Em uma sociedade como a nossa e nos tempos atuais, no qual o sistema de saúde é completamente precário e acaba tornando o acesso de medicamento muito facilitado e mais a força da cultura popular, é comum ver-se a automedicação e a orientação caseira nos diagnósticos médicos. Hoje vamos falar sobre a Hipocondria.
Com o universo de informações que temos, “Google nosso de cada dia”, as pessoas aprendem a identificar com alguns tipos de sinais e sintomas vários diagnósticos e com isto se autodiagnosticam e consequentemente se automedicam.
Paralelamente ao descrito acima, existem pessoas que se preocupam demasiadamente, e muitas vezes erradamente com os sintomas de eventuais doenças, e chegam a acreditar que elas mesmas possam estar “sofrendo” desta ou daquela enfermidade.
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A Hipocondria pertence ao quadro de Transtornos Somatoformes, responsável pela presença de sintomas físicos que não são completamente explicados por uma condição médica geral e real.
Os sintomas da Hipocondria estão relacionados à existência de uma preocupação excessiva com o medo ou a possibilidade de se estar doente (ou mesmo gravemente doente). Geralmente, a conclusão de que está doente, ou mesmo só a possibilidade de se estar doente, está baseada em interpretações incorretas de sintomas físicos sentido pelo indivíduo. Algumas vezes os sintomas estão relacionados ao funcionamento de algum órgão ou mesmo do corpo como um todo.
Na Hipocondria, o paciente acredita estar realmente enfermo, e as sua preocupação com a doença persiste, mesmo após a avaliação médica concluir que o paciente não apresenta doença alguma, em muitos casos, o paciente, por causa de sua preocupação persistente, e descrença na falta do diagnóstico, se submete a diversos tiposde exames clínicos, para constatar algo que leu em sua busca.
Diversos pacientes com Hipocondria, por não acreditarem no resultado negativo de sua doença, trocam de médico (achando que este não o levou a sério, ou mesmo era incompetente e irresponsável). Outros repetem os exames em outras clínicas e laboratórios, e acabam desconfiando sempre do fato de não terem um diagnóstico que justifique o que eles acreditam sentir e ter.
Muitas vezes os sintomas são interpretados erroneamente, exagerados, ou mesmo distorcidos. A crença de que se está doente, ou que se vai ficar doente, assola a mente da pessoa, que com medo da doença ou mesmo de ficar doente, acaba emergindo no transtorno de Hipocondria. Geralmente ele acaba tendo um comprometimento no seu funcionamento adaptativo, e começa uma busca incessante por uma doença imaginária.
Em alguns casos, quando recebe um “não” definitivo para a sua possível doença, acaba por acreditar que o que ele tem, nem os médicos e nem mesmo a ciência podem descobrir.
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Estes sintomas que o hipocondríaco sente podem variar de uma dor de cabeça até um câncer terminal, como exemplos, e a intensidade também varia.
Algumas causas atribuídas podem ser relacionadas a casos de doenças graves na infância, no próprio indivíduo ou mesmo em parentes ou conhecidos. Também existe a relação com estressores psicossociais como casamento, separação conjugal, morte de um ente querido, a crença de que esta envelhecendo muito rápido e o nascimento de um filho.
Por fim esta busca por um diagnóstico faz com que o paciente se automedique de forma irresponsável causando sérios problemas para o seu bem estar. (foto acima: www.oswaldocruz.com)
DANIELA MENICALLI
Psicóloga clínica, mestre em Distúrbios do Desenvolvimento, com formação há 18 anos. Atualmente responsável pelo Instituto Daniela Menicalli de Psicologia e professora coordenadora na Faculdade Fia – USP.