EPISÓDIO DA GRAÇA

GRAÇA

Comentei, em outra oportunidade, sobre um fato que me tocou demais o coração e o carrego comigo como relíquia do Céu. Na Missa em Ação de Graças dos 25 anos de Episcopado de Dom Gil Antonio Moreira, nosso querido quarto Bispo Diocesano, houve um feito que chamou a atenção de muitos e, segundo Dom Gil, tudo expressando o amor de Deus. O episódio da Graça.

Graça é uma mendiga que perambula pelas ruas de Juiz de Fora e comentam que possui propriedades. Plena de bênçãos e carismática, como afirma uma de suas antigas amigas, fez parte da fundação da “Obra dos Pequeninos de Jesus”, criada em 1983, em Juiz de Fora por um grupo de pessoas lideradas pela Irmã Mônica Monceau, com o objetivo de ser um ponto de apoio e promoção humana para pessoas em situação de rua. Desequilibrou-se a partir da morte da mãe. Entra na Catedral com o cachorro e um carrinho de bebê cheio de coisas. Vai à Missa todos os domingos.

Naquele dia, chegou nervosa, porque o segurança de um estacionamento ao lado não queria permitir que adentrasse ao espaço, já que era um dia festivo, com muita gente e autoridades, como o Cardeal Arcebispo Metropolitano de São Paulo, Dom Odilo Scherer. Desconhecia ele que era amiga de Dom Gil. Resolvido o impasse, com o abraço de Dom Gil se acalmou e foi Dom Arnaldo Carvalheiro Neto, de olhar pleno de humanidade, que a levou para um lugar adequado. Dom Gil comentou comigo que até Dom Arnaldo a conduzir foi um sinal do Alto, por ser ele atual Bispo Diocesano de Jundiaí e terem o coração em sintonia.

Na hora da Comunhão, a Graça ainda guardava resquícios de sua irritação inicial. Dom Gil foi até ela, chamou-a no degrau, perguntou se desejava comungar. Ela se ajoelhou e respondeu afirmativamente. Abraçou-a. A partir daquele momento de carinho e reconhecimento de sua dignidade de filha de Deus, se deixou invadir pela paz e permaneceu em oração. Muitos viram que a Graça, naquele momento, era graça de Deus, sinal do amor do Senhor pelos excluídos.

Ao saber do acontecimento, através do Padre Márcio Felipe de Souza Alves, me veio a hemorroíssa, que tocou no manto de Jesus e foi curada dos inúmeros anos de hemorragia. Imaginei o quanto os encontros da Graça com Dom Gil assopram as feridas que deve carregar por dentro.

Acrescentou, Dom Gil, que a Pastoral da Mulher/Magdala, da qual ele foi presença constante em seu tempo de pastoreio em Jundiaí é espaço para os carinhos de Jesus.

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Contou-me o sucedido e me enviou a foto no domingo passado, cujo Evangelho era o do cego Bartimeu. Considerou-a um Bartimeu. Na mesma data, em sua homilia, o Padre Márcio Felipe falara que nossa missão como cristãos é olhar o outro com compaixão para lhe dar felicidade e mostrar as belezas da Eternidade.

Foi exatamente isso que Dom Gil fez no dia em que celebrava suas Bodas de Prata de Ordenação Episcopal.  Acontecimento que se fez relíquia do Céu para os que estiveram e se faz para todos que souberem. Bendito seja Deus pela vida de Dom Gil que nos leva à Jerusalém da Cruz e da Ressurreição.

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE

É professora e cronista

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