E o suspense continua. Não bastaram o abaixo-assinado com 40 mil assinaturas; os protestos indignados de toda região; a interferência do deputado federal Miguel Haddad e do prefeito Luiz Fernando Machado. Nem mesmo as reuniões com o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy e a promessa de resolver a questão do credenciamento da UTI do Hospital do Grendacc, feita pelo próprio presidente da República, foram suficientes. Depois de chegar atrasado para mais uma reunião com Miguel Haddad, o ministro da Saúde, Ricardo Barros e sua equipe, decidiram que até o final da próxima semana é que a solução chegará enfim.
Mais uma vez a burocracia, a ‘burrocracia’, emperra algo que foi criado para o bem. E não se trata de uma coisa que pode ser postergada, como recursos para um parque, por exemplo. Lazer é bom e importante. Mas pode esperar. Um hospital que cuida de crianças com câncer não tem tempo de sobra. Não pode se dar ao luxo de esperar. São crianças que estão precisando dos recursos do Estado para continuarem o tratamento. São crianças que podem morrer enquanto se procura uma forma de contornar o ‘enorme’ empecilho criado pelo número de leitos, uma determinação que veio depois que o hospital já estava pronto.
É estranho ver tamanha preocupação com a lei num país em que a maioria dos políticos a utilizam como papel higiênico. Para acordos, acertos, pactos que envolvem bilhões desviados dos cofres públicos, a lei não existe. Para a UTI do Grendacc são necessárias reuniões e mais reuniões e nem a palavra do próprio presidente é o suficiente para colocar um fim neste drama enfrentado pelo hospital recém-inaugurado e que pode fechar as portas caso a União continue se passando por moça difícil, coisa que nunca foi e, pelo visto, nunca será.
Inevitável perguntar: como se consegue roubar tanto de nós, contribuintes, e para liberar verbas para um hospital impõem-se tantas dificuldades? E quantos hospitais estão na mesma situação? Quantas escolas? Quantos asilos? Quantas creches?
Uma região com 1 milhão de habitantes aguardará ansiosa mais uma semana para saber o que o Ministério da Saúde decidirá. Teremos mais sete dias pela frente imaginando qual será o futuro que os homens engravatados de Brasília darão para meninos e meninas que sofrem as dores de uma doença terrível. Virão horas e mais horas de discursos inflamados e posts indignados. Enquanto isto, os dutos de dinheiro público continuarão jorrando para a casta de ladrões. Para as crianças do Grendacc de Jundiaí, a frase de Justo Veríssimo, personagem de Chico Anysio, é atualíssima. “As crianças, assim como o povo, que se explodam”. (Marco Antônio Sapia)
ENTENDA O CASO:
PRESIDENTE TEMER PROMETE CREDENCIAR A UTI DO GRENDACC
VÍDEO: MIGUEL ANUNCIA QUE TERÁ REUNIÃO COM MICHEL TEMER
REGIÃO NA ACEITA FECHAMENTO DA UTI DO GRENDACC
SEM SABER O QUE MINISTÉRIO DA SAÚDE DECIDIRÁ, GRENDACC PEDE DOAÇÕES
O GRENDACC, AS PREFEITURAS E A FORÇA DO AGLOMERADO URBANO DE JUNDIAÍ
MEU COMEÇO, O GRENDACC E A PEDRA NO CAMINHO