JORNALISTA enfrenta câncer raro com bom humor. Pelas redes sociais

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Dias atrás, uma postagem pedindo doações de sangue para o jornalista Guilherme Barros, 31 anos, causou um alvoroço nas redes sociais. Foi um corre-corre, gente perguntando o que estava acontecendo com ele. Guilherme tem câncer. Um tipo raro e bem agressivo. Como remédio, o jornalista usa o bom humor e talento para divulgar nas redes sociais como anda o tratamento. O Jundiaí Agora entrevistou Guilherme:

Onde já trabalhou como jornalista?

Eu comecei minha carreira em 2009 como estagiário de assessoria de comunicação de Jundiaí. Ajudava a escrever um jornal de bairro. Também fazia a entrega por toda Ponte São João. Mas a faculdade eu comecei um ano antes, na Faccamp, onde tive professores excelentes. Eu me formei com 21 anos. Fiquei na agência três meses apenas, aí fui pra TVE Jundiaí. Aí digo que foi outra faculdade dentro da faculdade. Do pouco que conheço de televisão devo aos três anos que fiquei lá, tanto na parte técnica quanto na redação. Depois fui pra TV Sorocaba/SBT. Voltei para Jundiaí na extinta TV Rede Paulista(foto acima), outra escola excelente. Depois de lá fiz de tudo um pouco como jornalista. Campanha eleitoral, rádio, jornais, o programa Mundo Empresarial que passa na Band Campinas, entre outros.

Quando o câncer foi diagnosticado?

Eu descobri o câncer em agosto de 2020. A história começa mesmo em 1996. Eu nasci com o testículo esquerdo fora da bolsa escrotal e fiz uma cirurgia para corrigir. À medida que fui crescendo ela não desenvolvia massa. Ficou pequena perto da outra. Meados de junho do ano passado ela começou inchar do nada. Não sentia dor, mas quando descobri de fato ela estava grande a ponto de eu não conseguir mais cruzar as pernas. Foi numa sexta-feira final de tarde. Eu já desconfiava da patologia, mas uma coisa é desconfiar, outra é receber o diagnóstico. Me lembro de ter ficado confuso no primeiro momento, minha pressão caiu, estava sozinho na consulta. Voltei pra casa dirigindo e pensando como um filho único ia contar para os pais que tinha câncer. É um tumor raro e agressivo. Na terça-feira seguinte estava no centro cirúrgico pra remoção da massa tumoral.

Você certamente fez muitas matérias a respeito desta doença. Como é estar do outro lado da pauta?

Como jornalista fiz muita matéria sobre o câncer. Um problema ainda maior era a de não poder transmitir sentimento na matéria, já que o meu melhor amigo, que morreu de câncer, era repórter fotográfico. Era impossível não me lembrar do Júnior(Valter Tozetto Jr) quando recebia pauta sobre este assunto. Era como se ele estivesse junto, ali, trabalhando comigo novamente. Estar desse lado da pauta é uma experiência diferente do ponto de vista do autoconhecimento. Eu não entendia o que de fato é o câncer até vivenciá-lo. Hoje minha abordagem como repórter seria diferente.

Como é o tratamento? Quando você estará 100% novamente?

Como o meu tipo de tumor é agressivo, as quimioterapias tem que ser à altura. São quatro ciclos de cinco sessões cada, de segunda a sexta-feira. É um verdadeiro bombardeio no organismo. Em alguns só consigo fazer de maca. Se há um alento nisso tudo, eu nunca senti dor. Não existe uma data para o fim do tratamento justamente devido ao tempo de resposta do meu organismo, de como ele vai reagir. Cada ciclo que termina, demora mais tempo pra ele se recuperar.

O que mudou na sua vida? Consegue exercer o ofício de jornalista?

Eu recebi algumas sondagens de trabalho durante o tratamento, mas deixei bem claro que, apesar de precisar trabalhar, seria injusto com os amigos que me fizeram as propostas. Por isso decidi restabelecer minha plena saúde pra depois pensar em trabalhar. Minha rotina se resume a casa-hospital-casa desde agosto. Não posso receber visitas até por conta da Covid-19. A rotina da família muda sim. Eu sou filho único. A demanda dos meus pais, portanto, orbita naquilo que necessito, mas isso só fortalece nossa relação.

Você publica informações sobre seu estado nas redes sociais. Também faz outros tipos de postagens bem humoradas. Por que decidiu divulgar que está com câncer e o tratamento que faz? 

Eu não gosto de encarar o câncer como um drama. Encaro a doença com um certo bom humor até como uma válvula de escape para aquelas dias em que a cabeça não tá muito legal. O aspecto emocional muda de uma hora para outra. Não é todos os dias que estou com bom astral, mas nos dias em que estou gosto de compartilhar. É uma maneira de tranquilizar as pessoas que acompanham o tratamento. Mas não me considero um exemplo, um modelo de superação, não. Só não me faço de vítima em nenhum momento. É uma fase que tenho que passar de uma maneira ou de outra. Já que tenho a doença, que passe por ela da melhor maneira possível.

Como estas publicações repercutem?

As respostas são à altura das minhas publicações. Extremamente animadas e positivas. Isso ajuda, e muito, quem passa por esse tratamento. A gente se sente amparado e mais fortalecido, sabendo que tem muita gente torcendo. Não me sinto sozinho.

E a postagem pedindo doadores de sangue(ao lado)?

Eu não imaginava que resultaria em tamanha mobilização. Tenho amigos jundiaienses no Japão, EUA e Irlanda que compartilharam. Minhas professoras do Divino – de 25 anos atrás – foram doar. Anônimos, gente que acompanhava meu trabalho na TV, mandaram mensagem. Eu não tinha noção de quanto era querido do lado de fora e eles não tem noção de quanto isso foi importante na minha recuperação. Todos ganhamos com esse ato.

É possível aprender algo com a situação que está vivendo?

Eu prefiro fazer um balanço do ensinamento quando o tratamento acabar. Mas até agora o que aprendi na prática é a verdade sobre uma frase que sempre repetia antes mesmo de ter câncer: “se você quer saber a quantidade de amigos que têm, dê uma festa. Se quiser saber a qualidade dos amigos que têm, fique doente”. Quero agradecer os profissionais do Hospital São Vicente que participam direta ou indiretamente dos meu cuidados. Eu tenho orgulho de morar em Jundiaí e ter à disposição um hospital como esse. Costumo dizer que o munícipe que politiza e reclama do HSVP não merece o sistema de saúde que lhe é oferecido.

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