O chefe do Executivo conseguiu o que queria: um general na Petrobrás como presidente. Muitos, erroneamente, consideram a companhia uma estatal e por isso o Governo Federal tem o poder para trocar quem quiser da diretoria da empresa. A razão social é Petróleo Brasileiro S/A. Em outras palavras, quando a empresa foi criada pelo presidente Getúlio Vargas, ela tomou um caráter de uma empresa de capital misto, ou seja público e privado. Isto não perturba a imagem nacionalista de Vargas, turbinado pela campanha do ‘Petróleo É Nosso’. O nacionalismo para uns é o Estado ter o controle total de um monopólio considerado estratégico, o petróleo. Outros entendem que brasileiros podem comprar ações da empresa que são negociadas na bolsa de valores. E isto está longe de uma socialização de um setor da economia. Está mais perto de um capitalismo estatal. Direita e esquerda são defensores das empresas do Estado.
O Estado é detentor da maior parte do capital da Petrobrás. Em outras palavras, é o maior acionista. Tem, inclusive as golden share, ou seja, tem o direito de indicar não só o presidente da empresa, mas influenciar na composição de toda a administração. Há uma ala nacionalista nas forças armadas que entendem que a Petrobrás tem valor estratégico-militar e é gestora de um produto essencial se voltar a ocorrer um conflito internacional de grandes proporções como ocorreu no século 20. Assim, mesmo que as ações sejam negociadas, inclusive, na bolsa de valores de Nova York, o Estado não perde poder sobre quais os caminhos que a exploração e o refino do petróleo podem tomar. Especialmente quando as jazidas de petróleo no mar ganham espaço na prospecção e exploração graças à tecnologia de desenvolvimento acelerado. O exemplo da Noruega inspira os nacionalistas tupiniquins.
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Afinal, o general que assume a empresa tem experiência na área? Essa é uma das questões que ninguém debate publicamente com receio de ser considerado opositor do governo ou alguém que defende o interesse das “Sete Irmãs do Petróleo” , as maiores petroleiras do mundo, acusadas de serem a ponta de lança do imperialismo nas áreas petrolíferas, principalmente no Oriente Médio. Elas devem ser mantidas à distância das regiões onde se pressupõe a existência de petróleo que em terra, ion shore, ou no mar, off shore. Elas são criticadas da extrema direita à extrema esquerda. Portanto a Petrobras deve continuar sob o controle do governo uma vez que ele tem a maioria das ações. Com os militares no poder, não foi surpresa a indicação do general Ernesto Geisel para presidente da empresa. Com a imprensa sob censura e as liberdades individuais cerceadas pelo AI 5 em vigor, o máximo que se vê é uma reprodução do perfil do novo presidente, sua carreira no Exército e como chegou ao posto de general. Contudo já há quem admita que a presidência da Petrobrás pode se em um degrau para a presidência da República. Afinal o regime é militar.(Foto: Agência Brasil)
HERÓDOTO BARBEIRO
Editor chefe e âncora do Jornal da Record News em multiplataforma. Palestras e midia training: www.herodoto.com.br
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