Para inaugurar nossas colaborações no site de notícias do nosso amigo Marco Antônio Sapia, no raiar de mais um ano, no limiar de 2017 que se espera seja menos tenso, menos dramático, e mais produtivo para o país, não se pode deixar de dizer o que esperamos para 2017, sempre com um otimismo realista (se é que a realidade e o otimismo se conciliam).
Jundiaí começa com um novo governo, tendo à frente meu ex-aluno de Direito no Anchieta, Luiz Fernando Machado (não bastasse, lecionei também para a nossa primeira dama, Vanessa, e fui paraninfo da turma).

Foi bom aluno, mas já era visível que sua vocação era a política e não a advocacia, pois logo tornou-se Presidente do Centro Acadêmico e ingressou no PSDB, tornando-se Vereador muito jovem e, posteriormente, Vice-Prefeito, Deputado Federal e Deputado Estadual, o que o faz conhecedor dos trâmites da política em todos os níveis, aspecto essencial para transitar com tranquilidade em busca de apoios e recursos para a cidade.

Sua equipe tem um bom perfil, político sim, mas bastante técnico, também, com diversos nomes experientes e destacados em suas áreas, ao lado de outros mais jovens, mescla importante em toda equipe que se forme, no esporte, nas empresas ou na política. Não citei nomes para não cometer a injustiça do esquecimento, mas na minha área a indicação do Fernando “Ferrugem” de Souza foi uma grata surpresa, que aplaudo e endosso, também na qualidade de seu ex-professor. No Núcleo de Prática Jurídica do Anchieta, que presta assistência jurídica aos mais necessitados e que coordeno, com certeza iremos trabalhar juntos e em total compasso.

Nossos problemas são proporcionais à nossa pujança e ao nível de excelência que atingimos. Ninguém chega ao 5º ou 4º lugar no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país sem se tornar agora exigente da manutenção desse padrão de vida cotidiano. Mas também por isso a cidade trai as expectativas, porque atrai gente demais, por sua localização privilegiada, ao lado de São Paulo e Campinas, e pelas facilidades logísticas notórias. Mais gente são mais carros, preços mais altos em quase tudo e mais poluição ambiental e paisagística e, ainda que não em níveis de São Paulo, também mais violência e intranquilidade.

Nosso Estado de São Paulo preocupa porque o Brasil preocupa, mas talvez seja um dos que estão em melhor situação, social, política, cultural e econômica. Alckmin é sóbrio na gastança, o que fez que estejamos longe do caos carioca, gaúcho e mineiro (e não só isso, mas São Paulo é um dos poucos cantos do país que realmente produz e não depende apenas das verbas federais e bolsas perpétuas de assistencialismo populista).
O Brasil continua em mãos incertas, mas menos ignorantes do que seja administrar um país sem arruiná-lo como foi arruinado nos últimos anos, principalmente ao gastarmos o que tínhamos temporariamente, mas sem criarmos a infraestrutura correspondente ao crescimento que se desejava e sem lembrarmos que as fases econômicas de crescimento internacional acabam, crises surgem e, se você não se preparou e o país não fez o seu dever de casa, vai acabar como estamos, sem eira nem beira e culpando os outros por nossas próprias imprudências, despreparos e fracassos.

2017 é por tudo isso um ano de consolidação. Novos governos municipais, com novas esperanças para o dia a dia dos cidadãos (como dizia Franco Montoro, nós não vivemos na União nem nos Estados, nós vivemos nos Municípios, só eles são reais e concretos, enquanto o resto são ficções jurídicas). E consolidação dos inúmeros processos por corrupção que não podem parar e, espera-se, tenham seu auge com as delações da inacreditavelmente corrupta Odebrecht e seu Departamento de Propinas e Vantagens Afins; políticos e empresários de qualquer linha ideológica devem pagar pelo empobrecimento de nosso povo, pela ruína de nossa economia, pelo horror da imoralidade sem fim (e se houver juízes envolvidos, que paguem também, na mesmíssima proporção de castigo penal; ninguém está acima da lei).

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Mas com tudo isso, é preciso e é importante que nos renovemos, como só os inícios de ano nos permitem renovar, e sigamos em frente para mostrar, ao menos para nós mesmos, que nossa têmpera é outra, que gente honesta existe e produz e é a maioria de nosso povo. A minoria nos enoja porque seu poder humilha e traz consigo o gosto amargo da impunidade, mas muitos já vêm pagando por seus crimes e outros pagarão. Por tudo isso, à vida, que é muito curta para ser pequena. E vida longa, Marco Sapia, ao seu site, que nasce com as esperanças do amanhecer de um novo ano.

CLÁUDIO ANTONIO SOARES LEVADA
Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo. Mestre/USP e Doutor/PUCSP em Direito Civil. Professor e Coordenador do Núcleo de Prática Jurídica do Unianchieta. Professor da Pós-Graduação da PUCSP em Direito Civil. Diretor Jurídico da Associação Paulista dos Magistrados.


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