Os candidatos à presidência da República elegem a Petrobrás como mote de campanha. O petróleo assume uma posição central nos debates políticos que antecedem a eleição. A população reclama do desabastecimento dos postos de gasolina e do alto preço do produto. De uma forma geral os partidos se dividem entre os que querem uma empresa estatal e os que defendem a abertura para empresas privadas, brasileiras ou não. Naturalmente os adversários buscam rótulos como “entreguistas”, “comunistas”, “fascistas” e vários outros. O fato é que parte da opinião pública não se conforma com a importação de combustíveis, e atribui aos sabotadores da pátria a não auto-suficiência no setor petrolífero. As compras internacionais drenam as reservas em dólares dos cofres nacionais, e segundo a linha mais nacionalista do movimento, eles vão para o caixa das chamadas sete irmãs do petróleo. Todos os candidatos têm propostas para alavancar o setor e tentam desconstruir a proposta do adversário e ganhar o apoio popular, ainda que boa parte do eleitorado não saiba exatamente o que isso significa.
O tema é técnico e político ao mesmo tempo. Os mais radicais lembram que a luta pelo petróleo é antiga e custou até mesmo a prisão de apoiadores identificados com o monopólio do produto. Os partidos de esquerda são favoráveis ao estatismo. Os da direita preferem a abertura para a iniciativa privada, livre concorrência de preços e oferta do produto no mercado. Já se fala em corrupção antes mesmo de se ter um projeto de uma grande empresa estatal que detenha o monopólio da prospecção e do refino do petróleo. As denúncias dão conta que já há um loteamento político dos cargos e que a construção de refinarias e portos vai cair nas mãos dos empreiteiros amigos. Mas afinal a empresa tem condições técnicas de assumir a exploração? Sim, dizem os estatistas. Não, dizem os privatistas. Isso aprofunda ainda mais o debate que transborda para as ruas, sindicatos e universidades. Há muita paixão e pouca racionalidade nos argumentos de lado a lado. Os panfletos distribuídos nas grandes cidades são ofensivos e rotulam os opositores com os piores adjetivos, e eles passam de mão em mão, especialmente nas aglomerações como uma verdadeira rede social.
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O tema está no meio da campanha presidencial. O tiroteio é imenso e as agressões e acusações partem de lado a lado. Está claro que o destino de como o petróleo estará nas mãos do próximo presidente da eleito. Nos próximos quatro anos vai ser definido o rumo da exploração e comercialização do petróleo no Brasil. O mais cotado candidato da direita à presidência é o brigadeiro Eduardo Gomes, e o da esquerda é o ex-ditador Getúlio Vargas. Sua campanha eleitoral se confunde com o movimento O Petróleo É Nosso. Os debates se aprofundam na mídia e se espalham por partidos, escolas e forças militares. O mundo vive a guerra fria. Vargas é eleito e sanciona o projeto que cria a Petrobrás. Ele é um exímio conhecedor da política nacional. A princípio agrada as esquerdas que veem na Petrobrás a reafirmação do nacionalismo e do anti-imperialismo americano. Do outro lado, a razão social dela é Petróleo Brasileiro Sociedade Anônima, ou seja parte do capital é transformado em ações e negociado em bolsa. Inclusive a de Nova Iorque!!! Então não é uma estatal, é uma companhia de capital misto. Mas o governo tem o controle da empresa… E as sete irmãs estão autorizadas a continuar vendendo gasolina que futuramente virá das refinarias da Petrobrás.(Foto: Washington Alvez/Petrobrás)
HERÓDOTO BARBEIRO
Comentarista do Jornal da Record News em multiplataforma. Palestras e midia training: www.herodoto.com.br
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