GESTOS HABITUAIS

gestos

Há gestos que fazemos, vemos e entendemos porque não precisamos do som da fala para nos comunicarmos; de alguns, no entanto, não conhecemos as origens. Vou escrever sobre os mais usados, dos quais, talvez, já tenham conhecimento. Há cerca de 15 gestos que fazemos com os dedos. Vamos começar com este:

Unindo-se o polegar com o indicador, estamos informando que está tudo bem, tudo “ok”.

Esse gesto positivo remonta à época da Guerra da Secessão, ocorrida nos Estados Unidos, entre 1861 e 1865, quando houve a guerra civil entre os estados do Norte, que já estavam industrializados, contra os estados do Sul, ainda escravocratas e latifundiários. Nessa guerra houve a morte de 620 mil soldados, número considerável para a época.

Conta-se que os soldados, ao retornarem das batalhas, informavam quantos colegas tinham sido mortos. Notificavam: 120 Killed (120 mortos); 135 Killed (135 mortos) e assim por diante. Quando não havia perdas humanas, escreviam 0K (zero killed) e, com alegria, mostravam o zero, unindo os dois dedos. Daí o significado do OK e do gesto. Há outras versões, mas esta é a mais difundida.

Esse gesto também é usado na meditação, quando se une só a ponta do indicador com a ponta do polegar, sem levantar os demais. É usado nas práticas para controle da mente, da atenção e da ansiedade. Dizem os entendidos que ele nos conecta ao Universo.

A união das pontas do dedo indicador e do polegar é usado, também, como um gesto obsceno. Não sei onde teve início esse uso.

Outro gesto, muito conhecido, usado atualmente como provocação, é erguer o dedo médio da mão. Poucos têm conhecimento que é oriundo do primeiro confronto da Guerra dos Cem Anos, que durou 116 anos, entre a França e a Inglaterra. Chamou-se batalha de Crécy, local ao norte da França. Felipe VI ordenou aos seus soldados que cortassem o dedo médio da mão de todos os ingleses capturados. O objetivo era amputá-los para que não pudessem usar o Arco (arma da época) e disparar flechas ou empunhar com segurança uma espada. Após a vitória, como provocação, os ingleses mostravam aos franceses o dedo médio erguido, mostrando que estavam intactos.

Mesmo depois da batalha,os ingleses continuaram a mostrar o dedo médio como símbolo da vitória; o gesto espalhou-se pelo mundo como uma provocação.

Continuando com o assunto dedos, já escrevi no Jundiaí Agora sobre o Papa Sisto VI, que tinha seis dedos na mão direita e foi considerado um papa excepcional.  Em seu papado, investiu na modernização e ampliou a Biblioteca de Roma , construiu vários aquedutos e outros benefícios. Mandou construir e decorar a Capela Sistina, que tem esse nome em sua homenagem. Até seu inimigo figadal, o jornalista antipapal Stefano Infessura, curvou-se ao seu valor. Dizem que a polidatilia é própria de quem tem dons excepcionais!

Quantas vezes usamos o gesto que chamamos de “figa” sem nenhum constrangimento, apenas como brincadeira!  Ele é feito com a mão fechada e a falange do dedo polegar introduzida entre o indicador e o médio. É um amuleto de origem italiana que se chama Mano Fico. Mano significa mão e Fico, vagina ou clitóris.  É associado ao erotismo. Quem diria que esse gesto tem conotação erótica…

No entanto, a “figa” pode ser usada, também, como amuleto para afastar o mau-olhado e o azar, sendo apenas crença popular, penso que é com essa intenção que a usamos.

No Império Romano, dedo polegar tinha importância vital. Hoje, virado para cima significa “joia”, no sentido de tudo bem e, para baixo, que as coisas estão difíceis. Na época dos imperadores romanos decidia sobre o destino dos condenados e gladiadores postos nas arenas. Se o imperador levantasse o indicador, tudo bem, o prisioneiro continuava com vida; se, ao contrário, virasse o polegar para baixo, era sinal de morte. Estava no seu gesto a vida das pessoas.

CLIQUE AQUI E LEIA OUTROS ARTIGOS DE JULIA HEIMANN

A língua brasileira de sinais, LIBRAS, é usada na comunicação com deficientes auditivos. Consiste no uso dos dedos das mãos para a soletração das palavras. Embora antiga, atualmente está sendo bem difundida, permitindo aos portadores de deficiência auditiva, através de gestos, o entendimento do diálogo e demais comunicações.

Ainda há outros gestos significativos, quando não precisamos do som da fala para nos comunicarmos, mas quis apenas registrar a importância de alguns e suas origens.(Foto: cena do filme ‘Gladiador’, 2000/Divulgação)

JÚLIA FERNANDES HEIMANN

É escritora e poetisa. Tem 10 livros publicados. Pertence á Academia Jundiaiense de Letras, á Academia Feminina de Letras e Artes, ao Grêmio Cultural Prof. Pedro Fávaro e á Academia Louveirense de Letras. Professora de Literatura no CRIJU.

VEJA TAMBÉM

PUBLICIDADE LEGAL É NO JUNDIAÍ AGORA

ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES