Falar sobre esse tema é, para mim, trazer um pouco da minha vivência. De muitas noites em que o travesseiro virou conselheiro e de dias em que, mesmo rodeada por gente, meu coração parecia atravessar o deserto em silêncio. Por mais que a liderança esteja associada à gestão de equipes, comunicação constante e participação ativa nas rotinas organizacionais, é comum que muitos líderes se sintam, no fundo, profundamente solitários. Esse é um paradoxo pouco discutido, mas extremamente real no ambiente corporativo. Até onde um líder pode compartilhar as suas dúvidas, fragilidades e sentimentos? O medo e o julgamento andam juntos quando se trata de um cargo de liderança.
Espera-se que um líder tenha todas as respostas sob todos os assuntos, que mantenha o equilíbrio emocional e ofereça direção mesmo em momentos de incerteza. Esse peso constante pode isolar emocionalmente quem ocupa posições de comando. Uma das maiores fontes de solidão é a responsabilidade por tomar decisões que afetam diretamente a vida das pessoas. Muitas vezes, essas decisões são impopulares e não podem ser amplamente explicadas, criando julgamentos e, por vezes, um cenário hostil. Isso, por si só, cria uma camada de distanciamento entre o líder e sua equipe, alimentando uma sensação de isolamento.
Outro desafio é o constante equilíbrio entre criar vínculos e manter a imparcialidade. Um líder precisa ser empático, mas também justo. Precisa se aproximar, mas também manter certa distância para tomar decisões técnicas. Essa dualidade pode ser emocionalmente exaustiva. Em muitas organizações, falta um espaço seguro para que os líderes expressem suas próprias dificuldades. Sem mentoria, apoio emocional ou supervisão, muitos gestores aprendem a engolir suas dores para não parecerem fracos. Isso intensifica a solidão, a sensação de não pertencimento e, como consequência, problemas psicossomáticos.
Liderar, muitas vezes, é carregar o mundo sem mostrar o peso nos ombros. Eu acredito e busco uma liderança afetiva, próxima, mas também compreendo que é preciso saber onde está a linha do profissionalismo. Essa tensão constante entre acolher e ser justa, entre abraçar e delimitar, é um desafio diário a todos os líderes. É um malabarismo que exige presença e muita escuta interna. É entender que não adianta silenciar o que se sente para manter a imagem de fortaleza. Vulnerabilidade também é uma forma de coragem.
Como ensina Brené Brown, “a vulnerabilidade é o berço da inovação, da criatividade e da mudança”. Ser vulnerável como líder é abrir espaço para uma cultura de confiança. É ter a ousadia de liderar com empatia, de se expor emocionalmente, de criar vínculos reais. Trazer a vulnerabilidade é se permitir pedir ajuda, dizer “não estou bem”, assumir quando é preciso parar. Reconhecer que ser líder não o torna imune à vida. É o liderar com a alma.
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Acredito que a necessidade maior das lideranças seja o autocuidado. Pela espiritualidade que ancora, pelo suporte emocional que fortalece, pelas conexões sinceras que humanizam. Ser líder é carregar responsabilidades, sim. Mas é também permitir-se sentir, recuar e pedir ajuda. Este artigo não é apenas uma reflexão técnica. É um espelho! Um chamado para lembrarmos que por trás de cada líder há um ser humano tentando dar o seu melhor. Que possamos criar espaços mais gentis com quem guia, decide, conduz. Porque liderar é, antes de tudo, viver intensamente o humano que habita em nós.

ROBERTA TEIXEIRA PERES
Gestora, terapeuta holística, especialista em desenvolvimento humano, Eneagrama. pós-graduada em neuromarketing e PNL Aplicada em gestão de pessoas.
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