A pedagoga jundiaiense Gisele Silva Estevam Annetta, de 54 anos, conheceu o marido Leugim Miguel, que é de Santos. Ela decidiu se mudar para o litoral e confessa que estranhou muito a nova vida. Mas já se passaram 24 anos. Agora, acostumada, ela fala das delícias de delícias de ter o mar por perto.
Por que decidiu ir para o litoral?
Conheci meu marido no ano de 1989 num clube chamado Caiçara, que hoje não existe mais, durante no carnaval. Namoramos e com um ano de namoro, noivamos. Casamos com cinco anos de relacionamento entre namoro e noivado, após meu marido se formar em Direito. Resolvemos que residiríamos em Santos, devido a profissão dele, pois estava iniciando a carreira e montando escritório com amigos. Como eu trabalhava na Telesp e era uma empresa que atuava no Estado todo, achamos por bem eu pedir transferência de cidade já que eu estava estabilizada no meu emprego.
A senhora deixou Jundiaí e foi para diretamente para Santos?
Sim. Vim direto para Santos, e fiquei por quase cinco anos. Depois fui para a Praia Grande e fiquei lá por sete anos, retornando novamente para Santos. Pagávamos aluguel em Santos e meu sogro tinha uma casa vazia em Praia Grande. Então resolvemos nos mudar e pedi transferência do meu trabalho. Mas, não nos acostumamos morar lá e depois de sete anos resolvemos voltar.
O que mais estranhou?
Estranhei quase tudo… mudar de uma cidade para outra, na minha opinião não é tão fácil assim!! Parece mais não é!! Os costumes são diferentes, o clima, as pessoas, tudo!! Mas, o que mais estranhei foi ficar longe de minha família, amigos e o ambiente de trabalho. Embora tenha permanecido na mesma empresa, mudando somente de cidade, era muito diferente o ambiente, costumes, cultura que estava acostumada. Achei as pessoas daqui mais distantes, menos receptivas e calorosas. Encontrei certa dificuldade em fazer amizades, talvez tenha sido recebida com reservas por vir de outra cidade, com algum preconceito, pois a região que fazia parte (região de Campinas) é considerada uma das melhores em termos de cidade e também dentro da empresa que trabalhava. O clima também pesou bastante… a região aqui é muito úmida e faz muito calor!!
E o que mais gostou do novo endereço?
Da liberdade de ir à praia, fazer exercícios ao ar livre, e a vida noturna que é mais agitada que em Jundiaí e o fato da cidade ser plana, o que facilita a locomoção de um local para outro.
O que as pessoas das cidades onde moram falam quando você diz que é de Jundiaí?
Elogiam muito o fato de eu ser do interior, independente de ser especificamente Jundiaí. Dizem que pessoas do interior são mais afáveis, calorosas, brincam com o sotaque, já que “puxo” bastante o “r” e acham que eu sou de Curitiba. Várias pessoas já me disseram que meu sotaque é igual ao dos curitibanos.
Jundiaí é bem conhecida na região, porque em se tratando de Santos ser uma cidade turística, de praia, muitos jundiaienses têm imóveis de veraneio aqui, principalmente em Praia Grande, onde na época de temporada, observando-se os veículos, grande parte possuem placas de Jundiaí, e há também bastante pessoas que se mudaram para cá depois da aposentadoria, e a proximidade física das cidades, bem como, o acesso também facilita.
Jundiaí também chama a atenção em relação a sua facilidade de emprego e sua grande quantidade de indústrias e empresas que fixam suas sedes lá e na região metropolitana.
Outro ponto que faz Jundiaí ser conhecida, é por ser a terra da uva. Sempre elogiam as festas da uva, perguntam datas que elas geralmente acontecem e a famosa e extinta linha férrea que ligava Santos-Jundiaí. Exaltam o fato de ser uma cidade grande, bonita, mas do interior e ser mais aprazível de morar do que em Campinas ou São Paulo, já que conserva mais o clima interiorano que Campinas e está entre as duas de forma próxima facilitando o deslocamento para quaisquer necessidades, seja de emprego ou compras. Elogiam muito o clima, por ser agradável, estar próximo à Serra do Japi, deixando-a mais fresquinha à noite para dormir, embora de dia faça calor no verão, há sempre uma aragem. A colonização italiana também é fator relevante!! É sempre lembrada e elogiada, já que os italianos são alegres e divertidos.
O que Santos tem que Jundiaí não tem?
Talvez o mais relevante seja a praia mesmo, com um jardim enorme e muito bem cuidado, proporcionando a interatividade entre as pessoas de todas idades, com bancos localizados tanto perto da praia, quanto mais próximo à avenida. A vida noturna também é mais agitada, qualquer hora têm pessoas na rua, principalmente onde se concentra mais os bares, restaurantes, áreas de lazer, etc., geralmente na orla da praia. Outra coisa muito legal, é que a cidade é plana e fica muito fácil se deslocar à pé e de bicicleta, já que possui uma grande malha de ciclovia e um serviço da prefeitura em convênio com uma empresa particular, onde se alugam as bikes para aquelas pessoas que não tem. Na época da temporada, a prefeitura promove muitos eventos culturais que vai desde shows na praia, dança, arte, peças de teatro, etc., que quando não são gratuitos, têm preços bem acessíveis.
Outra coisa que chama a atenção nessa região, é a quantidade de pessoas que possuem pets. É difícil encontrar uma casa ou um apartamento, onde não haja um cão ou gato!! Ao andar no jardim da praia (que é o maior do mundo, está no livro dos recordes), encontramos dezenas deles em qualquer hora do dia passeando.
O que eu acho bem interessante também, que Santos mantém um convênio de assistência judiciária entre a OAB e a prefeitura, que atendem pessoas de renda mais baixa, facilitando resolver problemas judiciais.
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São coisas, na sua opinião, possíveis de serem implementadas aqui?
Algumas sim. As ciclovias interligando os bairros, por exemplo, poderia ser implantada em Jundiaí, embora deva ser adaptada, já que a cidade não é plana e o aluguel das bikes a preços bem acessíveis, por exemplo.
E vice-versa?
O que falta muito em Santos e região, é uma política de atrair para cá empresas e indústrias para geração de empregos, como acontece em Jundiaí. Embora o espaço físico aqui seja mais reduzido, se houvesse um estudo apurado sobre o assunto com vontade política, acredito que poderia ser melhorado bastante esse aspecto, trazendo mais desenvolvimento para a região.
Fora as eleições (se não transferiu o título), o que faz você arrumar a mala e vir correndo para Jundiaí??
Problemas com minha família…
Aqui se diz que Jundiaí é uma cidade grande, porém, ainda com mentalidade de cidade pequena. Concorda?
Sim. Mas, não no sentido pejorativo. Acho que ela oferece tudo que um cidadão precisa, modernidade, desenvolvimento, mas ainda tem aquele charme de cidade do interior, tanto pelas pessoas, quanto pelos costumes e também pela paisagem.
Jundiaí, na sua opinião, pode melhorar ou se isto ocorrer, “estraga”?
Sempre deve melhorar, né?? Se desenvolver cada vez mais. Acredito que poderia melhorar na parte de lazer para a família. Mais parques com locais com ciclovias, por exemplo. Na área da saúde pública também piorou muito nos últimos anos, mas isso é reflexo da situação econômica/política atual do país. Falta muitos investimentos nessa área. Outra coisa que poderia ter investimento e traria muito lucro, desenvolvimento, turismo para a região seria a reativação da linha férrea entre Santos-Jundiaí com trens modernos, rápidos, bonitos e seguros.
A senhora tem uma vontade irresistível de saber o que está ocorrendo aqui? Ou isto só ocorria no começo?
Sim. Quero sempre saber!! Pergunto muito para todos sobre tudo. Quero saber se alguém nasceu, morreu, casou, teve filhos, como se chamam, se a vizinhança de minha família continua igual. Como está a administração da prefeitura, das benfeitorias, de quem foi eleito, etc. E como minha família e amigos estão em Jundiaí, fico sabendo de bastante coisas. Presto muita atenção quando na tevê passa alguma reportagem, mesmo que seja de violência. Mas, normalmente meu coração sempre bate mais forte, de orgulho, porque normalmente vejo coisas boas sendo noticiadas, as modernidades que estão sendo feitas, as festas da uva que ocorrem, bem como, as festas italianas, etc. As redes sociais ajudam muito nesse caso.
Pretendem voltar um dia para ficar?
R. Sempre a gente tem vontade de voltar!! Quem sabe um dia, quando me aposentar… mas, dependo também de meu marido, da profissão dele, etc. Voltaria porque minhas raízes estão em Jundiaí. Meus amigos, minha família e parte de minha história foi e está escrita na minha cidade natal. Amo demais a cidade e sinto muito orgulho de ser filha dela, e por mais que conheça outros lugares, sempre acho que ela é melhor em tudo, ainda que não seja tanto assim. Acho os cidadãos muito inteligentes, capacitados e esforçados. Tenho um carinho especial pela colonização italiana, povo que tanto amo e trago comigo uma fatia deles, já que uma parte do meu DNA vem deles.