111 MORTOS

mortos

O impacto na opinião pública é devastador. Ninguém sabe exatamente quantos foram mortos na ação da Polícia Militar. Os jornais publicam números diferentes, o que alimenta ainda mais as versões que correm no boca a boca. Os canais de televisão mandam repórteres para os institutos médicos espalhados pela cidade em busca de número e causa da morte dos que para lá foram levados. Os grupos de direitos humanos também se movimentam e partem para acusações contra o governador e o secretário de segurança pública e usam os termos como massacre, genocídio, morticínio, execução em massa e por aí vai. Rádios e televisão com links no local das mortes, reportagens ao vivo e cada um faz sua narrativa em cima de suposições e vazamentos de policiais militares.

O povo se divide entre os que apoiam a ação da PM e os que a reprovam. Há quem se lembre do ditado usado em uma campanha eleitoral para o governo estadual que dizia que “bandido bom é bandido morto”. Segurança pública é um tema presente em todas as campanhas eleitorais da Câmara de Vereadores à presidência da República.

É comum as pessoas dizerem que não se sentem seguras, que não podem sair na rua, nem usar o transporte público sem serem assaltados. O número de estupros é imenso. O noticiário policial está sempre recheado de histórias horripilantes, como as chacinas praticadas por facções criminosas rivais, geralmente disputando territórios de venda de drogas. A população cobra ação enérgica do governo e não quer saber de desculpas.

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A segurança pública é a bola da vez. Os governadores são os responsáveis por ela. A ação da PM no presídio faz parte do programa de governo prometido pelo candidato vencedor. Há uma rebelião em um dos pavimentos da prisão. O governador chama o secretário de segurança e exige uma ação imediata. No dia seguinte, há eleição para a prefeitura da capital e isso não pode ser usado pela oposição. A Polícia Militar invade o complexo penitenciário do Carandiru, no norte da cidade de São Paulo. Os jornalões, no dia seguinte, publicam que morreram oito ou 12 detentos. Às seis da manhã, de 2 de outubro de 1992, o jornalista Cid Barbosa chega na redação da CBN com uma bomba. No IML central há dezenas de mortos, confirmado logo depois por uma fonte da própria polícia. Total: 111 mortos a tiros.(Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

HERÓDOTO BARBEIRO

Heródoto Barbeiro é jornalista do Record News, R7 e Nova Brasil (89.7), além de autor de vários livros de sucesso, tanto destinados ao ensino de História, como para as áreas de jornalismo, mídia training e budismo. Apresentou o Roda Viva da TV Cultura e o Jornal da CBN. Mestre em História pela USP e inscrito na OAB. Acompanhe-o por seu canal no YouTube “Por dentro da Máquina”

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