Tenho meus LIMITES. E como tenho…

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A relação entre os desafios impostos pelo envelhecimento e a vontade de transcendê-los faz com que tenhamos um processo de revisão geral e diária de nossos limites e nossas possibilidades. Acredito que joguemos, na medida do possível, numa situação de empate, sempre tentando romper a média, mas sou obrigado a reconhecer que tenho meus limites. E como os tenho!!!

A idade é frequentemente associada a uma série de limitações, sejam elas físicas, mentais ou sociais. Conforme envelhecemos, é comum enfrentarmos declínios na saúde física, como diminuição da força, resistência e mobilidade. As capacidades cognitivas também podem ser afetadas, com uma maior propensão a problemas de memória e processamento mental mais lento. Socialmente, a idade pode trazer isolamento, já que muitas vezes os círculos sociais diminuem e as oportunidades de interação se tornam mais escassas.

No entanto, a percepção desses limites não precisa ser fatalista. A tentativa de superar essas barreiras pode ser vista como uma manifestação do espírito humano de resiliência e autossuperação. É importante destacar que superar os limites da idade não significa ignorar os sinais do corpo ou forçar-se além do que é seguro, mas sim adaptar-se e encontrar maneiras criativas e saudáveis de continuar ativo e engajado.

Por exemplo, muitas pessoas encontram novas paixões e hobbies que se alinham com suas capacidades atuais. A prática de exercícios físicos adaptados, como yoga ou caminhadas, pode ajudar a manter a mobilidade e a saúde geral. Além disso, manter a mente ativa por meio de leitura, jogos de lógica ou aprendizado de novas habilidades pode mitigar os impactos do envelhecimento cognitivo. Socialmente, a busca por novas conexões, seja por meio de grupos de interesse ou atividades comunitárias, pode combater o isolamento e promover um senso de pertencimento.

A superação dos limites impostos pela idade também pode ser entendida como um processo de aceitação e autoconhecimento. Reconhecer e respeitar os próprios limites é essencial para evitar lesões e frustrações desnecessárias. Ao mesmo tempo, identificar as áreas em que ainda se pode crescer e prosperar permite um envelhecimento mais gratificante e significativo.

Ter limites propostos pela minha idade, mas tentar superá-los encapsula uma filosofia de vida que valoriza a adaptação, a resiliência e a contínua busca por crescimento e bem-estar, independentemente das circunstâncias impostas pela passagem do tempo. Por outro lado, os limites cognitivos, do saber atual, do conhecer o novo é uma reflexão sobre a busca constante pelo crescimento intelectual e a superação das próprias barreiras cognitivas.

Todos nós somos limitados pelo nosso conhecimento atual. Independentemente do quanto tenhamos aprendido ou experimentado, há sempre mais a descobrir. O conhecimento é vasto e, muitas vezes, nos deparamos com áreas que ainda não dominamos ou com conceitos que desafiam nossa compreensão. Reconhecer esses limites é o primeiro passo para a autossuperação. A humildade intelectual é essencial, pois nos permite admitir o que não sabemos e, assim, abrir espaço para novas aprendizagens.

No entanto, viver dentro desses limites sem tentar superá-los pode levar à estagnação. A curiosidade é uma das principais forças motrizes do progresso humano. Quando confrontados com a nossa própria ignorância, temos a oportunidade de buscar novas informações, questionar nossas crenças e expandir nossos horizontes. Isso pode envolver o estudo formal, como cursos e treinamentos, ou a aprendizagem autodidata, por meio de livros, documentários e outras fontes de conhecimento.

A superação dos limites do conhecimento não é um processo fácil. Exige esforço, tempo e, muitas vezes, a disposição para cometer erros e aprender com eles. O medo de falhar pode ser um grande obstáculo, mas é importante lembrar que o erro é uma parte natural e valiosa do processo de aprendizagem. Cada erro cometido é uma oportunidade de crescimento e refinamento do nosso entendimento.

Além disso, a colaboração e o diálogo com outras pessoas são fundamentais para superar os limites do próprio conhecimento. Cada indivíduo possui uma perspectiva única e ao compartilhar ideias e experiências, podemos obter insights que não seriam possíveis de outra forma. Discussões acadêmicas, grupos de estudo e comunidades de prática são apenas algumas das maneiras pelas quais podemos nos engajar coletivamente na busca pelo saber.

A tecnologia também desempenha um papel crucial na expansão do conhecimento. A internet proporciona acesso a uma quantidade quase ilimitada de informações e recursos educativos. Plataformas de ensino on-line, fóruns de discussão e redes sociais acadêmicas são ferramentas poderosas que podem ajudar a superar barreiras de conhecimento. No entanto, é essencial desenvolver habilidades de pensamento crítico para discernir informações confiáveis em meio à vasta quantidade de dados disponíveis.

É importante destacar que a superação dos limites do saber não se trata apenas de adquirir mais informações, mas de desenvolver uma compreensão mais profunda e integrada dos conceitos. Isso envolve a capacidade de aplicar o conhecimento em situações práticas, resolver problemas complexos e inovar. A educação crítica e reflexiva, que vai além da mera memorização de fatos, é crucial para esse processo.

Manter o criticismo afinado é a essência da busca pelo aprimoramento intelectual. É um convite para reconhecer nossas limitações, mas não nos contentar com elas. Através da curiosidade, esforço contínuo, colaboração e uso inteligente da tecnologia, podemos transcender as barreiras do nosso conhecimento atual e alcançar novos patamares de entendimento e realização.

Já, a fé e a religiosidade, arranha a complexa interação entre as crenças religiosas e a busca pelo crescimento espiritual e pessoal. A fé e a religiosidade muitas vezes fornecem uma estrutura moral, ética e espiritual que guia as ações e decisões de um indivíduo. No entanto, essas mesmas crenças podem, às vezes, ser percebidas como limitantes, especialmente quando confrontadas com novas ideias, experiências ou desafios.

A fé, por definição, envolve acreditar em algo que transcende a razão e a evidência empírica. Para muitos, a fé é uma fonte de força e consolo, oferecendo respostas para questões existenciais e um sentido de propósito. No entanto, a fé também pode ser interpretada como um conjunto de doutrinas e práticas rígidas que estabelecem limites claros sobre o que é certo ou errado, permitido ou proibido. Esses limites podem ser percebidos como obstáculos ao crescimento pessoal e à evolução espiritual.

Superar os limites propostos pela fé e religiosidade não significa abandoná-los, mas sim reinterpretá-los de maneira que permita um desenvolvimento mais pleno e inclusivo. A reflexão crítica sobre as próprias crenças é essencial. Ao questionar e examinar os ensinamentos religiosos, os indivíduos podem descobrir novas dimensões de sua fé que não haviam sido consideradas anteriormente. Essa prática de exame contínuo pode levar a uma fé mais madura e robusta, que é capaz de integrar novas experiências e conhecimentos sem perder sua essência.

A superação dos limites impostos pela religiosidade também pode envolver a busca por uma compreensão mais profunda e pessoal do divino. Muitas tradições religiosas encorajam práticas como a meditação, a oração e o estudo espiritual para alcançar uma conexão mais íntima com o sagrado. Essas práticas podem ajudar a transcender uma interpretação superficial ou dogmática da religião, permitindo uma experiência mais rica e personalizada da fé.

O diálogo inter-religioso é outra maneira poderosa de superar os limites da própria fé. Ao engajar-se com pessoas de diferentes tradições religiosas, podemos ampliar nossa compreensão do divino e reconhecer a universalidade de certas verdades espirituais. Esse intercâmbio de ideias e experiências pode fortalecer a própria fé, ao mesmo tempo em que promove a tolerância e a compreensão mútua.

Além disso, é crucial reconhecer que a fé e a religiosidade são dinâmicas e evolutivas. À medida que as sociedades mudam e novas questões éticas surgem, as interpretações religiosas também podem evoluir. A religião não precisa ser estática; ela pode se adaptar e crescer em resposta às novas realidades sem perder sua essência central.

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Finalmente, é importante que a superação dos limites impostos pela fé seja feita com respeito e sensibilidade. Cada pessoa tem uma relação única com sua espiritualidade e o que pode ser percebido como uma limitação para um indivíduo pode ser uma fonte de conforto e estabilidade para outro. Portanto, essa jornada deve ser pessoal e respeitosa, evitando julgamentos e buscando sempre o crescimento e a compreensão.

Percebo que o importante é destacar a importância de uma abordagem equilibrada e crítica à fé (crer) e a religiosidade (praticar). Superar esses limites não significa abandonar as crenças, mas sim aprofundá-las, reexaminá-las e ampliá-las de maneira que permita um crescimento espiritual contínuo e uma compreensão mais inclusiva e rica da espiritualidade. E vamos vivendo, até…(Foto: Rene Terp/Pexels)

AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Leciona na Faculdade de Psicologia UNIANCHIETA. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology.

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