IMPEACHMENT de Bolsonaro não é prioridade, diz Miguel Haddad

impeachment de Bolsonaro

O ex-deputado federal Miguel Haddad(PSDB Jundiaí) é um dos poucos jundiaienses que conhecem de perto os bastidores e humores de Brasília. Ele ocupou uma cadeira na Câmara dos Deputados de 2014 e 2018. Nas eleições ocorridas há dois anos e cinco meses perdeu votos para os candidatos da chamada ‘onda direitista’, impulsionada por Jair Bolsonaro. Mesmo assim chegou a suplência e durante oito meses participou das votações. Hoje(10), o Jundiaí Agora publica a primeira parte da entrevista que fez com Haddad enfocando principalmente o combate à pandemia de Covid-19 pelo Governo Federal, o negacionismo e um possível impeachment de Bolsonaro. Amanhã, o ex-deputado analisará a atuação do Governo do Estado de São Paulo.

Como o senhor está vendo a participação do Governo Federal no combate à Covid? Onde há erros e acertos?

Chegamos à soma trágica de mais de quatro mil mortes em 24 horas, um triste recorde mundial. Com certeza a maneira como o Brasil está enfrentando a crise tem muito mais erros do que acertos.

O senhor foi deputado federal. Como vê o posicionamento do novo presidente da Câmara que não quer abrir processo de impeachment de Bolsonaro?

Não há espaço no momento para a discussão de impeachment de Bolsonaro mesmo existindo várias acusações de crime de responsabilidade. O impeachment é também fruto do clamor popular e isso ainda não está ocorrendo. O enfrentamento da pandemia e as ações para sairmos da crise econômica são prioridades. 

Como os deputados federais e senadores podem pressionar o presidente a parar com o discurso negacionista e que confunde milhares de brasileiros?

Acho que essa pressão está sendo feita. O novo ministro da Saúde está seguindo o que manda a Ciência. A substituição do chanceler Ernesto Araújo, uma liderança do negacionismo no Governo Federal, é também resultado do diálogo com o Congresso. 

Prefeitos e governadores estão certos em tomar medidas para combater a pandemia?

O certo era haver uma coordenação nacional, baseada em um plano bem definido, elaborado por uma equipe de cientistas do mais alto nível, que conheçam a fundo as implicações desse vírus. Como isso não foi feito, coube aos governadores e prefeitos, que estão mais próximos, no dia a dia da população, tomar as providências. E é isso que está funcionando. Basta imaginar como estaríamos hoje se São Paulo não tivesse produzido a Coronavac.

Muitos alegam que prefeitos e governadores estão aumentando o número de casos e mortos para receberem mais recursos do Governo Federal. O senhor foi prefeito e sempre esteve muito ligado aos governos do PSDB em SP. Como vê estas insinuações? 

Isso é fake news.

Mesmo afastado de Brasília, é cobrado pelos eleitores que querem uma postura diferente do Governo?

Sempre estive muito próximo das pessoas, das famílias que vivem aqui. O povo de Jundiaí e região é muito ativo politicamente. As cobranças, sugestões, críticas e troca de pontos de vista são incessantes. A diferença é que agora, com a pandemia, se dão ainda mais pelas redes sociais. Recebo muitas mensagens pelo Facebook, Instagram, Twitter e WhatsApp e busco respondê-las sempre que tenho oportunidade.

O senhor é atacado nas redes sociais pelos bolsonaristas? 

Os ataques geralmente são dos negacionistas. Quanto ao governo Bolsonaro, procuro ser construtivo nas minhas críticas e elogios, como é o caso, agora, com a nomeação dos novos ministros, que, me parece, foi acertada, pelo que se viu no discurso do novo ministro das Relações Exteriores e na atuação do novo ministro da Saúde. 

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