Foram 15 dias intensos. De 16 de setembro a 1º de outubro, sempre em companhia de um ser muito especial que hoje tenho certeza que era para estar comigo. Não foi por acaso nosso encontro. Não foi apenas uma boa ação ter levado o cão peregrino. Na verdade acredito que tive o privilégio de ter sido escolhida por ele. Enfim, estávamos voltando para casa. Era o fim do Caminho da Fé dos ‘avessos’, como diriam os mineiros…
Eu tenho mais cães, a Alice e o Chicão e eu não os levaria para fazer o caminho. Hoje tenho muita certeza disso! Pois é uma peregrinação… O caminho coloca você em momentos de provações e para o cão peregrino não foi diferente. Eu tinha consciência de que qualquer sinal que ele me desse, tanto físco como de comportamento, demonstrando que não estava bem, nossa peregrinação terminaria ali mesmo. Ele foi meu termômetro.

Enfrentamos juntos chuva, frio, calor, brigas com outros cães, cansaço intenso. Eu acredito que a vida que ele teve o ensinou a passar por diversos desafios e ser muito forte. Eu sentia dentro de mim que eu podia trazê-lo. Mas eu tinha preocupações: apesar de o cão peregrino ser bastante independente, eu passaria a ser responsável por ele.
No fundo eu sabia que fazer o caminho ao contrário me obrigaria a ficar comigo mesma a maior parte do tempo. Apesar dos muitos encontros, no final eu seguia em direção oposta. Eu precisava de companhia e pedi para o cão ser meu companheiro. Ele sem entender o porquê e o que faria, simplesmente me seguiu porque confiava em mim.
Assim foram os 15 dias de jornada e eu ousei mais dessa vez! Claro que tudo que é triste dentro de nós vem à tona em alguns momentos do caminho, mas cada dia eu tinha o propósito de ser melhor… Eu acordava e dizia pra mim mesma em voz alta: “Junto com o cão peregrino, como podemos ser melhores hoje?”. Na verdade estava perguntando para Deus. E quando você se conecta com o caminho, as respostas vêm de muitas formas, basta prestar atenção aos detalhes.

Eu tenho histórias para contar de todos os dias que caminhamos… todos sem exceção. Porque vivi o caminho. No dia a dia a gente tem que ser assim também, fazendo o melhor que for possível em todas as situações, boas e ruins. E quando a gente não souber o que fazer, não tente dar respostas como um jogo de erros e acertos. Deixe, então, que a fé entre de verdade no seu coração e simplesmente acredite. Acima de qualquer caos, não duvide.
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Do caminho trago boas histórias e fotografias. Voltei também com essa vontade de fazer algo novo, sem medo de errar. Eu fui para o Caminho da Fé para descarregar as antigas energias e como presente recebi uma carga de energia renovada para seguir em frente. Aqui compartilho fotografias do último trecho, o fim do Caminho da Fé, entre Andradas e Águas da Prata. Espero que tenham gostado da minha jornada…

VALÉRIA GONÇALVES
É repórter-fotográfica e se descobriu peregrina em 2016. Saiba Mais: @dog_peregrino
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