Gestações indesejadas: FMJ apresentará estudo em Congresso Mundial

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A pandemia da Covid-19 modificou processos de trabalho no mundo todo, desviando a atenção para o enfrentamento à doença, além do uso de medidas restritivas, como o isolamento social e a quarentena. Todo este panorama provocou interrupção no serviço médico de várias especialidades nos sistemas particular, público ou universitário. Esse aspecto afetou também as adolescentes. As preocupações em relação a essa população são: o aumento expressivo de gestações indesejadas, as complicações provocadas por elas e aumento de casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Esta situação foi estudada por Leonardo Flug Ideal, aluno de graduação da Faculdade de Medicina de Jundiaí(FMJ). Ele foi orientado pela professora Rose Luce Gomes do Amaral. O artigo com resultado da pesquisa foi aceito para publicação no International Journal of Gynecology & Obstetrics (IJGO), juntamente à apresentação no 23º FIGO World Congress of Gynaecology and Obstetrics, entre hoje(21) até o próximo dia 28.

Para alcançar esta população, optou-se pelo uso da Telecontracepção, um novo meio de interlocução de assistência médica especializada através da Telemedicina. Através do contato telefônico feito no Ambulatório de Ginecologia Adolescentes do Hospital da Mulher da Universidade de Campinas(Unicamp), 28 adolescentes entre 16 e 21 anos foram analisadas por um período de seis semanas. Toda semana foi feita consulta com duração de cinco minutos que tratavam da saúde individual e orientação sobre saúde reprodutiva e proteção contra as DST(Doenças Sexualmente Transmissíveis). Ao final deste período foi aplicado questionário que avaliou o desfecho gestacional e infeccioso das adolescentes.

O perfil das participantes é de mulheres com idade média de 18 anos, residentes de Campinas. A maioria não tem o Ensino Básico concluído, mas que estavam matriculadas na escola. A população estudada é considerada vulnerável apresentando um elevado índice gestação indesejada. No âmbito ginecológico foi frequente o número de participantes que estão tendo relação sexual durante o período de pandemia. Deste universo, apenas seis mulheres utilizavam preservativo em todas as relações sexuais e nove nunca usavam.

A conclusão da pesquisa é de que a pandemia não impactou no número de gestações indesejadas entre as participantes. Por outro lado, criou-se uma estrutura de telecontracepção que auxiliou as adolescentes durante a pandemia. Não foi identificada a ocorrência conjunta de sintomas clássicos de contágio por coronavírus. Houve relatos de sintomas relacionados à Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Observado que as adolescentes sentem-se, após o primeiro contato mais reservado, confiantes em perguntar sobre dúvidas de doenças sexualmente transmissíveis e planejamento familiar que não teriam caso fosse uma consulta usual.

Concluiu-se que a telecontracepção apresenta um formato acessível, prático e de fácil entendimento, sem os demais entraves de consultas médicas presenciais que o perfil populacional do estudo costuma apresentar, como taxa de deslocamento até o ambulatório ou tempo de serviço perdido devido ao horário comercial de atendimento. A Telemedicina pode contribuir para atendimento de adolescentes e todos os desdobramentos sociais e psicológicos associados às gestações indesejadas.

Prêmio – A pesquisa “Avaliação do Literacia em Saúde e associação com práticas para prevenção da Covid-19 em adultos testados no município de Jundiaí” beneficiada com bolsa do PIBIC 2020-2021 foi premiada com o primeiro lugar na categoria de Saúde Coletiva do 30° Congresso Médico Acadêmico da Unicamp.

A literacia em saúde é o conjunto de conhecimentos, capacidade de procurar, compreender e usar informações de forma que mantenham uma boa saúde, ela é fundamental no empoderamento da população, pois confere às pessoas autonomia e capacidade de usar as informações de saúde de maneira efetiva.

O projeto teve como autoras as discentes: Bianca Poggianella Fêde e Letícia Rufino Artuso(foto ao lado), sob coordenação e orientação da professora Marília Jesus Batista de Brito Mota, do departamento de Saúde Coletiva da FMJ. Também participaram do estudo como co-orientadoras: Carla Fabiana Tenani e Carolina Matteussi Lino.

O estudo utilizou dados obtidos a partir do Inquérito Epidemiológico de Prevalência da Covid em Jundiaí, realizado entre Maio e Julho de 2020, que foi organizado pela Faculdade de Medicina de Jundiaí e pela Prefeitura do Município de Jundiaí. Foram 290 entrevistados por meio de ligações telefônicas, onde foi aplicado o questionário para avaliar o conhecimento em saúde da população do município de Jundiaí em relação à adoção de medidas práticas de prevenção da doença.

Considerando a pandemia, o estudo ganha importância para a aplicação de medidas de prevenção, controle da transmissão do vírus e consequentemente reduz o impacto da pandemia nos serviços de saúde e mortalidade geral.

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