A frase Independência ou Morte é conhecida por todos os brasileiros, ou quase todos, considerando-se o número de analfabetos no país. Utilizá-la como título desta crônica parece, como diz o velho chavão: “chover no molhado” porque muitas notícias referentes estarão circulando pela imprensa com essa denominação. Porém, achei-a bem apropriada para este texto.
Hoje, comemora-se 199 anos que o Brasil ficou independente de Portugal. O príncipe regente Pedro, segundo historiadores, desobedeceu às ordens do pai, D. João VI, e proclamou a independência, tornando-se o primeiro imperador do Brasil. Ele morava no Palácio Imperial, no bairro São Cristóvão, Rio de Janeiro, hoje Museu Nacional que pegou fogo no dia dois de setembro de 2018.
Deixando a história oficial à parte, vamos comentar algo que alguns leitores talvez desconheçam. Considerem que, em quase tudo que se comunica, há um jeito próprio de fazê-lo. O heroísmo pode cometer exageros ou figurar algo para aumentar sua importância. Não tendo a intenção de diminuir o heroísmo de ninguém, vamos citar curiosidades adquiridas em leituras antigas.
A primeira é sobre a veracidade do tão famoso “Grito do Ipiranga”, ecoado pelo o garbo príncipe regente Pedro, montado em seu lindo cavalo, com sua espada em riste, gritando: “ Independência ou Morte”! Cenas majestosas e heroicas que serviram para filmes, novelas de sucesso e para o artista plástico Pedro Américo tornar-se famoso!
Mas, segundo leituras, a história oficial do “Grito do Ipiranga” é fruto da imaginação de alguns. Inclusive, o local onde aconteceu, que dizem ser às margens do Rio Ipiranga, riacho paulista.
Uma crônica de Machado de Assis, escrita em 15 de setembro de 1876, publicada na revista “Ilustração Brasileira”, cinquenta e quatro anos após o acontecimento, informa com certa dose de ironia:
“Grito de Ipiranga? Isso tinha crédito para mim antes de um nobre amigo, dr. Joaquim Antonio Pinto Júnior, reclamar, pela “Gazeta de Notícias”, contra essa lenda de meio século. Segundo o ilustrado amigo escritor paulista, não houve nem grito e nem Rio Ipiranga na história! Durante 54 anos, temos visto a repetição de algo que o dito meu amigo declara não ter existido. Houve, sim, a resolução do príncipe Dom Pedro, a desobediência, a independência e o mais; mas não foi positivamente um grito, nem ele se deu às margens do célebre ribeiro! Informa o ilustre dr. Joaquim que o humilde e cristalino ribeiro só emprestou seu nome à nossa história porque assim quiseram os primeiros escritores do fato”. E conclui: “Minha opinião é que a lenda é melhor do que a história autêntica. Eu prefiro, então, o “Grito do Ipiranga”. É mais sumário, mais bonito e mais genérico!”
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Corroborando com o citado na crônica de Machado de Assis, vamos encontrar uma declaração do artista Pedro Américo, autor do quadro “ O Grito do Ipiranga”, pintado em 1888, sessenta e seis anos depois. Ao ser criticado pelos exageros cometidos, disse:“Não há sentido em ser historicamente fiel na arte. O Grito do Ipiranga (quadro) quer trazer a grandiosidade do evento para convencer quem o vê de que o momento da Independência deve ter uma relevância memorável. Se o Regente estava montado em uma besta baia (mula de carga) ou em cavalo, pouco importa”.
O quadro de Pedro Américo está fixado no Museu do Ipiranga e simboliza um momento épico e grandioso na vida dos brasileiros. Obra artística excelsa, cunho de uma imaginação criadora. Se tem algum exagero patriótico, passível de censura, supera em beleza e representatividade memoráveis.
Salve “Sete de Setembro”, o dia da independência do Brasil!
JÚLIA FERNANDES HEIMANN
É escritora e poetisa. Tem 10 livros publicados. Pertence à Academia Jundiaiense de Letras, á Academia Feminina de Letras e Artes, ao Grêmio Cultural Prof Pedro Fávaro e á Academia Louveirense de Letras. Professora de Literatura no CRIJU.
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