O fim de ano carrega um simbolismo poderoso. Mais do que a virada de um calendário, ele representa um espaço entre o que fomos e o que estamos nos tornando. Esses momentos de transição podem ser compreendidos como convites para reflexão, integração e amadurecimento. É nesse tempo suspenso entre festas, silêncios e balanços internos que somos chamados a olhar para a própria história com mais profundidade.
Ao longo do ano, algumas pessoas permanecem. Outras se afastam. Há despedidas suaves e rupturas dolorosas. Essas saídas não são apenas eventos externos, mas movimentos simbólicos de amadurecimento interno, o caminho pelo qual nos tornamos quem realmente somos. Quando alguém sai da nossa vida, muitas vezes leva consigo um papel que já não precisava mais ser sustentado. Relações também representam aspectos da nossa própria psique. Algumas relações cumprem sua função de espelho, cuidado ou aprendizado, e depois precisam partir para que novos conteúdos internos possam emergir. Resistir a esses encerramentos costuma gerar sofrimento. Integrá-los, ao contrário, amplia a consciência e nos fortalece como pessoa.
O fim do ano evidencia onde colocamos nossa energia psíquica. O que nos drenou? O que nos fortaleceu? Aquilo que não é trazido à consciência tende a se repetir como destino. Cansaço excessivo, irritabilidade constante ou sensação de vazio podem ser sinais de que partes importantes da psique foram negligenciadas. Já a sensação de sentido, mesmo diante das dificuldades, indica alinhamento entre ego e valores mais profundos. Refletir sobre isso não é culpa — é consciência.
E não é diferente no campo profissional, o final do ano costuma escancarar a distância (ou proximidade) entre quem somos e quem mostramos ser. Chamamos de persona a máscara social que usamos para nos adaptar ao mundo. Uma carreira saudável não é aquela que apenas gera resultados externos, mas a que permite expressão simbólica do indivíduo. Quando o trabalho exige que neguemos constantemente nossa essência, o inconsciente cobra seu preço: ansiedade, adoecimento ou perda de sentido. O fim do ano convida à pergunta fundamental: meu trabalho sustenta apenas minha sobrevivência ou também minha identidade?
Para quem é pai ou mãe, os filhos frequentemente ativam conteúdos profundos da própria história emocional. Eles despertam o cuidado, proteção, medo e controle. O fim de ano pode trazer culpa, orgulho, exaustão e amor misturados. Educar não é moldar o outro, mas reconhecer e trabalhar as próprias sombras para não as projetar sobre quem cresce. Filhos não pedem perfeição. Pedem presença.
Na saúde, o corpo é um dos canais de expressão do inconsciente. Sintomas recorrentes, adoecimentos ou falta de energia no fim do ano podem sinalizar conflitos internos não elaborados. A saúde não é apenas ausência de doença, mas equilíbrio entre psique, corpo e sentido de vida. O descanso, muitas vezes negligenciado, é um ato simbólico de reconexão consigo mesmo. Ouvir o corpo é também ouvir a alma.
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No modo geral, o fim do ano não exige promessas grandiosas. Ele pede honestidade interna. O que precisa ser encerrado? O que merece continuidade? O que precisa ser transformado? Amadurecer não é eliminar conflitos, mas aprender a dialogar com eles. Cada fechamento consciente abre espaço para um novo ciclo mais alinhado com quem realmente somos. Que este fim de ano não seja apenas um ponto final, mas uma vírgula, para esse processo que vivemos de torna-se. Porque, no fundo, não é o ano que termina, somos nós que seguimos em transformação.(Foto: Matheus Bertelli/Pexels)

ROBERTA TEIXEIRA PERES
Gestora, terapeuta holística, especialista em desenvolvimento humano, Eneagrama. pós-graduada em neuromarketing e PNL Aplicada em gestão de pessoas.
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