unanimidade quase sempre é considerada burrice; imaginem se os jogadores individualmente devolvessem os desaforos imitando burros e fazendo os mesmos gestos dos muares? 

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MINORIAS: FALSA EXPERIÊNCIA HISTÓRICA

Outra coisa que me incomodava e muito: na época que a Fátima Bernardes apresentava o Jornal Nacional e Bill Clinton era presidente dos USA, ela ao referir-se a ele dizia; “afinal ele é o homem mais poderoso do mundo”. Passado um tempo, quando o Sr. Barak Obama foi presidente, além de enfatizar todas as vezes que ele era o primeiro presidente negro dos EUA, arrematava com um “afinal, ele governa a nação mais poderosa do mundo”, o que não é a mesma coisa. É sim um visível e declarado descaso e expressão geradora de discriminação. 

Outra situação também vergonhosamente preconceituosa foi quando Lupita Nyong’o ganhou um Oscar como atriz, e por ser negra, não foi citada sua presença, incluída apenas no item “mais um monte de atores”, numa foto publicada na revista Ana Maria, número 909 de 14 de março de 2014 na coluna Gente, de Luciana Bugni(acima). Por acaso preto não é gente? Racismo é crime, o preconceito é um ato total e definitivamente racista!

LUIZ ALBERTO CARLOS

Natural de Jundiaí, é poeta e escritor. Contribui literariamente aos jornais e revistas locais. Possui livros publicados e é participante habitual das antologias poéticas da cidade.

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