Memória SELETIVA. Ou será memória conveniente?

Se existe um assunto que provoca conflito nos relacionamentos, esse assunto é a memória. A mulher diz que o homem esquece tudo, ou só o que lhe interessa, enquanto o homem diz que ela não esquece nada! O que há de verdade nisso? Ou é tudo exagero dos parceiros? Existe memória seletiva ou seria ela conveniente?

Para ilustrar, peço licença para registrar uma história contada por minha mãe, membro da Academia Guarulhense de Letras e que, em dia de reunião mensal, costumava dar carona para um escritor amigo, verdadeira lenda cuja idade, beirava aos 90 anos, assim traduzida:

Ia buscá-lo em casa e levá-lo de volta. Certo dia anunciei a chegada e aguardei a sua aparição, notando, principalmente, que ele se mantinha calado, soturno, comportamento contrário ao que eu conhecia. Intrigada, perguntei: aconteceu alguma coisa? Eu posso ajudá-lo? Ele respirou fundo e respondeu: minha mulher está chateada comigo, pois eu esqueci o dia do seu aniversário, você acredita? Retruquei: mas, doutor, o senhor tem uma cabeça privilegiada, se lembra de fatos históricos contando-os com detalhes e minúcias, além de lembrar tantas outras coisas de relevância, como se esqueceu do aniversário dela? O senhor está casado há mais de 50 anos, não são 50 dias, justifique. E o amigo que se mantinha calado se pôs a explicar: pois é, Teresinha, o erro foi meu de ser demasiadamente sincero, pois, confessei para a Virgínia um segredo de Estado: “Minha cabeça é boa porque eu não a ocupo com bobagens”. Dito isto, o caldo entornou ante a resposta indignada: Então o meu aniversário é bobagem? O silêncio respondeu por mim, não dava mais para consertar. O final de semana estava acabado.

Por causa dessa e muitas outras histórias reais, minha mãe pediu-me que desse uma explicação simples a respeito da memória. Aqui está então.

O termo “Memória Seletiva” foi, primeiramente, usado por Freud em 1899, não com esse nome, mas, como “amnésia infantil” ou “amnésia da infância” para explicar o porquê de muitos adultos não se lembrarem de alguns eventos traumáticos de sua infância, principalmente, aqueles que envolviam abusos. Freud alegava que essa amnésia ou seleção do que lembrar era inconsciente, uma forma de proteger o indivíduo em sua formação, garantindo a normalidade através do bloqueio de lembranças desagradáveis.

Podemos afirmar que a maioria das pessoas é capaz de guardar, aproximadamente, sete fragmentos de informações numa única experiência isolada, ao passo que, se uma lista maior for memorizada imediatamente depois, a capacidade de lembrar a primeira fica perdida.

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Esse fenômeno deu origem à noção de um mecanismo da memoria em pelo menos dois estágios, nos quais, os primeiros itens são armazenados numa memoria “imediata”, de onde alguns deles são transferidos para um receptáculo mais permanente.

Um bom exemplo de memória imediata é quando procuramos e discamos um número de telefone do qual não esperamos voltar a ligar novamente. Em virtude de alguma afortunada previsão da evolução, a maioria das pessoas é capaz de reter os oito ou nove algarismos necessários durante tempo suficiente para discá-los, contanto que sua atenção não seja distraída e, logo depois de usado, o número é esquecido e novos números podem ser guardados na memoria imediata com pouca interferência dos anteriores.

Curiosamente, se um mesmo número é armazenado na memória imediata em diversas ocasiões isoladas, este número será lembrado mais tarde com maior facilidade que outros apresentados pela primeira vez.

Uma vez exercitado e evocado algumas vezes, ligado a um nome, ambos serão recuperados como se fossem uma unidade e, a cada lembrança, o elo se tornará mais forte e lentamente será consolidado em outra região cerebral, onde ficam as memórias permanentes.

Mesmo depois de ter sido transferida para o devido armazenamento, a longo prazo, a informação continua vulnerável à interferência da adição de novo material semelhante ao anterior.

As questões da memória são tão interessantes e diferentes entre homens e mulheres, que algumas pessoas podem se sentir tentadas a falar sobre superioridade de um sobre o outro. Não eu, claro!

Além das diferenças anatômicas externas e dos caracteres sexuais primários e secundários, os cientistas sabem que existem várias outras diferenças sutis na maneira pela qual os cérebros dos homens e das mulheres processam a linguagem, as informações, as emoções, o conhecimento, entre outros.

Ao realizar tarefas como calcular tempo, estimar a velocidade de objetos, praticar cálculos mentais, se orientar no espaço entre outros, homens e mulheres se diferenciam grandemente, inclusive, para o processamento da linguagem.

As mulheres levam vantagem sobre os homens em relações humanas, em reconhecer aspectos emocionais nas outras pessoas e na linguagem, na expressão emocional e artística, na apreciação estética, na linguagem verbal e na execução de tarefas detalhadas e pré-planejadas.

Exemplo: as mulheres são melhores que os homens em lembrar listas de palavras ou parágrafos completos.

Nós fazemos listas mentais detalhadas do que gostamos e do que não gostamos, caso você caia na segunda lista, jamais sairá de lá, por que ela NUNCA se esquecerá das razões que o colocaram ali. Percebeu o tamanho do problema?

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Alguns exames físicos conduzidos pela equipe do Dr. Godfrey Pearlson, em 1995, demonstraram que áreas distintas nos lobos frontais e temporais relacionados à linguagem (conhecidos como áreas de Broca e Wernicke, em homenagem a seus descobridores) são significativamente, maiores nas mulheres, fornecendo um motivo biológico para a notória superioridade mental delas, relacionada à linguagem.

Desta forma, não podemos culpá-los por não acompanhar o ritmo das nossas conversas, em diversos assuntos e direções.

Um fato que pode ser considerado, no quesito memória masculina, é a desatenção às nossas necessidades de comunicação. Eles têm caixinhas cerebrais específicas para cada assunto, enquanto as mulheres não, isso quer dizer que numa conversa sobre o que fazer para o jantar, ainda podemos discutir a relação e os problemas sociais políticos no Brasil e no mundo, dentre outros assuntos, isto confunde a mente despreparada masculina e para se proteger de danos, eles diminuem a atenção.

Não é possível reavivar uma informação, se ela não foi devidamente arquivada. Para que o ser humano possa reter na memória determinada informação, é necessário que sua atenção esteja voltada para isso. Sem atenção, não há qualquer possibilidade de se guardar um fato e, sem guardá-lo, não há como recuperá-lo depois.

Podemos concluir que, de forma geral, os homens consideram a maior parte de nossos assuntos simultâneos, confusos e difíceis de acompanhar, então diminuem a atenção, o que faz com que seu poder de armazenamento fique prejudicado, detonando algumas brigas quando a mulher pergunta, depois de uma hora de conversa: Entendeu? E ele responde: O que?

Dica para eles: nunca discuta com uma mulher, elas tem 320 GB de memória e jogarão na sua cara, algo que fez em 1862. Para evitar brigas, tente manter expressão de inteligente e responda: Ah! Eu lembro! E na sequência vá se informar sobre o assunto. Depressa! (foto principal: cursoestudomemorizacao.com.br)


SELETIVAELAINE FRANCESCONI

Bacharel em Zootecnia (UNESP Botucatu). Licenciatura em Biologia (Claretiano Campinas). Mestrado (USP Piracicaba) e doutorado (UNICAMP Campinas) em Fisiologia Humana. Professora Universitária e escritora