Memória não é INTELIGÊNCIA

MEMÓRIA

A primeira vez que ouvi esta assertiva foi com a professora Maria Inês Fini, que foi a presidente do INEP/MEC, órgão responsável pelas principais avaliações educacionais no nosso país, como o ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, implantado pela própria professora. Estes exames buscavam identificar os conhecimentos construídos pelos estudantes e não apenas as informações retidas temporariamente em suas memórias. Por isso a afirmação de que memória não é inteligência é tão significativa e relevante.

O senso comum faz esta confusão constantemente e alguns programas de perguntas e respostas na TV como o “Show do Milhão ou o filme “Quem quer ser um Milionário” reforçam essa ideia. À medida que os candidatos acertam e avançam tem-se a impressão que suas respostas refletem um grau de inteligência elevado, quando na realidade só mostram sua capacidade de memorização. O filme de 2008, que dá nome ao programa “Quem quer ser um Milionário”, estrelado por Dev Patel e se passa na Índia. Trata-se da história de um jovem muito pobre que prestava serviços domésticos e por uma série de acasos chega ao programa. Cada pergunta que acerta até chegar ao milhão refere-se a situações por ele vivida e armazenadas em sua memória. Nenhuma resposta exigia raciocínio efetivamente.

Esta supervalorização da memória é amplamente explorada na escola tradicional em inúmeras disciplinas, nos vestibulares e em tantas avaliações e exames. Decorar coisas acaba sendo o principal mecanismo de estudo e o resultado das provas reflete exatamente isso. As mesmas provas aplicadas aos estudantes de alto desempenho depois de algum tempo apresentam resultados absolutamente diferentes, para pior, quando a memória, que felizmente é seletiva, não apresenta os mesmos níveis de retenção. Isto ocorre, principalmente, pela quase absoluta irrelevância para o desenvolvimento da vida desses estudantes das informações decoradas.

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As dificuldades de muitos alunos nas disciplinas das áreas de exatas estão na necessidade de desenvolver um raciocínio lógico em contraposição à simples retenção de memória. Como decorar não responde às exigências do raciocínio a aprendizagem se torna mais difícil. As metodologias passivas de apresentar conteúdos não são suficientes quando há necessidade de efetuar cálculos ou resolver problemas. Evidentemente uma boa memória ajuda muito a aprender, assim como uma boa estruturação cognitiva.

Essa correlação entre memória e inteligência é fundamental no processo de aprendizagem, mas não devem ser confundidas, pois atuam apenas de maneira complementar. É indispensável que se tenha clareza das funções de cada uma para um bom desenvolvimento de quaisquer processos educativos.(Foto: filme “Quem quer ser um Milionário”/Divulgação)

FERNANDO LEME DO PRADO

É educador

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