A jornalista Rebeca Ribeiro Mansfield se mudou para Londres em 2008. Foi para estudar e não voltou mais. Ela se casou com um inglês, teve filhos e mudou até alguns hábitos. Feijão, por exemplo, era uma das coisas que Rebeca mais gostava do Brasil. Hoje não cozinha mais o grão. A entrevista:
É jundiaiense?
Sim. Nasci na vila São Paulo, onde vivi até me mudar para a Inglaterra. Estudei no Colégio Divino Salvador e no Colégio Objetivo. Cursei Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo, e pós-graduação em Jornalismo Literário, em Campinas. Trabalhei em vários veículos de comunicação da cidade.
É casada? Tem filhos?
Sou casada com Sean Mansfield, que é inglês. Temos dois filhos também ingleses: Catherine e Anthony.
Ainda tem família na cidade? Quantas vezes vem visitá-los no ano?
Toda minha família ainda mora em Jundiaí. Visitamos o Brasil e cada dois anos.
O que mais sente falta daqui?
Da família e dos amigos.
E o que menos sente falta de Jundiaí?
Dos motoristas, especialmente quando dirigem em rotatórias (risos, risos)
Por que decidiu se mudar para a Inglaterra?
Para estudar e ter experiência no exterior
O que foi mais difícil na sua adaptação?
A língua e o clima. São dois fatores que precisam de tempo para se adaptar. Depois do sofrimento inicial, aprendi a viver com ambos, mas ainda me flagro reclamando dos invernos longos.
O que foi mais curioso?
Ter conhecido pessoas de tantos países diferentes
Qual seu olhar para o Brasil e Jundiaí hoje? Muda a forma como se pensa a terra natal quando se está muito tempo fora?
Sim, muda. Amo meu país e minha cidade natal, mas vejo o quanto aprendi e cresci com a experiência de morar em um outro lugar, com cultura e costumes tão diferentes. Nem cozinho mais feijão – e era a minha comida preferida.
Em algum momento pensou que não conseguiria se adaptar? Chegou a arrumar as malas e pensar em voltar?
Não.
Os brasileiros são levados a sério na Inglaterra?
Posso falar da minha experiência pessoal, que sempre foi positiva.
Em algum momento sentiu vergonha de ser brasileiro? E orgulho?
Sempre orgulho.
Faz comparações entre Jundiaí e seu atual endereço?
Muitas. Após o nascimento do meu segundo filho, mudamo-nos para o interior, e sempre digo que essa cidade é minha nova Jundiaí. O senso de comunidade, de encontrar as mesmas pessoas nos mesmos lugares, a imprensa regional, as dimensões geográficas, os artistas locais… tudo me lembra Jundiaí.
Aliás, chega a dizer que é de Jundiaí?
Sim, para os brasileiros que conheço aqui. Diria que 90% deles sabem onde é Jundiaí ou já ouviram falar de Jundiaí.
O que mais gosta e o que menos gosta deste local? Por quê?
Gosto das pessoas, da comunidade, da minha igreja local. Ultimamente tenho me aborrecido com o trânsito excessivo e com o frio (mas a primavera está começando, então tenhamos fé).
Você acha que nós, brasileiros, conseguiremos um dia chegar ao nível do país onde vive atualmente?
Pergunta complexa. Há dois fatores primordiais que precisam ser levados em consideração. O primeiro, é a cultura de um povo. O segundo, como esse povo escolhe seus representantes no governo e exige deles honestidade, ética, trabalho em prol do País. Há diferenças discrepantes entre a postura inglesa e a postura brasileira diante de ambos fatores, tanto para o bem quanto para o mal. Mesmo que ambos países tenham – ou cheguem, um dia – a um bom nível de vida, o modo como o qual esse “bom nível de vida” se manifestará em ambos países será completamente diferente entre si.
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– O que faz aí?
Atividade número um: cuido da família. Também faço trabalhos voluntários na igreja local e tento manter a mente ativa ao escrever em casa, nas horas vagas.
Já encontrou outros brasileiros(jundiaienses?) por aí?
Conheci uma jundiaiense. Todos os demais amigos brasileiros são de outras partes do país.
Pretende voltar? Se sim, para Jundiaí?
Não sabemos ainda.
O que Londres poderia ‘importar’ de Jundiaí?
Gostaria que meu atual endereço “importasse” algo de Jundiaí, e na lista eu incluiria muitos de meus amigos e familiares. Também importaria pamonha, coxinha de queijo e a uva da minha cidade.