Baseado em extensa pesquisa histórica e documental — incluindo fontes inéditas —, o psicanalista André Schüller lançará o livro “Como Tudo (Finalmente) Começou” (editora Appris) que trata das origens da psicanálise. A partir das trajetórias de Amalia Nathansohn, Jacob Freud e Josef Breuer — mãe, pai e mentor de Sigmund Freud —, a obra reconstrói o ambiente familiar, social e intelectual que tornou possível a formação do jovem Freud e o desenvolvimento de sua obra. A pesquisa chamou a atenção de especialistas, e Schüller – que atua em Jundiaí – foi convidado a integrar o grupo responsável por uma nova exposição no museu dedicado a Freud, em Příbor, na atual República Tcheca. O lançamento do livro será neste sábado(18), das 10h às 12h, na Biblioteca Municipal Professor Nelson Foot (Complexo Educacional e Cultural Argos — Av. Dr. Cavalcanti, 396, Centro, Jundiaí).

A obra entrelaça três biografias e apresenta – em linguagem acessível – um panorama sobre os elementos humanos e históricos que contribuíram para o nascimento da psicanálise. Ao mostrar como Freud assimilou valores, desejos e visões de mundo da mãe, do pai e de Breuer, o autor amplia a compreensão do que moldou sua genialidade – sem diminuí-la, mas situando-a. Um dos mitos que Schüller contesta é a imagem de Breuer como coadjuvante: ele teve papel decisivo tanto na formação intelectual quanto na prática clínica de Freud.
Josef Breuer, médico vienense respeitado e profundo conhecedor do sistema nervoso, foi um dos primeiros a defender publicamente a autorregulação como princípio natural do organismo – ideia que orientava seus estudos sobre o cérebro no fim da década de 1870, justamente quando Freud começava a se aproximar dele. Na visão de Schüller, muitos historiadores não notaram que essa aproximação coincidiu com esse período – ponto crucial para entender sua influência na psicanálise nascente.
“Outro ponto importante do livro toca o casamento dos pais de Freud”, diz Schüller. “Descobri um registro comercial que pode lançar luz sobre os motivos dessa união, em 1855. Com base nesse documento, ganha força a hipótese de que Jacob e Amalia não se conheceram em Viena, como se costuma dizer, mas se reencontraram.”
Sobre a influência familiar recebida por Freud, Schüller destaca que Amalia teve papel central ao transmitir ao filho um ideal de ambição e projeção cultural. Jacob, por sua vez, aparece como uma figura que ensinava – por gestos e princípios – a importância da adaptação e da firmeza diante das adversidades. “Essas qualidades foram absorvidas e replicadas por Freud ao longo da vida”, afirma o autor, especialista em Teoria Psicanalítica pela PUC-SP.
Curiosidade: esse livro traz para o centro do debate ainda, o importante ramo materno da família Freud – pouco conhecido e fundamental aos olhos do autor para compreendermos o desejo de conquista inerente à personalidade do famoso psicanalista. Além disso, Schüller explica o que Freud aprendeu e aperfeiçoou na interação de 15 anos com Breuer, gera uma versão para o rompimento dessa amizade que difere da que foi popularizada, contesta a ideia de que a catarse controlada clinicamente tenha surgido por sorte ou acaso e lança mão de registros – como certidões, cartas, recortes e dados de censos — para envolver o leitor e ilustrar uma pesquisa que pretende fomentar outras.
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