GOVERNADOR DANÇOU

governador

O governador bate de frente com o presidente da República. A aliança entre os dois desmorona na medida que cada um tem um caminho diferente para se manter o poder. O governador de São Paulo tem uma poderosa força política e econômica para se contrapor ao governo federal. É o estado mais populoso do Brasil, com o maior número de eleitores, e um desenvolvimento econômico apoiado na agricultura e na indústria. Os bairristas dizem que São Paulo é a locomotiva do Brasil. É responsável pela maior parte do PIB nacional. Uma boa parte dos impostos federais são provenientes de São Paulo. Com todo esse portfólio o governador se julga em condições de enfrentar o presidente da República, tenha ele ou não o apoio  das forças armadas. Ainda assim vez por outra lembra do apoio que tem da polícia estadual.

O presidente, de origem militar, tem apoio de outros estados brasileiros, principalmente Minas Gerais. Diz que sua missão é varrer a corrupção impregnada nas máquinas públicas federal, municipais e estaduais. Aí a polêmica aumenta. O governador esquece a antiga aliança com o presidente e o período que não só apoiou sua ascensão ao poder mas se colocava como um verdadeiro aliado. Chegou até a organizar uma passeata a favor de um novo governo. Mudar de posição repentinamente, sob qualquer pretexto, dá ao governador, no mínimo, a pecha de traidor. E traição é uma acusação muito grave no ethos do brasileiro, desde a época de Tiradentes e a traição de José Silvério dos Reis, responsável pelo fracasso da Inconfidência Mineira, mas também da condenação à morte de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Traição, apesar de ter se tornado uma ferramenta muito utilizada na política nacional, é um estigma que ninguém quer carregar. Nem o governador, que nega insistentemente ter abandonado o presidente militar ainda no começo do seu mandato conferido pelo Congresso Nacional. O tal plano de moralização do Brasil ameaça ir por água abaixo bem antes de se consolidar no governo. Não há espaço para os dois no ambiente político.

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O confronto chega ao auge com o advento da eleição para a presidência da república. O presidente anuncia que a partir de agora os postos dos executivos federal e estaduais serão escolhidos através de eleição indireta. Isto o governador de São Paulo não pode aceitar. Ele se prepara para a campanha, junta aliados, percorre o Brasil de avião, investe uma larga soma de dinheiro seu e de seus financiadores  e por isso não pode aceitar. Adhemar de Barros, apoiador da ascensão  de Castelo Branco ao poder, não  está mais ao lado do governo federal. O presidente afronta pessoalmente o governador e tem o mandato cassado acusado de conspirar contra o governo, em 1966. É o seu terceiro mandato cassado. Nos jornais é acusado constantemente de corrupção, chega a ser condenado, foge para a Bolívia. Consegue um habeas corpus no Supremo  Tribunal Federal e volta à política. Ganha o título de o verdadeiro “rouba, mas faz” título a ser disputado posteriormente por outro governador paulista. O governador dançou. Bem de vida, parte espontaneamente para uma viagem para cuidar da saúde nos Estados Unidos, que ele chama de exílio. Morre na França vítima de um infarto.

HERÓDOTO BARBEIRO

Comentarista da Record News, Portal R7 e Nova Brasil FM. Palestras e midia trainingwww.herodoto.com.br

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