Afinal, o que é pele? Há muita confusão ao conceituar a pele. Ainda. Antigamente ela era considerada um tecido, hoje, com o atual conhecimento adquirido, foi elevada ao patamar de órgão. Vamos entender quando, como e por que devo tratá-la.
A pele é formada por duas camadas principais, a epiderme e a derme, que, por sua vez, são formadas por tecidos diferentes. Assim sendo, é um órgão, porque é formada por mais de um tecido.
São duas camadas de tecidos sobrepostas, uma mais externa (epiderme) e uma mais interna (derme). Na epiderme, encontramos tecido do tipo epitelial, formado principalmente, por células denominadas de queratinócitos. É nessa camada que encontramos as células responsáveis pela produção da melanina, pigmento que dá cor à pele e protege o organismo contra os raios solares.
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Já, na camada inferior, encontramos a derme que é formada por tecido conjuntivo. Essa camada é responsável por garantir elasticidade à pele, além de ser o local onde estão presentes o sistema nervoso e circulatório, folículos pilosos e glândulas.
Abaixo da derme está a hipoderme, um tecido que não faz parte da pele, mas, garante que a derme se fixe em órgãos fazendo com que a pele deslize, mais facilmente, na superfície que lhe serve de apoio. A hipoderme é formada por tecido conjuntivo frouxo.
Uma característica impressionante: a pele é o mais extenso órgão do nosso corpo. Estudos revelam que 15% do nosso peso corporal advêm da pele. Em adultos, pode pesar até 10 kg.
Mas, por que esse assunto agora? Porque a maior parte dos tratamentos estéticos que envolvem, principalmente, a pele do rosto, sugere-se que se faça no inverno, que por acaso, está indo embora.
Atualmente, essa prerrogativa não afeta tanto o direcionamento dos tratamentos estéticos. A premissa de que se deve evitar exposição excessiva ao sol ainda existe, porém, os tratamentos evoluíram muito, a ponto de permitir realizá-los a qualquer época do ano.
Então, quando devo tratar a pele?
Considerando que envelhecemos desde o dia em que nascemos e que todas as bobagens que fazemos em nossa pele, certamente, aparecerão anos depois, na forma de manchas e envelhecimento, eu diria: quanto antes, melhor.
São tantos fatores atacando a nossa pele e tão pouco fazemos para evita-los que, inexoravelmente, herdaremos a pele que cultivamos no passado. Ação e reação. Simples assim.
Bem, para começar, o tratamento da pele começa dentro do corpo: o que comemos, respiramos e bebemos influencia, diretamente, a qualidade da nossa pele. Aumente a produção de radicais livres e bum! Sua pele se ressentirá.
Os radicais livres são grupos instáveis de átomos que têm alguns de seus elétrons desemparelhados. Tais elétrons, pelo fato de não estabelecerem ligações, passam a circular pelo corpo em busca de outras moléculas para se unirem, originando o nome: “radicais livres”.
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Nos seres vivos, assim como nos humanos, os radicais livres são resultantes da queima do oxigênio pelas células, processo denominado respiração celular. De todo o oxigênio que respiramos, 95% será usado para produzir a energia necessária para a vida, os 5% restantes serão transformados em radicais livres, portanto, são gerados através do próprio metabolismo celular. Algumas situações provocam seu aumento, o que pode levar a danos relevantes, dentre eles, o envelhecimento precoce, doenças cardíacas e alguns tipos de cânceres.
Seja bem, não é possível impedir a formação de radicais livres, pois, precisamos respirar para viver, embora possamos diminuir a produção e, posteriormente, seu estrago permanente, evitando situações que provocam grande aumento produtivo.
Algumas atitudes anti-radicais livres: banir o uso de cigarro, drogas e álcool, evitar o contato com substâncias tóxicas, tais como, fuligem, defensivos agrícolas e certos solventes industriais; reduzir a ingestão de alimentos de origem animal, especialmente, os industrializados; evitar longa exposição ao sol, fugir de estresse físico e psicológico, e, essencialmente, adotar uma alimentação rica em antioxidantes (substâncias naturais, doadoras dos elétrons que os radicais livres buscam).
Alguns antioxidantes muito úteis no combate aos radicais livres são:
Vitamina C: ingerindo ou em tratamentos estéticos é uma grande aliada no combate aos radicais livres. Na alimentação é indispensável para uma boa absorção do ferro pelo organismo, auxilia os processos de defesa (sistema imunológico), além de contribuir para a formação de ossos e dentes, enquanto participa da biossíntese do colágeno. É encontrada nas frutas cítricas, mamão, melão, morango, acerola, couve, brócolis, ervilhas dentre outros.
Beta-caroteno: é o precursor da vitamina A, também conhecida como retinol e na estética utilizada em peelings (ácido retinóico) sobre a pele, promovendo a renovação e o clareamento. Na dieta, traz benefícios à visão, aumenta a imunidade do corpo, confere elasticidade à pele, melhora a saúde e a aparência dos cabelos, pele e unhas, auxilia na formação da melanina. Cenoura, mamão, beterraba, manga e abóbora são exemplos de alimentos ricos em betacaroteno.
Vitamina E: beneficia o sistema circulatório, regenera o tecido (porisso é encontrada em pomadas contra assaduras, comumente, associadas à vitamina A), atua no combate de doenças cardíacas e cânceres, aumenta a resistência imunológica do organismo, é essencial para o bom funcionamento do tecido muscular, além de ser necessária à produção de células sexuais. Pode ser encontrada em alimentos como: sementes de girassol, amêndoas, alface, espinafre, agrião, couve, ovos, germe de trigo, nozes, manteiga, amendoim, linhaça, etc…
Flavonóides (bioflavonóides): possui ação anti-inflamatória, anti-hemorrágica e anti-alérgica, combatem o desenvolvimento de célula cancerígenas, contribuem para a absorção da vitamina C, aumentam a resistência capilar, além de impedir o surgimento de doenças do coração devido às suas propriedades antioxidantes. Alimentos como frutas cítricas, cacau, cebola, salsa, frutas vermelhas, chás de ervas, vinho tinto e mel, são importantes fontes de flavonoides.
Atenção à dieta e aos tratamentos estéticos: eles devem estar de acordo com o seu tipo de pele. Principalmente, os tratamentos estéticos, pois, as vitaminas são essenciais para uma dieta equilibrada, o exagero é que pode causar problemas, por isso, opte sempre pelo alimento, deixando os suplementos para necessidades reais, determinada por um profissional competente.
O segredo para diminuir a formação dos radicais livres e aumentar a quantidade de antioxidantes, é consumir, todos os dias, alguns alimentos e nutrientes com o potencial de combater a formação desses radicais.
É uma balança: aumente os fatores bons e diminua os ruins!!!
Pesquisadores da USDA Nutrition Center na TuftsUniversity, em Boston, testaram alguns alimentos, quanto à sua capacidade antioxidante in vitro. E é aí que reside o problema: não descobriram como testar seu poder no corpo humano. Segue abaixo a lista dos alimentos testados e a posição, considerando o seu poder oxidante:
Além disso, exercícios moderados e muita água, sempre são bem vindos para a saúde da pele.
E quem pensa que amor deixa a pele mais bonita, brilhante e lisa, está, totalmente, enganado. Quem deixa você assim é uma dieta equilibrada, bons produtos cosméticos e com certeza o photoshop.
Há algum tempo, enquanto assistia ao programa da Elen Degeneres, ouvi uma informação que me marcou profundamente: “Beleza é estar confortável em sua própria pele. É conhecer e aceitar quem você é”. Eu acrescentaria: e nada impede de buscar por uma versão melhorada de você mesmo, desde que não incessantemente, caso contrário, não seria uma versão melhor que deseja, mas, alguém diferente de você. (foto acima: hypescience.com)
ELAINE FRANCESCONI
Bacharel em Zootecnia (UNESP Botucatu). Licenciatura em Biologia (Claretiano Campinas). Mestrado (USP Piracicaba) e doutorado (UNICAMP Campinas) em Fisiologia Humana. Professora Universitária e escritora
