Quando chega o mês de maio as lojas se preparam para o Dia das Mães, considerado um segundo Natal para os lojistas. Os comerciais na televisão tentam convencer os telespectadores que suas genitoras precisam disto ou aquilo. Para celebrar a data, muitos filhos levam as mães para almoçar fora. E quem não tem mais mãe, vai ao cemitério e dá uma oração de presente para ela. Mas nem todas as mulheres estão na ‘vibe’ de ter filhos. No dia 1º deste mês, a BBC Brasil entrevistou integrantes do Bristol Childfree Women, grupo com mais de 500 mulheres, que não querem ser mãe e se sentiam vítimas de preconceito. Existe até um termo para elas: ‘NoMo'(em inglês, mother not, ou, mães não). Segundo matéria da CNN de outubro do ano passado, 40% das brasileiras podem até não saber, mas fazem parte do time das ‘NoMo’. O Jundiaí Agora conversou com seis mulheres que não têm filhos. Elas não relataram nenhum tipo de preconceito. Mas confessaram que a maternidade foi deixada de lado em nome de outras prioridades. Confira:
A ghost-writer e dubladora Cláudia Marin(foto ao lado) diz que não decidiu por não ser mãe. “É que eu nunca tive este desejo, apesar de gostar de crianças. Sempre pensei na minha vida profissional. Eu me considero carinhosa. Mas nunca tive esta coisa de ter um bebê dentro de mim, sentir que ele está se mexendo. Nunca tive saco para isto. Amo meus sobrinhos. Mas nunca troquei uma fralda deles. E, quando me casei, meu marido concordou comigo e decidimos não ter filhos. Não sinto a maternidade em mim”, afirma. Cláudia diz que nunca teve arrependimento. “Teve até um momento que fomos checar se poderíamos ser pais. Daí surgiu uma dúvida: será que se descobríssemos que poderíamos ter filhos, ficaríamos loucos para isto? No final, os exames apontaram que poderíamos ser pais. E mais uma vez decidimos que não queríamos”. De acordo com ela, “a maternidade nunca fez falta para mim. Sou uma mulher feliz. Sou plena com minhas escolhas, sou feliz na minha profissão e no meu casamento”. Ela diz que adora o Dia das Mães. No ano passado, a data caiu no aniversário dela. “Fiquei triste por não ter mais a minha. Porém, não tenho planos de maternidade. Quem sabe na próxima encarnação?”, brinca.
A professora Maria Cristina Castilho de Andrade(foto ao lado) explica que não ter filhos não foi uma decisão. “Eu teria se tivesse me casado. Desde a minha adolescência nunca houve na casa dos meus pais qualquer conversa no sentido de preparar o enxoval para meu casamento. Isto era muito comum naquela época. Estou com 70 anos. No meu tempo, o comum era namorar, noivar e casar. Eu fui vivendo as surpresas de Deus na minha vida e pondo cor e sabor nelas. Considero as surpresas de Deus as minhas escolhas de cada dia, desde a juventude. Elas me fizeram um bem imenso”, explica. Cristina diz que sempre teve Deus como prioridade na vida. “E também era dedicada aos estudos, além de gostar muito de crianças. Meu pai se casou com 48 anos. Ele tinha 50 quando minha irmã nasceu e 55 quando eu nasci. Eu fui escolhendo ficar na casa deles, estudando e procurando, através da Igreja, fazer a vontade de Deus. Era bem jovem quando Ele me tocou o coração para trabalhar com as mulheres em situação de exclusão”. Se a maternidade faz falta, Cristina tem certeza de que seria uma ótima experiência se tivesse casado. “Não sou mãe. Mas me sinto com maternagem por algumas pessoas e também pelos excluídos. É um sentimento de querer acolher e abraçar. De querer acalentar no colo. Tudo que fiz compensa a necessidade de ser mãe. É uma maternagem muito especial”, argumenta.
A comerciante Diná de Melo(foto ao lado) confessou que a vida toda sonhou em ter uma filha. “Ela já tinha até nome: Maria Eduarda. Meu primeiro marido já tinha filho. Depois, meu namorado, com quem estou há 14 anos, já tem filho. Sempre acabei cuidando dos filhos dos outros”, brinca. A compreensão, explica Diná, chegou quando ela completou os 40 anos. Até então, ela sofria muita cobrança. “Foi aí que entendi que amo crianças. No entanto, não queria ter filhos. Até os 40, a maternidade fez falta sim. Depois, fiquei muito bem resolvida sobre esta questão”, diz . “A neta do meu namorado me proporcionou a oportunidade de ter vivências de uma mãe: limpar o bumbum, trocar fralda, dar papinha. Eu até perguntava para as pessoas à minha volta: o que vou fazer com este bichinho aqui? Tomava conta dela três vezes por semana e não tinha a mínima ideia de como faria isso. Não pretendo ter filhos. A minha netinha supre toda esta necessidade. Ela me chama de ‘vó’. Quando fico longe dela sinto até dor no coração. Eu ganhei uma família pronta”, encerra.
A especialista em Recursos Humanos, Roberta Peres(foto ao lado), explica que nunca teve o sonho de ser mãe. “Mesmo quando era mais jovem não tive o desejo da maternidade mim. Fiz a escolha de não ter filhos. Não consigo me ver sendo mãe. Sempre coloquei outras prioridades na minha vida”. Ela diz que filhos nunca fizeram falta. “Não faz e nunca fez. Esta escolha é tão certa dentro de mim, que não sinto falta. Nunca precisei compensar a falta da maternidade. Já conversei com especialistas, terapeutas, mas, essa foi uma decisão que fiz há muitos anos e não me arrependo. Sigo sem intenção alguma de ser mãe. Mas, nunca se sabe! A chave pode virar, mas, continuo sem pretensão e muito certa da minha decisão”, conclui.
Valéria Nani(foto ao lado), que é assessora de comunicação, diz que nunca se viu mãe, embora tenha vindo de uma família grande. “Meu pai tinha 16 irmãos. E os irmãos deles tiveram muitos filhos também. Hoje, com a vida profissional é muito comum que os casais tenham apenas um filho ou nenhum. Eu, com o passar dos anos, descobri que não poderia tê-los por causa de problemas de saúde. Para engravidar eu teria de fazer um longo tratamento. E, como não me via mãe, acabei me conformando. Não penso mais nisto. Agora eu quero aposentar e descansar”, brinca. Ela lembra que criou a irmã, mais nova 12 anos, como se fosse filha. “Ela me tem como segunda mãe. No Dia das Mães, sempre me dá um presente ou me liga. Eu desenvolvi parte da maternidade criando a minha irmã. Hoje, quando ela tem problemas com o filho, liga para mim. Uma vez chegou a dizer: se você me criou tão bem, eu sei que me ajudará a cuidar do meu filho. Isto me deixou muito honrada”, explica. (Foto: Dominika Roseclay/Pexels)
Para a superintendente da TVTEC de Jundiaí, Mônica Gropelo, “muito mais do que uma decisão ser mãe é um sentimento, um dom que desperta a vontade consciente da escolha de acolher e cuidar de outras vidas como se fosse a sua própria. E isso foi sempre muito sério pra mim”. Ela explica que desde muito cedo cresceu aprendendo a ver minha mãe, que ficou órfã com 40 dias de vida, lidando com os cinco filho. “De alguma forma aquilo tudo foi despertando em mim a vontade de me dedicar a ela, de cuidar de bichos e pessoas. Fui realmente entendendo que eu queria cuidar mais da minha mãe, pelo tanto que ela se dedicava a todos nós”, diz. Ao longo dos anos, com a maturidade e total consciência dos sentimentos, Mônica afirma que entendeu que poderia cuidar dela. “E essa foi minha escolha, os anos se passaram, minha mãe envelheceu, ficou doente e os papéis se inverteram, virei mãe dela até os últimos minutos. E foi a minha melhor escolha. As duas cachorrinhas dela também estão comigo. Hoje tenho quatro cachorras e sou mãe delas. A maternidade tradicional não me faz falta”, conclui.
VEJA TAMBÉM
PUBLICIDADE LEGAL É NO JUNDIAÍ AGORA
ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES