Os organizadores da greve geral em Jundiaí acordaram cedo. Os manifestantes foram para as ruas, tomaram a via Anhanguera, impediram o tráfego nas duas pistas com pneus queimados(foto acima); deixaram a população sem transporte coletivo; fizeram passeata; se concentraram na praça da Catedral para ler um manifesto contra as reformas pretendidas pelo governo Temer. E, no final das contas, todas estas ações foram dominadas pelas dúvidas. Tanto do lado dos próprios grevistas como de quem, de uma forma ou de outra, foi prejudicado pelo ato. A pergunta que se ouvia era: “o que isto tudo vai resolver?”
Um grupo de trabalhadoras, sentadas sob a marquise de uma loja da rua Torres Neves, aguardava o ônibus para ir ao trabalho. Elas são de cidades da região. Chegaram com os coletivos da Rápido Luxo Campinas, cujos funcionários não aderiram à paralisação. Só que não tinham como ir para o trabalho. Os ônibus das empresas municipais não estavam nas ruas. Uma falava com a outra sobre o que iriam falar aos patrões. E questionavam se a Greve Geral daria algum resultado. “Isto não vai resolver é nada”, disse uma. E a outra respondeu: “nada muda este país”.
No Terminal Central, portões fechados e vigilância da Guarda Municipal. E foi assim em todos os terminais da cidade que viraram um deserto. Bem antes, sindicalistas foram para as garagens das empresas locais e fizeram piquetes. Impediram a saída dos motoristas que queriam trabalhar. Resultado: nenhum ônibus amarelo foi visto circulando pelas ruas da cidade nesta manhã. Em compensação, nunca se viu tamanha aglomeração de táxis no entorno do terminal. Os taxistas estavam de olho em quem não queria perder o dia de serviço de jeito nenhum e até pagaria a mais para chegar ao trabalho no horário.
Professores da rede municipal também reclamaram da ação ostensiva dos integrantes do movimento pela paralisação. Os da Emeb da vila Alvorada, por exemplo, foram obrigados a aderir à greve mesmo contra à vontade. A ala pró-paralisação passou correntes e cadeados nos portões da unidade de ensino e deixou todo mundo para fora.
No início da manhã, servidores públicos começaram a se reunir em frente à Câmara Municipal de Jundiaí. Eles demonstravam bom humor apesar do frio intenso. Guardas municipais protegiam a sede do Legislativo desde às 3 horas. Um dos integrantes do movimento – participante de muitas e muitas greves realizadas em Jundiaí – circulava entre as várias rodas de funcionários públicos até que baixinho confidenciou. “O pior é que isto tudo não vai adiantar nada. O Governo vai conseguir aprovar tudo”, afirmou desanimado. Também desconfiados da mobilização organizada por sindicatos, que na maioria são ligados ao PT, comerciantes avisaram através das redes sociais, que iriam abrir seus estabelecimentos com ou sem greve geral.
População e manifestantes seguiram seus caminhos. Os trabalhadores, a pé. Os grevistas também. Os primeiros, mesmo com o frio, suaram para voltar para casa ou chegar ao trabalho. Os outros, subiram a rua Barão de Jundiaí, fizeram uma manifestação em frente ao INSS e depois se concentraram na praça da Catedral Nossa Senhora do Desterro, onde disseram não aos projetos do presidente da República.
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