Os acontecimentos da semana se dividem em dor, esperança, acréscimo, dúvida, mistérios. Em cinco de fevereiro, iniciei um “Diário de Luto”. Escrever me faz bem. Não é um diário repleto de lágrimas de meu pesar e nem de sentimentos mórbidos; é um diário de dor da perda, do equilíbrio com uma nova etapa de vida, mas com o olhar na Eternidade. Escrevo à noite e nele coloco o que mais me chamou a atenção no dia, além de pequenos textos, letras de música que me tocam… Em todos os escritos, feitos no linho da alma, reflexões da espiritualidade do Carmelo. Busco, em especial, as que me dizem a respeito da Cruz.
Na semana passada, li de Santo Ambrósio, citado por Edith Theresa Hedwig Stein (1891-1942), O.C.D., canonizada como Santa Teresa Benedita da Cruz, no livro “Na Força da Cruz”: “Deus faz tudo no tempo certo. O que Ele sempre faz, não está fora do tempo e sim, sempre no momento oportuno; e para mim calha no tempo certo e exato”. No mesmo livro, uma colocação da Santa: “… E quando Ele me fala, pela boca do profeta, que Ele está ao meu lado de modo mais fiel do que pai e mãe, sim, que Ele é o amor em si, então entendo como é racional a minha confiança no braço que me sustenta, e como é tola toda a angústia diante da queda do nada, quando não arranco a mim mesmo do braço”. Edith Stein foi uma santa, filósofa alemã, nascida judia, que se converteu à Igreja Católica.Morreu mártir do amor em Auschwitz, Oswiecim, Polônia. Completo com Santa Teresinha do Menino Jesus: “Quando em meu coração se desencadeia a tempestade, para Ti, Jesus, ergo a cabeça e em Teu olhar misericordioso eu leio: ‘Filha… por ti eu fiz os Céus’!”
Na última sexta-feira, fiz a Via-Sacra extraída do livro “Sinal de Contradição”de São João Paulo II. Na sexta estação, em que Verônica enxuga o rosto de Jesus, há uma colocação que me emocionou: “O Salvador imprime o Seu semblante em cada ato de caridade, como fez no pedaço de linho de Verônica”.
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Compreendo, cada vez mais que, diante das cruzes do próximo, mesmo que a minha doa, sou chamada a ser caridade nos acontecimentos que surgem, a fim de que o Senhor imprima e reimprima Seu rosto em minha alma nos caminhos do Calvário, pois o momento forte, após a Sexta da Paixão e Morte, é a aurora da Ressurreição. Bendito seja Deus que caminha comigo e, quantas vezes forem necessárias, me traz de volta!(Foto: www.religieux-saintchristophe.com)
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE
Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de risco.
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