No Brasil de hoje, nem o passado é certo. Quanto mais o porvir! Até o futuro é incerto. Por isso, não é de se estranhar que Sérgio Abranches tenha escrito “A Era do Imprevisto”, livro recém publicado pela Companhia das Letras. O subtítulo é “A Grande Transição do Século XXI”.
A obra aborda a maior questão destes tempos: a tutela do ambiente. Como é que os condutores da política, os detentores do poder, estão tratando desse tema de relevância extrema. Além de imbricar política e ambiente, Sérgio Abranches se propõe a investigar como é que o incremento no uso das redes sociais afeta a organização da sociedade do futuro. Qual o papel do conhecimento emergente, em termos de biotecnologia, nanotecnologia, inteligência artificial, influenciará a vida humana.
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Tudo parece estar de cabeça para baixo. A ira transborda e os “haters” – os que odeiam – se manifestam em todos os espaços e nas mais distintas ocasiões. Enquanto se ouve o ruído contínuo da quebra de paradigmas, não nascem as novas e desejadas estruturas. Por isso a sensação de caos e desalento, a preponderar sobre as potencialidades positivas.
O maior desafio da humanidade é a gravidade e a rapidez com que as mudanças climáticas estão se impondo. O capitalismo desenfreado breca as melhores intenções e tudo parece direcionar-se para a resolução do problema tópico e insignificante diante do desastre que se avizinha. Aliás, já está entre nós, sob a forma de absurdos meteorológicos, ocorrências insólitas e inesperadas e a absoluta falta de controle sobre aquilo que já foi um dia regulado, estável e com cuja periodicidade se podia contar.
A Democracia continua a ser uma utopia. A representação tem fraturas expostas que dificilmente serão sanadas com paliativos. Haverá esperança para as novas gerações?
Para Sérgio Abranches, o remédio é utilizar todas as possibilidades do ciberespaço para criar um modelo de participação política que se assemelhe à Democracia Direta. Pois a Democracia Representativa é, na verdade, uma oligarquia em que predomina a hegemonia do capital financeiro. Vamos investir numa educação verdadeiramente democrática, pois as crianças não têm culpa em relação às nossas falhas e à nossa imprevisão diante de um Planeta que deu contínuos sinais de exaustão.
JOSÉ RENATO NALINI
É secretário estadual de Educação e desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo.