MENORES pelas ruas

menores

Li uma matéria do jornalista Felipe Souza, da BBC News Brasil em São Paulo, em 13 de setembro, que me assombrou. De 2007 a 2022, o número de menores de idade vivendo nas ruas de São Paulo passou de 1842 para 3759, de acordo com o Censo das Crianças em Situação de Rua. Segundo o Censo, 760 crianças e adolescentes vivem sozinhas nas ruas. Outras 423 estão acompanhadas de outras crianças e 1566 são acompanhadas de pais ou responsáveis. O aumento foi de 104%.

Conforme as pessoas ouvidas pela reportagem, os principais motivos para isso são crimes, prisões, mortes, abandono ou fuga de casa.

Segundo o secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Carlos Bezerra, a intenção do censo é “ter dados que possibilitem a destinação de políticas públicas para regiões prioritárias e de acordo com a necessidade de cada uma”. Para ele a crise econômica causada pela pandemia fez com que houvesse mais famílias na ruas e isso tem um impacto direto no aumento do número de menores em situação de rua, sejam acompanhadas ou desacompanhadas. Falou também sobre as pessoas vindas de todas as partes do país em busca de emprego.

Especialistas entrevistados pela reportagem afirmam que os menores “sozinhos, sofrem pressões para usar droga e entrar para o mundo do crime”.

Isso acontece também na periferia de outras cidades. Crianças e adolescentes, sem um adulto em casa no contraturno escolar, em condição de miséria, aderem à convivência nas ruas,vielas, onde também se encontram com o mundo do crime. Muitas vezes, a mãe é a única provedora da casa. Não tem como pagar ou onde deixar os filhos. Muitos acabam “trabalhando” de aviõezinhos do tráfico. Vem a evasão escolar. Que doloroso! E as meninas, mal despertam para a puberdade, são observadas por “olheiros” para casas de prostituição. Isso sem falar no abuso sexual infantojuvenil.

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E saber que toda a criança deseja um burrinho como o do poema “O Menino Azul” de Cecília Meireles:

O menino quer um burrinho/ para passear. /Um burrinho manso, /que não corra nem pule, /mas que saiba conversar.

O menino quer um burrinho/que saiba dizer/ o nome dos rios, / das montanhas, das flores, / — de tudo o que aparecer.

O menino quer um burrinho/ que saiba inventar histórias bonitas/ com pessoas e bichos/ e com barquinhos no mar.

E os dois sairão pelo mundo/ que é como um jardim/ apenas mais largo
e talvez mais comprido que que não tenha fim
.

(Quem souber de um burrinho desses, / pode escrever/ para a Ruas das Casas, / Número das Portas, / ao Menino Azul que não sabe ler.)

Ah, se fosse possível construir, para todas as crianças, um mundo como um jardim!(Foto: camarasjc.sp.gov.br)

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE

Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de risco.

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