O dia 4 de outubro é consagrado a São Francisco de Assis, data da sua morte em 1226. Conta a história que ele nasceu em família rica, renunciou à riqueza herdada do pai, passando a viver pobre e humildemente. Ainda, serviu aos pobres e doentes. A trajetória de Francisco indica uma profunda conversão e integração com a natureza. Ele via Deus em toda a criação, tratando o sol, a lua e os animais como irmãos. Isso o tornou reconhecido como padroeiro da ecologia e dos animais. Essa visão de Deus criador e presente em tudo é algo muito refletido por muitas religiões e outras crenças.
Gosto muito de um texto de Eugênio Mussak, publicado há muitos anos em revista impressa da Superinteressante, onde, com base científica, ele acaba reforçando o que Francisco de Assis observava em toda a criação. Narra o texto que desde as algas microscópicas até as árvores mais exuberantes, toda vegetação realiza uma verdadeira mágica natural: reagem água e gás carbônico (CO₂), formando carboidratos e liberando oxigênio de volta à atmosfera. Esse processo é conhecido como fotossíntese (foto = luz, síntese = produzir), ou seja, produzir com a luz (principalmente a luz solar). O carboidrato, resultado dessa reação, armazena a luz do Sol em forma de energia química.
Quando nos alimentamos de vegetais (ou da carne de animais que se alimentaram deles), estamos recebendo essa energia solar transformada em vida. Em nosso corpo, fazemos o processo inverso: reagimos o carboidrato com o oxigênio que respiramos, liberando a energia armazenada e produzindo água (eliminada pelo suor e urina) e gás carbônico (expelido na respiração). Viver é gastar energia. Pensar, andar, respirar e manter nosso corpo a 36 °C, tudo isso depende da energia do Sol, capturada pela fotossíntese e liberada na respiração celular.
O referido texto ainda indica que “para algumas pessoas, é mais fácil ver Deus nessas reações da natureza do que nas grandes catedrais”, o que certamente era a visão humilde e de integração com a natureza de Francisco. Esse mesmo texto, também apresenta conclusões importantes para reverter a situação de crise ambiental em que vivemos na atualidade:
“Hoje temos o auxílio da ciência, para nos ajudar a entender melhor a natureza humana, suas ambições e suas ansiedades. Não é razoável acreditar que a simples observação do que é natural, ou normal, ao nosso redor, pode ajudar a nos compreendermos melhor? A paciência dos ciclos naturais. O tempo certo para cada reação química acontecer, para cada folha cair, para cada flor nascer, para cada broto surgir e cada árvore morrer. Como despoluiremos o rio? Parando de poluir. Como salvaremos o planeta? Parando de ameaçá-lo. No caminho, quem sabe, entenderemos de vez que não é a Terra que precisa ser salva. Somos nós”.
Voltando a Francisco de Assis, ele também é visto como padroeiro e protetor dos animais. Vez ou outra infelizmente vemos situações de maus tratos a animais, com agressões e até mutilações, fruto da completa falta de respeito com esses seres vivos, os quais nos oferecem carinho, companhia e gratidão.
Maus tratos é crime, tem repercussões graves, revelam o desvio de personalidade de pessoas que precisam de tratamento, antes que mal maior aconteça em suas vidas ou de outras pessoas. A Declaração Universal dos Direitos dos Animais, editada pela Unesco, órgão da ONU, em Bruxelas, Bélgica, em no dia 27 de janeiro de 1978, dispõe que todo animal tem direito ao respeito, à proteção do homem, e não será submetido a maus-tratos ou atos cruéis, nem ao abandono, entre outras disposições de proteção e cuidados.
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Devemos ver nos animais o carinho e gratidão que eles tem por nós. Isso leva ao crescimento emocional e espiritual. Aliás, esse carinho, gratidão e cuidado deve nos inspirar para com todos os seres vivos e todos os recursos naturais. Afinal, segundo a oração atribuída à São Francisco de Assis: “é dando que se recebe”. Nem precisaria dizer que quem planta desprezo, ódio, violência, só há de colher consequências dessa natureza. Já quem planta atitudes de carinho, de respeito à vida e ao meio ambiente, há de colher uma vida com felicidade e verdadeiro sentido.

CLAUDEMIR BATTAGLINI
Advogado, Especialista em Direito Ambiental, Professor Universitário, Promotor de Justiça (inativo), Presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB Subseção Jundiaí e Vice-presidente do COMDEMA Jundiaí 2023/2025. E-mail: battaglini.c7@gmail.com
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