Arte cenográfica brilha na FESTA DA UVA

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A emoção do contato com a história de famílias que tornaram Jundiaí a “terra da uva” envolve os visitantes da festa em um momento mágico onde entra a arte de transformar materiais como papelão no que aparenta ser tijolos e vigas de madeira. É a arte da cenografia, que forma uma espécie de cidade cinematográfica. 

“Tem muita pesquisa em livros e especialistas antes do trabalho em si. Começamos há oito anos com o projeto da casa do colono e o parreiral, depois vieram a vila italiana, a igreja do Traviú depois transferida para igreja da Colônia. E a figueira lendária e o barco, que neste ano está em viagem”, comenta a cenógrafa Juliana Fernandes. 

Com uma equipe de 10 pessoas, a montagem usa em torno de 400 placas de papelão, 70 litros de cola, 40 metros de tecido, 50 metros de tecido, madeiras, ferragens, lonas, isopor, extrato de nogueira diluída e mais coisas como 400 caixas de uva, um caminhão de terra e muitos objetos, móveis e até charrete e bicicleta antigos cedidos por famílias de agricultores, homenageadas por personagens ampliados. Tem até forno de lenha e banheiro externo (cênicos). Alguns visitantes se emocionam ao lembrarem de seus ancestrais. Outros fazem uma oração na igreja cenográfica – que tem até sino de verdade). 

O cenotécnico Vinicius Ribela compara seu trabalho na Festa da Uva ao apoio de engenheiros em projetos arquitetônicos. “Tornamos possível as propostas da cenografia. No começo tínhamos que escalar, hoje usamos uma plataforma elevatória, um compressor mais adequado. E o impacto nas pessoas é o maior retorno”, diz. 

Da mesma área, Victor Akkas teve atuação no Hopi Hari e destaca ter sido colega da cenógrafa no CPT/SESC de Antunes Filho e J. Serroni. “A Juliana tem uma visão forte com o efeito das texturas”, destaca.

O ator Rafael Ambrosin divide o trabalho da montagem com a profissão de ator. “Ambos se integram.  Como tem grupos de atores na recepção das visitas, é como se o cenário seja o suporte que abriga e inspira”.

Para colaboradores mais novos, como Andrew Santi e Júlia Ricci, a montagem parece um desafio até as partes em andamento formarem os primeiros efeitos. “O trabalho em equipe é um aprendizado. É mágico”, dizem.  A artesã Flávia Ricci e o fotógrafo João Victor Vanderley (mãe de Júlia e filho de Juliana) endossam com a ideia de que o Brasil deve valorizar cada vez mais sua arte, como em outros países. 

Nas paredes perto dos cenários da Festa da Uva, placas de QR Code remetem a informações adicionais pesquisadas por José Arnaldo de Oliveira com nomes como Leandro Nalini e Eduardo Carlos Pereira.  “Não é uma decoração fria. É um cenário, que como no teatro ou cinema leva as pessoas a entrarem na história contada”, afirma Juliana.(Texto: José Arnaldo de Oliveira/Fotos: João Victor)

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