Gustavo Flaubert, ilustre romancista francês, autor de obras famosas como “Madame Bovary”, confessou, em cartas, que a literatura era uma pedra em que ele, desesperado, se agarrava para não se afogar. Também o famosíssimo Franz Kafka, autor de “Diário Íntimo”, livro no qual exprime o absurdo da existência humana, reconheceu que a praticava como um meio de salvação. Como eles, muitos escritores usam a literatura como catarse.
Para escrever um bom texto ou livro, não há necessidade de um curso específico, mas há necessidade de se colocar sentimento e criatividade; escrever é uma arte e não há livros, escolas ou professores que transformem alunos em escritores, ela é inata.
Claro que o conhecimento das regras gramaticais ajuda; isso sim, poderá ser aprendido. Mas, criatividade é outro departamento.
Não se pode criar um bom escritor, assim como não se pode criar um bom músico, um bom cantor ou um bom artista plástico. O sucesso virá da vocação, da sensibilidade e da dedicação de cada um.
Para redigir bons textos literários não há necessidade de possuir Faculdade de Letras, pós-graduação ou equivalente. Na gloriosa Academia Brasileira de Letras, há magistrados, cirurgiões, políticos, advogados e outros. Seus fundadores Lúcio Mendonça e Machado de Assis não frequentaram faculdades, Olavo Bilac iniciou Direito e Medicina, mas não completou nenhuma.
O artigo 1º do estatuto da entidade reza: “A Academia Brasileira de Letras tem por fim a cultura da língua e da literatura nacional.”
Quantos escritores marcam época com famosos livros, usando a criatividade e a sensibilidade que lhes é natural?
Citando só alguns: Jorge Amado, Rubem Braga, José Mauro de Vasconcelos, João Guimarães Rosa e outros. A observação apurada dos sentimentos foi o que os tornou expoentes da Literatura Nacional.
Mesmo falecidos, suas obras continuam sendo vendidas, estudadas, citadas e usadas em vestibulares. Foram os diplomas que os ajudaram ou foi a criatividade de cada um?
E por que será que algumas pessoas se dedicam à escrita? Vamos conhecer opiniões de escritores gabaritados:
Para a famosa escritora francesa, já falecida, Anïs Nin, escrever significava: “Abrir, expandir nosso mundo, quando nos sentimos sufocados e oprimidos, serve para nos dar prazer. É uma necessidade, como o mar precisa das tempestades- isso eu chamo de respirar”.
O escritor Paulo Coelho, acadêmico da ABL, autor brasileiro com mais livros traduzidos no mundo, detentor do Prêmio ELLE, Melhor Escritor Internacional/ Espanha 2008, disse em certo programa de televisão: “É preciso ter sensibilidade e criatividade, eu as tenho, isso é o que importa. Não me importo com comentários negativos.”
O saudoso Paulo Francis dizia: “Estilo é a extensão da personalidade, é como uma personalidade realizada por escrito. Diploma é coisa inútil. Escrevo o que acho certo, se escrevo um desaforo é para que o insultado saiba o que penso dele!”.
Paulo Francis não era formado em Jornalismo, nem em Comunicação e nem em Letras. Alguém poderá pôr dúvidas sobre sua capacidade de escrever?
Manoel Carlos, famoso autor de novelas, o que não deixa de ser um escritor, diz para quem quiser ouvir:
– Diplomas? Tenho dois: o de Batismo e o de Primeira Comunhão!
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Atualmente com 88 anos, morando no Leblon/RJ, declarou, dias atrás, a uma jornalista:
“Confesso que a essa altura da vida, depois de ter atravessado altos e baixos, com grandes sucessos na TV e perdas irreparáveis na vida pessoal, jamais imaginei que fosse experimentar um medo como este. A pandemia me trouxe um temor do desconhecido e me impôs uma rotina privada de gente ao meu redor. Há, exatamente, um ano não ponho os pés na rua e passo os dias isolado. Diante dessa loucura, escrever tem sido a minha válvula de escape. É, na verdade, o que me ajuda a continuar são! Continuo escrevendo, é isso o que me mantém vivo!”
Penso que não há necessidade de escrever mais nada sobre a importância da escrita!(Foto: Divulgação/Cultura RJ)
JÚLIA FERNANDES HEIMANN
É escritora e poetisa. Tem 10 livros publicados. Pertence à Academia Jundiaiense de Letras, á Academia Feminina de Letras e Artes, ao Grêmio Cultural Prof Pedro Fávaro e á Academia Louveirense de Letras. Professora de Literatura no CRIJU.
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