Tenho prazer em conversar com idosos. Alguns me chamam de velho por eu ter hábitos de velho também. Mas explicarei o porquê… Um dia destes, fomos convidados para passar o dia na casa de nossos amigos, uma família muito querida para nós. Dia ensolarado, petiscos e bebidas, espreguiçadeira, um jardim maravilhoso e piscina. A piscina brilhava, refletindo o céu limpo e azul, também porque estava muito bem cuidada. Essa família, além de querida, é muito caprichosa. E nesse dia, entre uma conversa e outra com os que ali participavam, conheci a vovó de todos. Uma senhora centenária, linda, apaixonante, dos cabelos de algodão. Tipo a vovó da propaganda da Sensodine, cheia de vida com seu sorriso branco. Assim era a vovó, a senhora Maria.
Investindo tempo com ela, um pouco distante do povo, numa conversa a sós, esbarramos no assunto de quilate maior: como era na época dela, dos 20 para os 30 anos. Ela me disse que quase não fazia muito tempo e que já foi tímida. Explicou, metodologicamente, como fazia, ela, suas irmãs e primas, para amassar uva com os pés e produzir o vinho da família. Explicou tão bem, que me levou à situação. Vivi detalhes, imaginando as meninas subirem suas saias aos joelhos e segurá-las para não sujarem tanto, e assim pisarem nas uvas. Explicou o processo do vinho. Aquilo foi legítimo, de 80 anos atrás, vivido e compartilhado. Nós rimos juntos e aprendi muito. A senhora, italiana, ao final da conversa, me disse: “filho, obrigado por sua atenção… obrigado por conversar comigo”. Depois, a nossa amiga e dona da casa, me dizia que o tempo todo que a senhora Maria falava de me adotar e queria saber o que achava disso. Seguramente, foi pelo simples motivo de eu ter conversado com ela.
E nessa legitimidade de história, leveza e tradição, fiquei maravilhado. Maravilhado porque sou jundiaiense (na verdade paulistano, mas vim para cá com seis anos de idade e tive “any” oportunidades de mudar… mas não o fiz porque amo nossa cidade). Jundiaí 2° colocada consecutiva em ranking nacional, de melhores cidades para viver. Jundiaí terra da Uva! Os carcamanos marcaram nossa cultura. Minha família também italiana, meu querido avô falecido, Armando Rizzi, italiano. Rizzi sobrenome de Don Corleone… de forma indissociável, muito provavelmente, minha família era de mafiosos na Itália do século XVIII. E o motivo principal de eu gostar tanto, foram os aprendizados com a senhora Maria e outros idosos.
E onde está senhora Maria Guimarães hoje, semanas depois do evento? Ela se foi. Descansa em paz ao lado de Deus. E eu feliz, feliz porque a conheci.
Ao contrário dos idosos, o jovem 2022, dos 20 para 30 anos, na maioria, sabe de tudo. Nasceu sabendo. Não duvida de nada. É “coach”, guru de tudo na vida. Nunca quebrou uma empresa, mas sabe exatamente como faz para ser milionário. Nunca foi casado, tendo ‘DRs’ de dia, e de noite se empenhar usando todas suas habilidades românticas para converter a situação e transar. Nunca o fez, mas tem a fórmula do sucesso para relacionamento. Ele sabe que só irá se casar aos 37, e deverá ter R$ 120 mil mensais de renda, porque esse é o único jeito de dar certo. Vê vídeo no Youtube, decora conteúdo… monta a verdade pueril da vida. Mas não a legítima… como a fidedigna da senhora Guimarães.
Por conta de minha profissão principalmente, é que pude fazer amigos e colegas ao redor do mundo. Pretos e brancos, gays e héteros, latinos e asiáticos, céticos e cristãos, esquerdistas e os de direita…Novos e idosos! Gosto de falar com todos, e eu preciso de todos eles. Gosto de construir relacionamentos… mas, por causa do supracitado,tenho a pitada de preferência em trocar ideia com “véios”, mesmo que alguns tirem onda de mim. Sou um jovem velho…
DIOGO GOMES RIZZI
Administrador, filósofo, especialista em negociação. Experiente em gestão de negócios no Brasil, América Latina e Central, Europa e Ásia. Estudioso e apreciador da literatura.
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