Mestranda de Jundiaí sofre ataques TRANSFÓBICOS nas redes

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A campanha com conteúdo transfóbico se tornou viral após os disparos em grupos de seguidores do PL. O deputado Nikolas Ferreira, o vereador Rubinho Neves, de São Paulo, e outros, como Antônio Carlos Albino, ex-vereador e candidato derrotado a vice-prefeito de Jundiaí, foram alguns dos que postaram e serão processados por bullying e apropriação intelectual indevida. Albino usou foto dela nas críticas que fez à apresentação da acadêmica-artista, já em clara campanha eleitoral antecipada.

São ataques e xingamentos direcionados à mestranda, a maioria sem entender o contexto da performance, simplesmente destilando ódio contra tudo, inclusive sua aparência, sua roupa. Muitos entraram em um campo ainda mais sombrio, falando do Diabo no corpo e coisas do gênero. Já foi aberto Boletim de Ocorrência na Polícia Civil.

As publicações concentram milhares de comentários que também questionam a validade da produção artística e o papel da universidade pública, além de incitações que indicam ser “falta de surra na infância”, pedindo “chama o pastor” e assim por diante. Teve até psicólogo que será acionado no CRP, o conselho de ética da categoria, ironizando a performance e, ao mesmo tempo, desqualificando o trabalho dos CAPS – Centro de Atendimento Psicossocial mantido pelo SUS.

No último dia 8, a Universidade de Campinas divulgou nota de repúdio aos ataques à Fetú. O documento afirma que “a Direção do Instituto de Artes da UNICAMP repudia veementemente os ataques virtuais e a campanha de difamação dirigidos a um membro do nosso corpo discente de pós-graduação, em decorrência da divulgação de sua pesquisa acadêmico-artística. A descontextualização do trabalho e a incitação à violência são práticas inaceitáveis. O Instituto de Artes se posiciona de forma irrestrita em defesa da arte, da ciência e da universidade pública como espaços de conhecimento e livre expressão. Manifestamos total solidariedade com a vítima desses ataques”.

A Reitoria da PUC-RS informou ter convocado a comissão organizadora do congresso para uma reunião, mas ainda não divulgou nenhuma nota, se omitindo. Contudo, um clima de comoção fez com que muitas mensagens de apoio e manifestos fossem direcionados à Fetú, que faz pesquisa de mestrado em Artes da Cena, orientada pela professora doutora Marisa Lambert.

Fetú explica: “A comunicação foi realizada dentro de um simpósio temático e teve recepção muito positiva de pesquisadores. Não costumo publicar vídeos nas minhas redes sociais, porém a própria organização do congresso me encorajou a compartilhar o registro, manifestando interesse na veiculação do material, tanto que o perfil do congresso compartilhou o registro em um Story. Os primeiros comentários de ódio foram excluídos pela mestranda, mas, com o aumento desproporcional do movimento de agressões verbais, ela passou a registrá-los em capturas e gravação de tela. “Vi incontáveis publicações do meu vídeo em outros perfis sem minha autorização, o que é crime. Todos serão denunciados”, disse a mestranda.

Rubinho Neves, que divulgou fake news contra o padre Julio Lancelotti e cometeu aporofobia (medo ou rejeição aos pobres), por exemplo, publicou no seu perfil da rede X (antigo Twitter) o vídeo com a legenda “Tudo isso na PUC-RS. Às vezes, o que falta é um emprego e um CAPS!”. A partir daí, a veiculação do vídeo saiu completamente de controle, principalmente numa rede social como o X, ainda menos regulamentada do que o Instagram ou Facebook.

Diversos perfis declaradamente de direita, incluindo um story do deputado Nikolas Ferreira, estão compartilhando o conteúdo e sugerindo que Fetú realiza seu trabalho sob o efeito de entorpecentes, evidenciando o desconhecimento e o preconceito absolutos dessa população em relação às artes e à pesquisa acadêmica em artes.

Segundo Fetú, “estou me sentindo assustade e desamparade com a repercussão do conteúdo de maneira descontextualizada e com caráter vexatório, considerando que minha imagem está sendo desenfreadamente veiculada e minha propriedade intelectual, desrespeitada. Não podemos permitir que a produção artística e a pesquisa acadêmica em artes sejam deslegitimadas e transformadas em alvo de campanhas de ódio, censura e desinformação. A autonomia de pesquisa, princípio fundamental da universidade pública, está sendo diretamente ameaçada. A forma como o meu trabalho vem sendo tratado publicamente coloca em risco não apenas a minha integridade física e emocional, mas também a de pesquisadories e artistas que se dedicam a investigações que desafiam normas, convenções e estruturas de poder”, comentou a mestranda.

Bullying, mesmo que virtual, e apropriação intelectual são crimes. Distintos, mas ambos são atos desleais e nos quais cabem ações judiciais. No bullying virtual, o agressor se esconde atrás de uma tela de celular ou computador para ridicularizar e humilhar outros. Já a questão de apropriação intelectual é, na verdade, um roubo de ideias e bens de outra pessoa.

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