A Fazenda Caguassu, também conhecida como Fazenda Vigorelli, no bairro Santa Clara, em Jundiaí, irá a leilão no dia 2 de fevereiro do próximo ano, às 15h40. O lance mínimo será de R$ 49.084.986,35. Se o imóvel não for vendido, ocorrerá novo leilão no dia 23 do mesmo mês. O valor cairá para R$ 24.542.493,18. Segundo a empresa leiloeira, o imóvel está ocupado atualmente. A desocupação será responsabilidade do arrematante que não pode visitar o local antes do leilão. A propriedade representa cerca de 5% do total da área da Serra do Japi, 10% somente em Jundiaí.
Fontes do Ministério Público explicaram que a ação é movida por Cláudio Franchini, que deveria ter realizado a retirada de eucaliptos da propriedade e não recebeu pelo serviço. A dívida, de aproximadamente R$ 3, 5 milhões. Foram executadas as empresas Flaxxon Empreendimentos Imobiliários e Fator Empreendimentos Imobiliários, de Walter Nory, político na época. A fazenda, na avenida José Pergoni Jr, tem casa sede, casa de colonos e florestas naturais e áreas de reflorestamento de eucaliptos, tem 1.242.117 hectares(ou 513.2715 alqueires).
Os eventuais débitos de IPTU ou ITR serão atualizados e quitados com a venda. Eventuais regularizações documentais e de construção junto aos órgãos competentes será de responsabilidade de quem comprar a fazenda. O pagamento deve ser à vista. Não será admitido uso de carta de crédito.
A área, segundo acordo feito com o MP, tem 70% de áreas verdes naturais e 30% dedicada à exploração de eucaliptos. A administração da fazenda tinha obrigações ambientais pendentes o que acarretou na penhora de algumas matrículas da fazenda para o Ministério Público. O leilão relativo à dívida com Franchini não poderão interferir com os créditos do MP. Existe ainda a possibilidade de a dívida ser paga e o leilão cancelado.
História – Nos anos 1940 e 1950, a Vigorelli comprou vários sítios e formou a Fazenda Caguassu. A empresa conseguiu, a fundo perdido, recursos do antigo IBDF(Instituto Brasileiro de Desenvolvimento), hoje Ibama, para reflorestamento de áreas com espécies exóticas. O plano da empresa era utilizar os eucaliptos plantados na fazenda para fabricação dos móveis e gabinetes das máquinas produzidas na fábrica localizada onde hoje é o Jundiaí Shopping, na avenida Nove de Julho. Com falência da Vigorelli, a fazenda foi incluída na massa falida e interditada pela Justiça.
Segundo o presidente da ONG Coati(Centro de Orientação Ambiental Terra Integrada), Flávio Gramolelli Jr., o imóvel acabou sendo comprado por uma pessoa que teria pedido dinheiro emprestado ao político Walter Nory, dono da Flaxxon e da Fator Empreendimentos Imobiliários. Na época, Nory teria tentado criar um parque de diversão em plena Serra do Japi, o que foi proibido pelos órgãos ambientais. A produção de resina de pinus chegou a ser arrendada para uma empresa do Paraná. Na época surgiram denúncias de trabalho escravo, no começo da década de 90. Entre 1995 e 1996, a empresa conseguiu liberação do Ibama para ‘corte raso’ de todos eucaliptos. A ONG Coati entrou com uma ação e conseguiu impedir o corte das árvores.
De acordo com Gramollelli, foi nesta época que conheceu Franchini, que seria ‘sócio’ de Nory, com quem também se reuniu para discutir o futuro da Fazenda Caguassu. “Cláudio entrou para tirar a madeira e metade seria dele e a outra metade seria passada para Walter Nory. Ele começou a cortar, aí teve o embargo e tudo ficou parado. O MP encontrou várias irregularidades. Depois, chegou-se a decisão de que era possível fazer o corte seletivo. Semanas antes de assinarem o acordo, caiu o embargo, Nory contratou outras empresas e deixou o ‘sócio’ de lado. Os promotores multaram, foram feitos acordos desrespeitados. Há uma dívida com o Ministério Público. Após isto Franchini entrou com uma ação, ganhou e aceitou agora que fazenda vá a leilão”, relembrou o presidente da ONG.
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