LGBT+: Conheça a Comunidade Diversidade e Fé da Diocese

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Desde dezembro de 2021, pais, familiares, amigas e amigos, apoiadores, aliados e pessoas LGBT+, reúnem-se para vivenciar o Evangelho de Jesus Cristo, como um espaço de acolhimento, partilha, diálogo e respeito à diversidade sexual (orientação sexual e identidade de gênero) no âmbito da religião por meio da espiritualidade, da caridade, amor, justiça e estudo. É a Comunidade Diversidade e Fé da Diocese de Jundiaí, que conta com o apoio do bispo Dom Arnaldo Carvalheiro Neto, que participa dos encontros desde janeiro de 2023. O Jundiaí Agora entrevistou o advogado Rodrigo Mendes Pereira(foto abaixo), 58 anos, um dos idealizadores e fundadores do grupo:

Quantas pessoas fazem parte da Comunidade?

A construção da Comunidade ocorreu mediante diálogo com o bispo. Temos um grupo de Whatsapp integrado por 54 pessoas que já participaram de encontros. Há variação de participação nos encontros, porém, em média, podemos dizer que estão presentes de 15 a 30 pessoas. Realizamos dois encontros mensais: uma celebração mensal presencial com partilha (Ofício Divino das Comunidades), em regra, nas terceiras sextas-feiras de cada mês, das 20h às 22h, na Paróquia São Roque, na rua Victório Gropello, 110, Vila Progresso. Também realizamos um encontro mensal virtual de partilha e estudos quase sempre nas primeiras segundas-feiras de cada mês, das 20h às 22h. A partir do encontro de março deste ano, programamos quatro Rodas de Conversa sobre Bíblia e Sexualidade. Além dos encontros mensais, também realizamos encontros extras com temáticas específicas, como o ‘Cine Pipoca’ com o filme ‘Orações para Bobby’. Este ano, com o objetivo de divulgar a missão da Comunidade Diversidade e Fé da Diocese de Jundiaí, convidamos a população a participar ou construírem comunidades paroquiais. Pretendemos fazer Cine Pipocas nas paróquias, com o filme ‘Orações para Bobby’, quando também apresentaremos a caminhada de nossa comunidade com nossos referencias e calendário, em uma Roda de Conversa após o filme.

Por que sentiram a necessidade de se encontrar? O que discutem? Trocam experiências? Buscam soluções? Se confortam?

Em decorrência da vivência de situações concretas de exclusão das pessoas LGBT+ na religião, ocasionados pelo desconhecimento científico, ético, humanista, teológico, pastoral e evangélico da sexualidade (sexo, gênero e orientação sexual), constituímos uma comunidade como um espaço de acolhimento, respeito e proteção. Nossos eixos de atuação, inclusive indicados por nosso bispo Dom Arnaldo, são: a espiritualidade, por meio das celebrações do Ofício Divino das Comunidades; o amor e justiça, por meio da vivência em comunidade de acolhimento e proteção, que luta contra os preconceitos, integrada por pais e mães, familiares, amigas e amigos, apoiadores, aliados e por pessoas LGBT+, e o estudo, em especial da temática envolvendo a Bíblia e a sexualidade. Dentre outros livros, como referência, utilizamos as seguintes obras: Teologia e os LGBT +, de Luís Corrêa Lima; A Igreja e as Pessoas LGBTQIAPN +, de Maria Cristina S. Furtado; A Inclusão de todas/os/es, de Maria Cristina S. Furtado; Homossexuais Católicos, de Claude Besson; Sexo, Orientação Sexual e ‘Ideologia de Gênero’, de Frei Betto. Também utilizamos os documentos oficiais da Igreja e temos a assessoria de estudiosos e expertises, alguns deles que integram nossa comunidade. Partilhamos nossas experiências, estudamos, rezamos e acolhemos, vivenciando ao Evangelho de amor e justiça de Jesus.

Como é para pais católicos terem filhos LGBTs? A fé que prega apenas o relacionamento entre homem e mulher versus o amor ao filho: como resolver este dilema?

A Comunidade se fundamenta no Evangelho de amor e justiça de Jesus, e nos aprofundamos no estudo sobre a Bíblia e a Sexualidade, inclusive para questionar e desconstruir interpretações descontextualizadas e fundamentalistas, que geram exclusão e violência, em vez do acolhimento e amor ao próximo. Além de uma leitura contextualizada da Bíblia e considerando o amor de Jesus pela humanidade como o centro da fé e da doutrina, dentre várias outras manifestações do Papa Francisco, podemos dizer que o dilema foi assim respondido pelo Papa no início de maio de 2022 às perguntas a ele dirigidas pelo padre jesuíta James Martin, que atua no apostolado de pessoas LGBT+ (publicada pelo portal do Vaticano). O padre perguntou ao papa: Qual é a coisa mais importante que as pessoas LGBT precisam saber sobre Deus? O papa respondeu que “Deus é Pai e não renega nenhum de seus filhos. E o ‘estilo’ de Deus é proximidade, misericórdia e ternura. Ao longo deste caminho vocês encontrarão Deus’. Ao ser questionado sobre o católico LGBT que foi rejeitado pela Igreja, Francisco disse que ‘gostaria que reconhecessem isso não como ‘a rejeição da Igreja’, mas, ao invés, como rejeição por parte de ‘pessoas na Igreja’. A Igreja é uma mãe e reúne todos os seus filhos. Tomemos por exemplo a parábola dos convidados ao banquete: os justos, os pecadores, os ricos e os pobres, etc. (Mateus 22,1-15; Lucas 14,15-24). Uma Igreja seletiva, de puro sangue, não é a Santa Madre Igreja, mas sim uma seita”, disse o Papa Francisco.

Na prática, como é a aceitação da igreja católica? Vocês enfrentam preconceito por parte de padres e fiéis?

Infelizmente, o preconceito é geral na sociedade. Mas existem muitos espaços como o nosso que estão mudando as coisas. Inclusive existe a Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT+ e também nos apoiamos muito no Grupo de Ação Pastoral da Diversidade da cidade de São Paulo(GAPD SP).

Os jovens chegam a participar para relatar o que pensam e sentem?

Sim. Pessoas LGBT+ e pais dão seus testemunhos, especialmente sobre situações de exclusão no âmbito da religião.

Como o bispo vê as reuniões que vocês fazem? Ele já participou de alguma?

Dom Arnaldo nos apoia, orienta e participa de vários encontros e celebrações da Comunidade Diversidade e Fé da Diocese de Jundiaí. Nos últimos dois anos, ele participou de aproximadamente dez encontros da Comunidade.

A violência contra estas pessoas é recorrente. É evidente que boa parte da população de Jundiaí é preconceituosa. Como fica o coração dos pais de LGBT+ diante deste cenário que de ‘amai o próximo’ não tem nada?

A existência e missão da Comunidade é acolher e proteger as pessoas LGBT+ da exclusão e violência, provocada por atitudes fundamentalistas contrárias ao Evangelho de amor e justiça de Jesus.

Acha que o tema deveria ganhar uma pastoral na Diocese de Jundiaí?

Em função do apoio, orientação e participação de nosso bispo Dom Arnaldo, embora não sejamos formalmente, penso que atuamos como uma pastoral diocesana. Inclusive, houve uma matéria sobre o Cine Pipoca publicada no site oficial da Diocese, com o seguinte título: ‘Respeito e acolhimento: Comunidade Diversidade e Fé promove diálogo com Cine Pipoca’ e nossos encontros constam da agenda oficial do bispo.

Quais os contatos da Comunidade Diversidade e Fé da Diocese de Jundiaí?

E-mail: diversidadeefejundiai@gmail.com;  Whatsapp: (11) 91007-7002; Instagram: https://www.instagram.com/diversidadeefejundiai/

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