Para veterinária, Jundiaí deve prevenir epidemia de LEISHMANIOSE

Mais de 40 casos de leishmaniose já foram registrados na cidade de Valinhos (30 km de Jundiaí) com seis mortes. Em Indaiatuba e Campinas também já há casos confirmados de acordo com as secretarias de Saúde dos municípios. “Na maioria dos casos o animal não apresenta sintomas por algum tempo e o proprietário não percebe que o cão está doente. E, embora já exista tratamento, a prevenção ainda é a melhor opção”, destaca a veterinária Mariane Arakaki. Segundo ela, Jundiaí está no momento ideal de fazer a prevenção e evitar uma epidemia da doença.

A Leishmaniose é uma das doenças que mais afeta os cães no Brasil. Transmitida pela picada do mosquito-palha contaminado, a enfermidade pode se manifestar desde  problemas dermatológicos (perda de pelos em focinho, orelhas, região dos olhos e  crescimento anormal das unhas) como também emagrecimento progressivo, anorexia, e dependendo das complicações e da evolução do quadro, o animal pode morrer.

Classificada entre as seis endemias prioritárias no mundo e acometendo principalmente cães, gatos e humanos, a Leishmaniose é desconhecida de muita gente, mas os números da doença, segundo o Ministério da Saúde, revelam que 90% dos casos da Leishmaniose Visceral Canina na América Latina acontecem no Brasil.

TransmissãoMariane informa que a doença não é contagiosa nem se transmite diretamente de uma pessoa para outra. Tampouco é transmitida de um animal para outro ou dos animais para as pessoas. A transmissão do parasita ocorre somente através da picada do mosquito fêmea infectado.

A transmissão da Leishmaniose Visceral Canina ocorre pela picada das fêmeas infectadas do Lutzomyia longipalpis, conhecido como “mosquito-palha” ou “mosquito pólvora”. Primeiro o inseto infectado pica o cão infectado (ou outros hospedeiros vertebrados, como gato, gambá, cavalo) e ingere a leishmania em sua forma amastigotas, que está presente no animal contaminado. Esta transforma-se dentro do intestino do mosquito em promastigota, que é a forma infectante. Essa nova forma, através da picada  irá infectar humanos e novos animais, destruindo seu sistema imunológico.

Cães não transmitem a doença – Algumas pessoas acreditam que o cão pode transmitir a doença diretamente para o humano, mas isso é um mito. Mordidas, lambidas, arranhões e contato físico não transmitem leishmaniose de cães infectados para humanos. É necessária a picada do inseto para que possa haver a transmissão e transformação do parasita.

Sintomas mais comuns nos cães – Cerca de 60% dos animais são infectados, mas não apresentam os sintomas, e a doença pode ficar incubada de três meses a seis anos. Na maioria dos casos, por falta de informação, o proprietário só procura ajuda profissional quando os sintomas já são irreversíveis, mesmo com o tratamento recomendado.

O sinal clínico mais comum  é a perda de pelo, sobretudo ao redor dos olhos, nariz, boca e orelhas. À medida que a doença progride, o cão perde peso. É habitual o desenvolvimento de uma dermatite ulcerativa (ferida) que pode se disseminar por toda a superfície corporal do cão, sobretudo nas regiões com maior contato com o chão. Em uma fase mais avançada, começam a se observar sinais relacionados com a insuficiência renal e sistema imunológico prejudicado.

A doença em humanos – Os principais sintomas da leishmaniose visceral são febre intermitente com semanas de duração, fraqueza, perda de apetite, emagrecimento, anemia, palidez, aumento do baço e do fígado, comprometimento da medula óssea, problemas respiratórios, diarreia, sangramentos na boca e nos intestinos.

Diagnóstico – O diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações que podem pôr em risco a vida do paciente. Além dos sinais clínicos, existem exames laboratoriais para confirmar o diagnóstico. Entre eles destacam-se os testes sorológicos (Elisa e reação de imunofluorescência), e de punção da medula óssea e linfonodos para detectar a presença do parasita.

O ideal, segundo Mariane Arakaki, é levar o pet ao veterinário e solicitar um exame específico para diagnóstico da doença. Se o resultado for negativo, parte-se para a prevenção. Se for positivo, o tratamento deve ser iniciado e mantido pelo resto da vida do animal.

É de extrema importância estabelecer o diagnóstico diferencial, porque os sintomas da leishmaniose visceral são muito parecidos com os da malária, esquistossomose, doença de Chagas, febre tifóide, entre outros.

Tratamento  – O único medicamento registrado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para tratamento da Leishmaniose e de uso exclusivo para cães é o Milteforan e sempre com acompanhamento médico veterinário. “Os cães diagnosticados precocemente terão boas chances de reduzir os sintomas clínicos, mas não deixarão de ser positivos porque a doença é crônica e pode ser apenas controlada, mas sem cura”, destaca Mariane.

Prevenção – A deltametrina é um dos repelentes recomendados pela Organização Mundial de Saúde para impedir o contato dos cães com o mosquito transmissor da leishmaniose visceral.

Existem dois de repelentes encontrados com facilidade. As coleiras são as mais indicadas, seguidas das pipetas com ação repelente. “É de suma importância  saber a forma de atuação de cada um para obter  melhor ação dos produtos”, informa a veterinária.

Telas e coleiras – Os moradores devem manter as áreas ao redor das casas e pé das árvores limpos e com espaço para passagem de luz solar no solo. O mosquito se reproduz em matéria orgânica em decomposição, como montes de folhas, restos de grama e de poda de árvores.

Os moradores podem colocar telas nas portas, janelas e abrigo dos cães para impedir entrada do mosquito, que tem hábito noturno. Além disso, os moradores devem usar repelentes, camisa de manga comprida e calça durante trabalhos ao redor dos imóveis, e colocar nos cães coleira que funcione como repelente para o mosquito-palha.

Vacinação – A vacina que previne a Leishimaniose existe, mas é indicada apenas para cães saudáveis, ou seja negativos no teste da doença, portanto, é necessário fazer os testes sorológicos antes de vacinar . O esquema vacinal consiste em três doses iniciais, com reforços anuais como as demais vacinas. Segundo Mariane Arakaki, a vacinação aumenta consideravelmente as chances de o animal ficar protegido, auxiliando também no combate à doença. (ilustração acima: álbum da veterinária)

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