Lewis Hine foi um sociólogo e fotógrafo norte-americano que, no início do século passado descobriu a força da fotografia como arma não apenas de denúncia, mas principalmente como modo de transformação social. Inconformado com as péssimas condições em que crianças eram obrigadas a trabalhar, condições que incluíam jornada de trabalho de até 12 horas e salários muito inferiores aos pagos para os adultos nas mesmas funções. Hine começou a fotografar muito destas crianças no Estado da Pensilvânia, muitas delas trabalhando em minas de carvão, fábricas de tecelagem, entregando jornais ou repondo pinos nas casas de boliche.
Boa parte do trabalho de Lewis Hine foi feito às escondidas. Ele se disfarçava de fiscal de saúde ou simplesmente invadia os locais de trabalho e fazia as fotos mesmo sem autorização. Ele nunca publicou as imagens nos jornais já que o trabalho infantil era muito tolerado e considerado normal na época. Hine sabia que esta tolerância tinha muito a ver com o fato de que as pessoas não percebiam o estado de exploração a que as crianças eram submetidas.
Para usar as fotos como denúncia, confeccionava cartazes com as imagens as mostrava em igrejas e qualquer lugar onde tivessem publicidade. Depois de alguns anos Lewis Hine viu seu trabalho recompensado quando a Pensilvânia aprovou uma série de leis que restringiram ou mesmo proibiram o trabalho infantil, o que foi copiado por praticamente todos os outros Estados americanos e acabou se tornando lei federal.
Lewis Hine também fez importante trabalho de denúncia das condições de trabalho impostas aos trabalhadores que participaram da construção do Empire State, em Nova Iorque. Hine também é muito conhecido por uma frase atribuída a ele e que trata da questão da mentira: “uma fotografia não mente, mas mentirosos fotografam”.
ARI VICENTINI
Repórter-fotográfico desde 1989, com passagens pelo Estadão e Jornal da Tarde. Foi fotógrafo e editor de fotografia do Diário Lance, atualmente é professor de Fotojornalismo na Faculdade Cásper Libero. É jundiaiense.
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